"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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Assírio & Alvim reedita o Diário de coragem de Etty Hillesum

José Tolentino Mendonça assina o prefácio deste registo confessional da jovem holandesa.


«A 9 de Março de 1941, quando Esther (Etty) Hillesum começou a escrever, no primeiro dos oito cadernos de papel quadriculado, o texto que viria a ser o seu 
Diário, estava-se longe de pensar que começava aí uma das aventuras literárias e espirituais mais significativas do século. Ela tinha vinte e sete anos de idade e morreria sem ter feito trinta», conta José Tolentino Mendonça no prefácio da obra com tradução, a partir do neerlandês, de Maria Leonor Raven-Gomes e agora reeditada pela Assírio & Alvim.

Nestas páginas íntimas, encontramos reflexões apaixonadas sobre o amor puro, a paixão física, a religião, a vida, a morte e a literatura, bem como testemunhos da coragem, dos sonhos e da fé quase inabalável desta jovem intelectual holandesa que viria a falecer em Auschwitz três anos volvidos sobre a primeira linha nelas escrita. Nestas confissões há tristeza e desalento, mas, estranhamente, também «um humor leve e bailarino» que teima em não a abandonar. Há um crescendo no dramatismo e na urgência das suas ansiedades, que partem do pessoal para o coletivo, e do mais comezinho para o verdadeiramente excecional.

«Gostava de tactear com as pontas dos dedos os contornos desta época», admite a autora com aspirações a cronista. «Como é que alguma vez vou conseguir descrever tudo isto? Descrever de modo que outros também consigam sentir como na realidade a vida é bela, digna de ser vivida e justa, sim, justa», almeja numa das entradas finais deste seu diário, não obstante a sua existência estar já envolta em perseguição, medo e fragilidades.

«[…] Tenho de viver a minha vida tão bem e tão completa e convincentemente quanto possível até ao meu derradeiro suspiro, para que o que vem a seguir a mim não precise de começar de novo nem tenha as mesmas dificuldades.», recorda-se a si própria numa das passagens deste livro enriquecido com fotografias suas e das pessoas que marcaram a sua vida.

SOBRE O LIVRO
Diário
Título: Diário 1941-1943
Autor: Etty Hillesum
Tradução: Maria Leonor Raven-Gomes
N.º de Páginas: 344
PVP: 22,00€
Coleção: teofanias
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SOBRE A AUTORA

Etty Hillesum
Etty Hillesum (15 de janeiro de 1914 – 30 de novembro de 1943), nascida em Midelbugo (Países Baixos), foi autora de diários e cartas confessionais que descrevem o seu despertar espiritual e as perseguições aos judeus em Amesterdão durante a ocupação alemã. Originária de uma família judia, Etty estudou Direito e línguas eslavas na Universidade de Amesterdão. A obra de Rilke e de clássicos da literatura russa como Lérmontov, Tolstói e Dostoiésvski, assim como o pensamento de Santo Agostinho, tiveram grande influência no desenvolvimento do seu mundo interior. Em 1942, trabalhou como voluntária no campo de concentração de Westerbork e em setembro de 1943 foi deportada para Auschwitz, onde acabaria por morrer apenas dois meses volvidos, assim como vários membros da sua família. Os diários e as cartas de Etty Hillesum foram publicados pela primeira vez na Holanda em 1981 e traduzidos para dezenas de línguas. Em Deventer, onde residiu e o pai foi reitor no Liceu Municipal, existe um centro documental com o seu nome, que preserva a sua memória e a sua herança literária.
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