Num Alentejo ostracizado, aprisionado pelo braço forte do Estado Novo, homens e mulheres trabalham à jorna e lutam, com resiliência, por um futuro melhor e mais igual, num Alentejo em que os indivíduos são tratados pelo que fazem profissionalmente e não pelo que são – como por exemplo, Maria Joana lavadeira –; num Alentejo cuja máxima  «canta que a fome passa» descreve muito bem as dificuldades vividas, existe uma família cujos sonhos voam mais alto, tão alto quanto o sobreiro que rasga o céu de agosto.

É este o mote para O Que Rasga o Céu, a obra de estreia da romancista Mafalda Damas Revés, que nos apresenta os sonhos da família de Arnaldo caldeireiro, um homem viúvo que trabalha numa fábrica de cortiça. João sonha com a igualdade social e com o fim das humilhações no trabalho. Lucinda sonha com a igualdade de género e com a independência, e Josefa, lutadora antifascista clandestina, depara-se com um amor proibido, considerado um enorme tabu na época. Sonhos interrompidos por uma greve, organizada pelos corticeiros, que terminará com uma traição e um laivo de tragédia.

Sem dogmas nem militâncias exaustas, Mafalda Damas Revés apresenta-nos um romance que cheira a açorda, que nos remete para a indústria corticeira, para os falares do Alto Alentejo e que nos faz refletir sobre a resiliência e a luta do povo alentejano. Mas apesar de esta ser uma viagem ao Alentejo profundo do Estado Novo, é, ao mesmo tempo, uma narrativa que poderia decorrer em qualquer outra parte do país ou do mundo, porque é sobretudo um livro sobre as aventuras e desventuras da condição humana. Facto destacado no prefácio da obra, assinado pelo jornalista e escritor José Vegar.

«Percorremos, pela rota narrativa desenhada por Mafalda Damas Revés, a resignação, a revolta e a resistência, mas também o orgulho e a esperança, a valentia e a cobardia, a amizade e a traição, não esquecendo a paixão e o amor.», afirma o jornalista que passou pela revista Sábado e pelo Jornal Expresso.

Para além de ser uma escritora emergente e uma alentejana «de gema», a autora é mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, já teve uma experiência no jornalismo e trabalha em ação humanitária no Sudeste da Turquia.

O Que Rasga o Céu chega às livrarias portuguesas no próximo dia 29 de outubro, com o apoio à edição da Câmara Municipal de Vendas Novas. O livro pode ainda ser adquirido no site oficial da Guerra e Paz, em www.guerraepaz.pt. O lançamento acontece no mesmo dia, terça-feira, pelas 18h30, na livraria Bertrand de Picoas, em Lisboa. A apresentação estará a cargo de José Vegar.

Sinopse
Pelas vozes dos membros de uma família, vivemos esperanças, amores e alegrias, mas também medos, infortúnios e mágoas, num Alentejo coreografado como nunca o viu. Arnaldo é caldeireiro numa fábrica de cortiça; João não quer ser apenas o trabalho que faz; Lucinda sonha com independência; Luís, adolescente, navega entre campo e fábrica, fascinado pelos sobreiros, numa história de busca pessoal; Josefa, a braços com uma vida clandestina e um amor considerado tabu, é confrontada com um dilema quase impossível. A organização de uma greve e um delator vão alterar a rotina de todos e marcar para sempre a família com um acontecimento trágico. Este livro é uma imersão total no Alentejo, uma viagem livre de dogmas e de militâncias exaustas. Um romance para quem se interessa pelas aventuras e desventuras da condição humana.

Biografia da autora

Mafalda Damas Revés nasceu em 1990, em Vendas Novas. É mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, com especialização em Estudos Políticos de Área, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada Turquia e a Energia: Desafios e Potencialidades. Estagiou no Diário de Notícias e fez uma pós-graduação em Artes da Escrita na Universidade Nova de Lisboa. Nos últimos anos, tem trabalhado em ação humanitária no sudeste da Turquia. O Que Rasga o Céu é o seu romance de estreia.

O Que Rasga o Céu
Mafalda Revés
Ficção / Romance
184 páginas · 15x23 · 14,50€
Nas livrarias a 15 de outubro
Guerra e Paz, Editores