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Ministério da Cultura e Gulbenkian juntos para exposição da Presidência Portuguesa da União Europeia
Exposição Artistas Mulheres em Portugal - De 1900 aos nossos dias, com curadoria de Helena de Freitas, vai ser apresentada no Bozar - Palácio das Belas Artes, em Bruxelas, no primeiro semestre de 2021; seguirá depois para Tours, em França.
O Ministério da Cultura (MC) e a Fundação Calouste Gulbenkian assinam esta segunda-feira um protocolo, a desenvolver no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia e da futura Temporada Cruzada Portugal-França, que envolve uma exposição dedicada a mulheres artistas portuguesas.
Segundo a ministra da Cultura, Graça Fonseca, esta é a primeira etapa da “programação cultural que decorrerá em paralelo à Presidência Portuguesa da Conselho da União Europeia, no primeiro semestre de 2021”, e da iniciativa de intercâmbio Temporada Cruzada Portugal-França 2021/22, anunciada em junho passado, na comemoração do Dia de Portugal em Paris, como “montra única” das artes portuguesas em terras gaulesas.
A exposição Artistas Mulheres em Portugal - De 1900 aos nossos dias vai ter curadoria e coordenação científica da historiadora de arte Helena de Freitas, conservadora do Museu Calouste Gulbenkian, e incidir sobre a produção das artistas portuguesas, e a sua representação no país, atravessando o último século e as diferentes expressões que o caracterizam. A mostra será apresentada no Bozar - Palácio das Belas Artes, em Bruxelas, no primeiro semestre de 2021.
No segundo semestre, no contexto da Temporada Cruzada Portugal-França, seguirá para o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, na cidade francesa de Tours, um projeto dos arquiteto português Aires Mateus, distinguido com diversos prémios internacionais. Mais tarde, em data ainda por definir, a exposição será apresentada em Portugal.
Esta mostra insere-se no objetivo de “promover a igualdade de género” no sector da Cultura, “conferindo às mulheres artistas a visibilidade e o reconhecimento devido pelo seu papel para a Cultura e para a história das artes em Portugal”.
De acordo com o protocolo, a Gulbenkian irá produzir um catálogo da exposição, enquanto o MC assume o compromisso de desenvolver, “em paralelo com o programa expositivo, um projeto audiovisual sobre artistas mulheres de referência, em articulação com o Plano Nacional das Artes, com vista à sua ampla divulgação internacional, recorrendo a parcerias nos media especializados” em arte.
As produções que resultarem deste projeto audiovisual traduzir-se-ão em “ciclos de projeções na programação de museus e de centros artísticos, nacionais e internacionais”, disse o MC.
Para Graça Fonseca, as iniciativas culturais que vão acompanhar a próxima Presidência Portuguesa da UE e a Temporada Cruzada Portugal-França constituem “uma oportunidade única para promover a internacionalização dos artistas e da arte contemporânea portuguesa”. A ministra espera que esta programação permita igualmente estabelecer “momentos chave para Portugal influenciar positivamente a agenda política de Bruxelas”, no que diz respeito “ao aprofundamento do projeto e dos valores europeus – valores como a igualdade de género ou a defesa e a salvaguarda do património cultural”.
O protocolo com a Gulbenkian, que será assinado ao meio dia desta segunda-feira na sede da fundação, será o primeiro do MC com instituições privadas, no âmbito da próxima Presidência Portuguesa da UE, estabelecido numa “lógica de trabalho (...) sempre em parceria e de forma participada, numa clara afirmação do princípio de que a Cultura é de todos e para todos”, disse Graça Fonseca. A sessão de assinatura conta também com a presença da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes.
Desde Maio deste ano, a Gulbenkian tem patente, em Lisboa, o circuito As Mulheres na Coleção Moderna. De Sonia Delaunay a Ângela Ferreira 1916-2018, com cerca de uma centena de trabalhos de pintura, desenho, ilustração, fotografia, vídeo, escultura e instalação, distribuídos pelos três pisos do antigo Centro de Arte Moderna. Mily Possoz, Ofélia Marques, Sarah Affonso, Maria Antónia Siza, Helena Almeida, Paula Rego e Ana Hatherly são algumas das artistas destacadas no circuito, que também evoca realidades do último século, sobre as quais as obras expostas refletem.
De Sonia Delaunay a Ângela Ferreira 1916-2018, com curadoria de Patrícia Rosas, surgiu quando passavam 50 anos das eleições de 1969, um sufrágio limitado, sujeito a repressão e estruturado para a vitória do partido único da ditadura, embora tivessem contado com listas da oposição em alguns círculos, e com o voto das mulheres, mas só se soubessem ler e escrever. A impossibilidade de as mulheres saírem do país sem autorização dos maridos, dos pais ou dos seus tutores, de abrirem conta bancária em nome próprio, sem consentimento, e de tomarem em mãos o controlo da natalidade eram algumas das imposições da ditadura do Estado Novo, que só desapareceram com o 25 de Abril de 1974, e que foram confrontadas através de muitas das obras expostas.
Lusa / Público | 16 de dezembro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público