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Museu do Oriente: Cultivar corpo e mente sem sair de casa
O distanciamento social e a ausência de interação regular com o exterior não devem ser impeditivos de continuarmos a cultivar corpo e mente.
Para fortalecer a auto-estima, o humor e o bem-estar geral, o Museu do Oriente sugere três atividades, para realizar num momento a sós ou partilhar em família.
Aproveitar esta ocasião para sermos mais auto-suficientes na produção dos nossos próprios cosméticos é a sugestão de Dulce Mourato, formadora de bio-cosmética com plantas de ayurveda no Museu do Oriente.
A autora do livro “Cosmética Natural” ensina a fazer uma máscara facial purificadora com argila verde, hidrolato de hortelã-pimenta, óleos essenciais e vitamina E. Basta aplicar com um pincel, evitando a zona dos olhos e deixar atuar durante 10 minutos. Para retirar, lavar com água tépida.
Após a ação abrasiva da máscara, Dulce Mourato recomenda fazer um arrefecimento à pele, seguindo-se a aplicação de um tónico à base de ácido hialurónico, e creme hidratante. Um pequeno ritual de beleza natural e bem-estar que vai deixar a pele radiante.
Construir uma máscara a partir de uma caixa de cereais, é a proposta para entreter os mais novos nos próximos dias. Muito para além da vertente lúdica que lhes reconhecemos no Ocidente, as máscaras, na Ásia, cumprem importantes funções simbólicas em cultos e rituais religiosos para espantar o mal, ou atrair a sorte e prosperidade. E o acervo do Museu do Oriente integra, na coleção Kwok On, um impressionante conjunto de máscaras de toda a Ásia.
Inspirando-se numa peça do Museu, a Chandrabhaga, usada nas representações do Chhau, teatro dançado com máscaras de Seraikala (Estado de Bihar, Índia), desafiam-se crianças de todas as idades a usar a sua criatividade para a representar.
O teatro Chhau costuma ser representado durante o festival anual Chaitra Parva, nas festividades dedicadas ao ciclo agrícola que coincide com a transição da lua, do sol e das constelações. As máscaras representam deuses, personagens ou entidades cósmicas, em cenas originais, como a noite que dança com a lua, ou o sol que seduz Chandrabhaga, uma jovem rapariga.
A base para a construção da máscara é uma caixa de cereais vazia. Para a decoração podem ser usados desde restos de tecidos, lãs, fitas, papéis de todo o tipo e textura. Se puder, aproveite para utilizar embalagens vazias, jornais já lidos, sacos e panfletos publicitários destinados à reciclagem. Botões, purpurinas, tintas e marcadores são outras opções. Por fim, não esquecer cola e tesoura, lápis e borracha.
Eis como fazer (video explicativo):
1 - Instale a sua base de trabalho e reúna os materiais necessários.
2 - Abra a caixa e espalme-a. Selecione a face a utilizar para a base e recorte, mantendo as secções laterais (para as orelhas). Dica: Não deite fora o resto da caixa, será útil para criar elementos decorativos.
3- A lápis, desenhe o contorno do rosto e recorte em seguida.
4 - A lápis, marque o lugar dos olhos, nariz, boca e cabelo. Se pensa usar a máscara, tenha em atenção o posicionamento dos olhos e recorte os orifícios.
Dica: utilizando um molde, é mais fácil obter olhos com a mesma forma e tamanho
5 - Recorte, cole ou pinte os elementos, dando largas à sua imaginação e materiais ao seu dispor.
A Chandrabhaga do Museu é apenas um ponto de partida, deixe-se levar pelo processo! Dica: Para os elementos do toucado, use o que restou da caixa e recorte formas à sua escolha. Pode pintá-las ou revesti-las a tecido.
Por fim, uma sugestão de leitura que nos transporta para paisagens e culturas longínquas, no outro lado do mundo, pelas palavras de um apaixonado pela Ásia: Camilo Pessanha.
Considerado o expoente máximo do simbolismo em Portugal e autor de Clepsidra, Camilo Pessanha [Coimbra, 1867] muda-se para Macau em 1894 para lecionar Filosofia e exercer advocacia. Aí conhece Wenceslau de Moraes, com quem mantém uma amizade duradoura, mesmo após este se mudar para o Japão. Durante a sua estadia em Macau, onde haveria de morrer em 1926, Pessanha empreende estudos aprofundados sobre literatura e estética chinesas, aprende a língua, faz traduções e profere conferências. Fascinado pelos hábitos em extinção dos letrados e dos mandarins, a coleção de objectos que vai adquirindo ao longo dos anos é testemunho da sua admiração pelo universo dos eruditos chineses: álbuns de pintura, rolos de caligrafia, pedras de moer tinta, porta-pincéis, estatuetas e placas gravadas.
Com mais de duas centenas de objetos, Camilo Pessanha doou a sua coleção a Coimbra, sua terra natal, onde viria a integrar o acervo do Museu Nacional Machado de Castro. Algumas destas peças, em depósito no Museu do Oriente, podem ser vistas no núcleo dedicado ao Colecionismo, na exposição Presença Portuguesa na Ásia.
O Museu do Oriente convida a conhecer melhor a obra deste autor, na sua vertente de sinólogo. No site da Biblioteca Nacional de Portugal, pode ser consultada a cronologia detalhada da sua vida e obra, bem como manuscritos das suas traduções de lendas chinesas: http://purl.pt/14369/1/.
O Museu do Oriente vai coligir uma galeria de imagens de trabalhos do público, por isso, quem quiser partilhar o seu, basta marcar a publicação com @museudooriente ou enviar por mensagem privada para o Museu do Oriente (os trabalhos serão identificados apenas com primeiro nome e inicial do sobrenome, ou apenas iniciais dos autores).
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