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Silvestre Pestana e Bartolomeu Costa Cabral distinguidos com os prémios AICA

Júri distinguiu o longo trajeto do artista Silvestre Pestana, que atravessa várias disciplinas, e atitude ética do arquiteto Bartolomeu Costa Cabral.

Biovirtual (1986), de Silvestre Pestana_Fundação de Serralves/Museum Of Contemporary Art Santa Bárbara


O artista Silvestre Pestana, uma das figuras mais radicais da arte contemporânea portuguesa, e o arquiteto Bartolomeu Costa Cabral, com mais de seis décadas de atividade, são os vencedores dos prémios AICA 2019, no valor de dez mil euros.

A Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte atribui anualmente dois prémios, nas modalidades de artes visuais e de arquitetura, em parceria com o Ministério da Cultura e a Fundação Millennium BCP. O júri, presidido por Ana Tostões, foi composto por Sandra Vieira Jürgens, Nuno Faria, Rui Mendes e Pedro Baía.

O arquiteto Bartolomeu Costa Cabral (Lisboa, 1929), que ao longo das últimas seis décadas projetou mais de uma centena de obras (entre as quais a Universidade da Beira Interior, na Covilhã), é por norma definido como autor de uma arquitetura simples, despojada, preocupada com a integração na paisagem, o uso de materiais naturais e a comunidade.

Essa “atitude ética” foi agora realçada pelo júri dos prémios AICA, que destacou também a sua postura “contracorrente baseada no trabalho sobre uma materialidade simultaneamente disciplinar e poética”. Bartolomeu Costa Cabral formou-se na Escola de Belas Artes de Lisboa (onde foi professor, tendo também lecionado no ISCTE) e iniciou a sua atividade, na década de 1950, no atelier de Nuno Teotónio Pereira, com o qual assinou o emblemático projeto do Bloco das Águas Livres, em Lisboa. Em 1969 criou o GTE, um atelier em parceria, e em 1973, o seu próprio espaço. Em 2019, o seu percurso profissional foi duplamente reconhecido com um exposição retrospetiva em Tomar, no Convento de Cristo, com A Ética das Coisas, e o acolhimento do seu espólio pela Fundação Marques da Silva.

Por sua vez, Silvestre Pestana (Funchal, 1949) é uma figura singular das artes portuguesas, com um longo trajeto que atravessa várias disciplinas, da poesia experimental ao multimédia e à performance. Desde o final dos anos 1960 que tem vindo a criar uma obra idiossincrática, tendo o seu trabalho alcançado o reconhecimento institucional nos últimos anos, com marcos como a exposição retrospetiva organizada pelo Museu de Serralves em 2016, Um Artista de Contraciclos; aí aparecia sublinhado o seu uso pioneiro do desenho, da colagem, da fotografia, da escultura, da instalação, do vídeo e da performance, numa atitude de confronto entre sociedade, arte e tecnologia.

O júri reconheceu em Silvestre Pestana uma “obra que mantém uma energia e uma intensidade irredutivelmente experimental”, assinalando ainda a sua “discreta influência sobre as novas gerações”, e uma “atitude pedagógica”, traduzida em exposições realizadas em espaços independentes, com curadores mais jovens, como aquelas que apresentou no Mira (2014) e no Uma Certa Falta de Coerência (2018), ambos no Porto.

No ano passado, os prémios AICA haviam sido entregues ao arquiteto Ricardo Bak Gordon, que viu reconhecido o conjunto da sua obra, e ao artista José Loureiro, pela exposição A Vocação dos Ácaros.


por Vítor Belanciano in Público | 16 de janeiro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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