"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Trinta Clássicos das Letras

"O Grande Gatsby" de Scott Fitzgerald


Capítulo XX 
 


Os críticos são unânimes em considerar “O Grande Gatsby” como um dos grandes romances da literatura mundial. O seu autor, Francis Scott Fitzgerald (1896-1940), tornou-se, de algum modo, um símbolo do tempo que retratou no seu livro, mas (como muitas vezes acontece) a sua obra-prima não teve imediatamente o reconhecimento que a posteridade lhe reservaria. Anthony Burguess afirmou mesmo que o livro e o autor definiram toda a geração. O amor e o drama de Scott e Zelda, as doenças, a tuberculose, o alcoolismo, a morte prematura, “Os Contos da Era do Jazz” e “Terna é a Noite” (1934) são marcas indeléveis.

Publicado em 1925, o romance passa-se entre Nova Iorque e Long Island, no verão de 1922, nos “anos loucos”, entre o fim da guerra e a grande crise. Há uma clara ambiguidade na apreciação de Fitzgerald, que admira o ambiente e o “glamour”, mas que critica o materialismo sem limites e os sinais evidentes de decadência moral. É o tempo da Lei Seca e da 18ª emenda à Constituição americana. A proibição da produção e consumo das bebidas alcoólicas gerou a especulação desenfreada e o aumento do crime organizado, tendo como símbolo Al Capone. Nick Carraway é um jovem comerciante de Midwest, que se torna amigo do vizinho Jay Gatsby, magnate célebre pelas festas que dava em Long Island. A fortuna de Gatsby é, no entanto, motivo de suspeitas, ninguém sabe o passado do anfitrião. Há ainda a referir Tom Buchanan, antigo desportista, casado com Daisy (Mia Farrow, no filme de 1974), que, por sua vez, é prima de Nick. Todos os sábados, há grande animação em casa de Gatsby, mas o entusiamo deste não é grande. E Nick descobre que o milionário só mantinha as festas na esperança de que Daisy, seu antigo amor, aparecesse. A pedido de Gatsby, Nick consegue que ele se encontre com Daisy e inicia-se uma relação explosiva. Tom apercebe-se do renascimento do amor de Gatsby por Daisy – e o seu ódio relativamente ao milionário é reforçado pelas informações que obtém sobre as atividades ilegais deste. Gatsby força Daisy a dizer a Tom que nunca o amou – o que ela faz, com alguma hesitação. Mas tudo se precipita, Daisy e Gatsby regressam a Long Island. É ela que conduz o automóvel amarelo. No caminho, ocorre um terrível acidente, é atropelada mortalmente Myrtle, mulher do garagista George Wilson, amante de Tom, que saíra desorientada de casa depois de uma discussão conjugal. Wilson fica desesperado e jura descobrir quem matou sua mulher. Tom explica-lhe que o automóvel amarelo não é seu, e que ele nada tem a ver com o tremendo desenlace. George Wilson está cego de ódio e sede de vingança. Nada ouve, apenas quer fazer justiça pelas próprias mãos. Durante toda a noite está muito agitado, profere impropérios, anda de um lado para o outro. Finalmente, parece chegar a uma conclusão e vai procurar o automóvel amarelo, dirigindo-se a casa de Tom, que prepara as malas para partir para longe com Daisy. Tom, sob ameaça de uma arma, insiste na sua inocência e refere o nome de Gatsby. Wilson, desvairado, parte ao encontro do magnate. Gatsby nada na piscina, ciente de que o amor de Daisy pode estar perdido, mas ainda lhe assiste uma remota esperança. O garagista dispara sobre Gatsby e mata-o, suicidando-se em seguida no amplo relvado da casa, outrora cenário deslumbrante. Com Gatsby morto, ninguém parece fazer caso da sua memória. Mr. Gatz, o pai, veio para o funeral, recordando a criança que seu filho foi e os compromissos que fez para que pudesse vencer na vida. Nick tenta encontrar quem vá ao enterro, mas ninguém se interessa. Apenas vão três pessoas - Nick, Mr. Gatz, e "Owl Eyes", talvez o único dos convivas das festas de Gatsby que um dia mostrou interesse a Nick pela biblioteca da casa. Quando Nick parte para o Centro-Oeste dos Estados Unidos, tudo parecia ter-se esvaído em ilusão, a relva noutro tempo impecável cresceu e o entusiasmo tão aparente daria lugar ao grande desastre…

 

Agostinho de Morais

 

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