Depois de "Leva-me A Dançar", "Pensa Bem" e "O Material Tem Sempre Razão", Joana Espadinha retira um novo single do seu álbum lançado no ano passado e oferece-nos "Qualquer Coisa". A par do restante repertório que faz parte de "O Material Tem Sempre Razão", também este "Qualquer Coisa" nos confirma Joana Espadinha como uma escritora de canções de eleição, com recursos raros ao nível da escrita e um talento inegável para a composição de melodias apelativas.

Qualquer coisa é uma canção escrita em tom cáustico, uma sátira à nossa existência acomodada e burguesa, que tantas vezes nos impede de viver com intensidade. Falta-nos qualquer coisa de ousadia, de veneno nas nossas rotinas bem arrumadas. E quando ousamos sair desse quadrado bem delineado, tudo pode acontecer. Não há garantia de sorte ou azar, só o desconhecido, e a certeza de que no fim, nos conheceremos melhor.

Para a "história" desta canção ajudará o divertido videoclip concebido em parceria com a realizadora Joana Linda e com quem Joana havia já colaborado nos dois últimos vídeos produzidos bem como na sessão fotográfica que acompanhou a edição de "O Material Tem Sempre Razão".

Em jeito de extensão da própria canção e num cenário tipicamente urbano, Joana Linda provocou Joana Espadinha na procura de outras dimensões da sua personalidade.

Por vezes este processo de auto conhecimento pode implicar a criação de novas personagens, o uso de uma máscara. Acabei por experimentar isso mesmo nas filmagens do videoclipe, ao assumir diferentes identidades, todas a questionar-me sobre aquilo que me falta.

Ao nível visual, de salientar ainda a capa do single de Pedro Cortesão Monteiro que, fazendo uso da coincidência de títulos, concebeu um pastiche com base num disco de referência da música brasileira publicado em 1975.

A edição de "Qualquer Coisa" ocorre na semana que antecede o concerto que Joana Espadinha irá realizar no Teatro Villaret no dia 30 de outubro e a que se juntarão os amigos Benjamim (o produtor de "O Material Tem Sempre Razão"), Luísa Sobral e Samuel Úria.

Um espetáculo em que será possível testemunhar o quanto as canções de Joana Espadinha crescem em palco, tirando partido da sua capacidade interpretativa e da qualidade da banda que a acompanha - João Firmino (guitarras, voz); Margarida Campelo (teclado, voz); Francisco Brito (baixo); e Nuno Sarafa (bateria e percussão).