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Amor Fati de Cláudia Varejão em competição internacional no Visions du Réel
AMOR FATI, de Cláudia Varejão, terá a sua estreia mundial na Competição Internacional no festival suíço, Visions du Réel, que se realiza entre 17 de abril e 2 de maio.
Depois de ter estreado o seu filme anterior, AMA-SAN, no mesmo festival (que levou a uma larga circulação por festivais, salas de cinema e televisões por todo o mundo), a realizadora regressa a esta 50ª edição que terá uma inovadora versão online.
Esta estratégia garante o respeito por todas os constrangimentos a que a crise que se vive obriga, mas sem deixar de partilhar um programa diverso e global, refletindo a produtividade do cinema mundial. O filme [retrato íntimo de pares e grupos de pessoas (e animais) que partilham a vida] garante não só uma reputada janela de estreia como expressa a solidariedade da realizadora e da TERRATREME Filmes (assim como os coprodutores internacionais, Mira Films na Suíça e La Belle Affaire em França) neste momento excecional que obriga a uma reformulação do panorama da programação e da exibição cinematográfica.
Esta exibição online está limitada ao território suíço e o filme deverá estrear em Portugal assim que estejam reunidas as condições necessárias.
AMOR FATI
SINOPSE
Amor Fati vai ao encontro de partes que se completam. São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos. A partir dos seus rostos e da coreografia dos gestos, descobrimos a história que os enlaça. Assente na vida quotidiana, o filme desenha diante dos nossos olhos um coro de afectos e da memória colectiva de um país, convocado o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão: “Não será a isto que vocês aspiram - a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que, em vez de dois, passem a ser um só.”
NOTA DE INTENÇÕES
Aristófanes, no seu discurso no Banquete, apresenta-nos uma visão singular sobre o amor: na origem do ser humano estará um corpo uno, com quatro pernas, quatro braços e dois rostos. Esses seres eram de raiz seguros e invencíveis, ao ponto de desafiarem os deuses e tentarem ascender aos céus. Zeus, preocupado e inflexível, retaliou a ousadia ao lançar um raio que os dividiu em metades: para cada lado ficaram novos seres com duas pernas, dois braços, um rosto e um sexo. Desde esse dia, em terra, as metades procuram sem cessar, umas pelas outras.
Amor Fati propõe irmos ao encontro dessas metades que, hoje, voltaram a convergir, como se fossem elementos químicos atraídos na mesma direcção. O instante presente é um fatum onde as partes se fundem sem se deixarem tomar pela razão: pertencem-se em por intuição. Não desejam ocupar outro lugar, outro futuro, outro passado. Desejam ascender, juntos - e de novo -, ao encontro de Zeus. Mas desengane-se aquele que pensa que o olhar de Aristófanes convocava apenas o desejo do (re)encontro entre corpos. Talvez ele nos falasse, sobretudo, da ausência enquanto condição vital e do caminho que é necessário percorrermos a sós. O desencontro é a base incessante do encontro.
Durante dois anos procurei, em Portugal de norte a sul, por histórias de amores inabaláveis que se expressavam, à primeira vista, em fisionomias semelhantes. Encontrei-me com centenas de pares e de grupos que viviam, no momento presente, histórias de enlace raro. Filmei sem saber ao certo a linha narrativa que os poderia vir a unir e só mais tarde, chegada à montagem, coloquei-os lado a lado, na esperança de que as rimas e as delicadezas do acaso emergissem. As vidas de uns ecoaram nas vidas de outros. E as conquistas de uns preencheram os lugares vazios de outros. O filme nasceu desse processo de busca, também ele à procura de uma parte em falta.
CLÁUDIA VAREJÃO
Cláudia Varejão nasceu no Porto e estudou realização no Programa de Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a German Film und Fernsehakademie Berlin e na Academia Internacional de Cinema de São Paulo. Estudou ainda fotografia no AR.CO Centro de Arte e Comunicação Visual em Lisboa. É autora da triologia de curtas-metragens Fim-de-semana, Um dia Frio e Luz da Manhã. Ama-San, retrato de mergulhadoras japonesas, foi a sua estreia nas longas metragens, recebendo dezenas de prémios em todo o mundo, seguindo-se No Escuro Do Cinema Descalço Os Sapatos, filme que acompanha a intimidade de um grupo de bailarinos de uma companhia de dança. Amor Fati é o seu mais recente filme com estreia prevista para 2020 e Lobo e Cão, em fase de preparação, devolverá novamente o seu olhar à ficção. Os seus filmes têm sido selecionados e premiados pelos mais prestigiados festivais de cinema, passando por Locarno, Roterdão, Visions du Reel, Cinema du Reel, Karlovy Vary, Art of the real - Lincoln Center, entre muitos outros. A par do seu trabalho como realizadora desenvolve um percurso como fotógrafa e é professora convidada no AR.CO e na Universidade Católica do Porto. O seu trabalho, tanto no cinema como na fotografia, documentário ou ficção, vive da estreita proximidade com os seus retratados.
com ANA CARVALHO LUCINDA PILOTO ANTÓNIA GARCIA SAMIRA GARCIA EMMANUEL AMIGO NARINÉ DELLALIAN MARINA DELLALYAN HERMINE DELLALYAN LEVON MOURADIAN ANNA MOURADIAN ARTUR MOURADIAN VIGO MARGARIAN MICHAEL MARGARIAN OSVALDO MATOS NEWTON JOÃO PACOLA NIX ÉTER RINGO NOGUEIRA CARLA MONTEIRO ANÍSIO FRANCO MARGARIDA DE SOUSA PEREIRA ALZIRA DE SOUSA PEREIRA SIMÃO TELLES GIANNI INÊS MELO E CAMPOS TERESA MELO E CAMPOS JONITA GAIVOTA DUARTE LOPES SETEMBRO ADELINO ÂNGELO LA-SALETT MAGALHÃES ANTÓNIO CONCEIÇÃO FÁTIMA CONCEIÇÃO MARIA AMARAL ROBERTO AMARAL LUCIA ESTRELA LILIANA PENACHO DORA CASQUINHA LUCIA CASQUINHA ZEZÉ CORDEIRO MARIA SALOMÉ ALVARENGA JOSÉ LUÍS MESQUITA JOSÉ INÁCIO CARLOS SANTOS KIKA PAULO LAGARTO JULIETA
realização e fotografia CLÁUDIA VAREJÃO som CLÁUDIA VAREJÃO TAKASHI SUGIMOTO ADRIANA BOLITO montagem JOÃO BRAZ CLÁUDIA VAREJÃO montagem de som ELSA FERREIRA desenho de som DANIEL ALMADA ELSA FERREIRA mistura de som HUGO LEITÃO DANIEL ALMADA correcção de cor PAULO AMÉRICO design ilhas produção TERRATREME FILMES coprodução MIRA FILM LA BELLE AFFAIRE produtores JOÃO MATOS VADIM JENDREYKO JÉRÔME BLESSON