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Há oito esculturas para descobrir num passeio pela mata em Viseu

Projeto Poldra está a instalar arte pública na Mata do Fontelo, em Viseu.

Obra de Miguel Palma na Mata do Fontelo, em Viseu © Direitos reservados


Poldra é uma das pedras que se colocam nos riachos para que os peões as possam atravessar. Poldra é também o nome do projeto de arte pública promovido pela cidade de Viseu. A ideia é dotar a cidade de uma coleção escultórica a céu aberto, criando um circuito em que as obras de arte são como as pedras no rio, permitindo uma viagem. Depois de uma primeira edição em que foram instaladas três esculturas, a Mata do Fontelo de Viseu acolhe desde outubro, cinco novas esculturas de Miguel Palma (Portugal), Elisa Balmaceda (Chile), Steven Barich (Estados Unidos da América), Natália Bezerra e Kaitlin Ferguson (Estados Unidos da América/Escócia) e Liliana Velho (Portugal).

"A primeira edição ainda tem cá as três esculturas. Essas obras vão continuar no parque e vão cruzar-se com estas cinco que estamos a instalar, ou seja, vamos ficar com um percurso com oito obras", disse aos jornalistas o diretor artístico do Poldra - Public Sculpture Project Viseu, João Dias, durante uma visita ao local, antes da inauguração, no passado dia 12. As oito peças foram criadas especificamente para aquele local por artistas convidados (foi o caso de Palma, Balmaceda e Barich) ou escolhidos em concurso através de "open call".

Miguel Palma levou para a Mata do Fontelo uma boia do estuário do Tejo, que tinha há 20 anos no seu jardim, onde foi ganhando "uma espécie de geografia". A ideia era transformar a boia num planeta: "Acredito que neste parque vai continuar a ser uma vítima, no sentido em que as águas e as ferrugens vão continuar a atacar o continente", explicou o artista.



Inspirado em imagens de pedras, Steven Barich criou uma escultura de dois metros por dois com superfícies planas, nas quais as pessoas poderão deixar mensagens ou apenas o seu nome. "É um convite para as pessoas virem deixar a sua marca na peça", explicou.

Elisa Balmaceda construiu uma estrutura que permitirá observar o Sol e o céu e como a luz reflete num espelho, enquanto a viseense Liliana Velho apresenta uma escultura em cerâmica, com uma espécie de bolsos nos quais as pessoas poderão colocar sementes ou flores e verem como mudam ao longo dos tempos. Já a instalação de Natália Bezerra e Kaitlin Ferguson permite explorar os sons dos materiais locais, como as pedras, criando assim uma conexão com a natureza. 



João Dias explicou que as esculturas desta edição "não têm de ser interativas", mas têm de permitir algo mais do que olhar, interagindo de alguma forma com o público.

Na altura, o vereador da Cultura, Jorge Sobrado, frisou que o Poldra acontece mesmo depois de o parque arbóreo da mata do Fontelo ter sido afetado pelas tempestades Leslie (em outubro) e Helena (em fevereiro) apesar de decorrerem trabalhos de inventário, diagnóstico do estado de conservação e limpeza das árvores, em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Quercus.

Segundo Jorge Sobrado, o Poldra surgiu sobretudo por dois motivos: "Preencher uma lacuna que Viseu evidenciava ligada à criação contemporânea na área da escultura pública e da instalação" e para "valorizar artisticamente aquele que é um dos grandes patrimónios da cidade, que é a mata do Fontelo". O projeto pretende também incentivar "a relação entre a comunidade artística local e a comunidade artística internacional", acrescentou.

O Poldra - Public Sculpture Project Viseu conta com 50 mil euros de financiamento do município. Cristina Ataíde (portuguesa, de Viseu), Pedro Pires (angolano) e Neeraj Bhatia (canadiano) foram os artistas responsáveis pelas primeiras três instalações do Poldra. A obra de Bhatia, intitulada Jardim das Cenas Emolduradas, ganhou recentemente o Prix de Rome in Architecture - Professional, atribuído anualmente pelo Canada Council for the Arts a um jovem arquiteto.


por Lusa in Diário de Notícias | 5 de novembro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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