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Ficar em casa: três sugestões para a quarentena

Uma canção de Nick Cave, um quadro do Museu Nacional de Arte Antiga e milhares de histórias de "humanos" como nós: a arte está à distância de um clique para quem não pode sair de casa.
 

Nick Cave © Arquivo Global Imagens

 

Nick Cave não vem a Lisboa mas podemos sempre ouvi-lo
O músico "adiou" todas as datas da sua digressão, incluindo o concerto que daria na Altice Arena em Lisboa, a 19 de abril. No seu blogue, ele tentou explicar aos fãs: "Foram umas semanas muito estranhas, muita coisa aconteceu com todos nós e muitas decisões difíceis tiveram que ser tomadas. Lentamente, todos estamos a perceber que precisaremos ter uma vida muito diferente durante algum tempo - a curto prazo, a longo prazo, quem sabe? (...) Com grande tristeza, decidimos adiar a digressão do Reino Unido, Europa e Israel, naquela que me parece ser a única atitude responsável a tomar." Quando serão os concertos? Para já é impossível saber. Até lá, podemos matar saudades de Cave ouvindo a sua música. Por exemplo, aqui está ele com Kylie Minogue a cantar o clássico Where The Wild Roses Grow:



Uma descida ao "Inferno" no Museu de Arte Antiga

Apesar da distância, e porque "a arte é uma ponte que nos une", o Museu Nacional de Arte Antiga está a desvendar através da internet algumas da obras-primas do seu acervo. Em pequenos vídeos, publicados regulamente no Facebook do museu, os investigadores mostram as obras e falam um pouco sobre elas. Por exemplo, aqui está Anísio Franco, subdiretor do MNAA, a falar de "O Inferno" e a chamar-nos a atenção para alguns dos pormenores desta pintura do século XVI, de autor anónimo, que nos mostra o enorme caldeirão do inferno, para onde vão os pecadores após a morte, e os demónios, sarcásticos, a executar as penas. Como nos dias de hoje: nada como encarar os nossos medos para os podermos vencer.



Histórias de humanos como nós

"Humans of New York" começou como um projeto de fotografia de Brandon Stanton em 2010. O objetivo inicial era fotografar dez mil nova-iorquinos nas ruas e criar "um catálogo exaustivo dos habitantes da cidade". Mas a partir de certa altura, Brandon começou a entrevistar as pessoas que fotografava e a juntar aos retratos pequenas histórias, citações, resumos das suas vidas. E as histórias não pararam ao longo destes dez anos. Publicadas regularmente no site, no Facebook, no Instagram, no Twitter e até em livros, as histórias destes "Humanos de Nova Iorque" (que, de vez em quando dão lugar aos humanos de outros lugares do mundo), simples, contadas na primeira pessoas, são muitas vezes comoventes, como só a realidade sabe ser. A 15 de março, percebendo a importância da pandemia de coronavírus, Brandon iniciou uma nova série a que chamou "Histórias da Quarentena". Por agora, não vai fotografar para a rua mas está a recolher imagens e "histórias felizes" através do mail honybrandon@gmail.com. O resultado tem sido, como de costume, uma pequena maravilha.




por Maria João Caetano, in Diário de Notícias | 25 de março de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias


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