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Casa da Idade do Ferro descoberta no centro histórico de Viseu

Casa típica de um castro foi encontrada durante trabalhos de melhoria dos espaços verdes do Largo da Misericórdia, na cidade.

Câmara espera poder continuar a fazer escavações para estudar melhor o achado DR


Um casa da Idade do Ferro foi descoberta no Largo da Misericórdia, no centro histórico de Viseu, na sequência de uma intervenção para melhorar os espaços verdes da zona, anunciou o presidente da câmara, Almeida Henriques. “Vai haver aqui uma plantação de árvores e um ajardinamento e nunca fazemos nada no centro histórico sem trabalho arqueológico, até porque sabemos que a probabilidade de encontrar alguma coisa [antiga] é muito forte”, justificou o autarca aos jornalistas, durante uma visita ao local.

O arqueólogo Pedro Sobral explicou que o achado agora colocado a descoberto tem “uma importância enorme”, porque comprova a antiguidade da cidade. “Temos aqui um dos vestígios mais preservados, que é uma estrutura habitacional da Idade do Ferro, uma casa típica daqueles castros que conhecemos do Noroeste peninsular, dos castros lusitanos”, frisou. Segundo o arqueólogo, foi igualmente descoberta “uma estrutura também possante, provavelmente de origem romana e depois reaproveitada no século XVI, mas que não deixa de ser monumental”.

“Esta última, nós já estávamos à espera que aparecesse, porque, quando, em 1940, foi deitado abaixo o bairro, já surgiram alguns vestígios. A casa da Idade do Ferro é que foi um achado bastante inesperado”, referiu Pedro Sobral, acrescentando que, no entanto, será preciso continuar a escavação para confirmar a importância dos achados. Durante os trabalhos, foi também encontrado um fragmento cerâmico que, de acordo com o arqueólogo, aponta para a Idade do Ferro.

“É uma cerâmica típica deste período, que era feita por uma estampilha. É típica de uma das fases da Idade do Ferro e deve ser de há 2300 anos, século III a II antes de Cristo”, explicou. O arqueólogo considerou que, como o nível da Idade do Ferro “está muito bem preservado”, pode até acontecer que, por baixo dele, “haja um nível anterior”. “Quando se encontram estes vestígios, a preocupação é sempre aprofundar, porque estas janelas de observação não nos permitem tirar já conclusões mais definitivas”, afirmou o presidente da autarquia.

Almeida Henriques disse que esse trabalho tem de ser articulado com a Direcção-Geral do Património Cultural e com a Direção Regional de Cultura do Centro, o que já está a acontecer. “Face à localização destes achados, a confirmar-se a sua relevância, nós não deixaremos de fazer a sua musealização”, garantiu. Segundo o vereador da Cultura, Jorge Sobrado, o Pólo Arqueológico de Viseu espera ter brevemente um novo plano de trabalhos, articulado com a tutela que, “por um lado, alargue as janelas de observação sobre estes importantes achados e, por outro, permita a sua futura musealização in situ”, ou seja, no local.

O presidente da câmara referiu que “há espaços da cidade onde, quando há uma descoberta, é quase impossível fazer a sua musealização, porque punha em causa a configuração e a circulação na cidade”, mas, neste caso, tratando-se de um espaço ajardinado do Largo da Misericórdia, “é perfeitamente possível”, assumiu, para entusiasmo de Pedro Sobral. “Não conheço nenhuma cidade em Portugal que tenha uma casa da Idade do Ferro musealizada no centro da cidade”, frisou o arqueólogo.


por Lusa e Público | 13 de agosto de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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