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Igreja de Santa Clara do Porto: Conservação e restauro do recheio artístico vai começar
Dado o superior interesse público da obra em causa, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga levantou o embargo suspensivo da empreitada de conservação e restauro do recheio artístico da Igreja de Santa Clara do Porto, tendo o Tribunal de Contas emitido o visto prévio que autoriza o início dos trabalhos.
Assim, a empreitada, suspensa desde o final do ano transato, será reatada na última semana de agosto, representando um investimento de 827.369,78 Euros, e deverá estar concluída no prazo de um ano.
Os trabalhos de conservação e restauro do recheio artístico da Igreja implicam o tratamento, limpeza e consolidação de toda a talha pintada ou dourada, da escultura e imaginária, das pinturas sobre tela e de pintura mural, de granitos e, ainda, trabalhos de consolidação de estruturas dos retábulos.
Além dos trabalhos acima referidos, estão em curso trabalhos de conservação e restauro do espólio artístico da sacristia, incluindo revestimento azulejar, pinturas sobre telas ou retábulo e arcaz.
A curto prazo serão, igualmente, iniciados os trabalhos de beneficiação dos paramentos exteriores, dos acessos de público e das instalações elétricas e os trabalhos de conservação e restauro do órgão e dos portais em cantaria de granitos (a norte, da igreja e a nascente, da portaria).
Este conjunto de trabalhos de recuperação e valorização da Igreja de Santa Clara do Porto seguem-se aos trabalhos iniciais desta campanha já realizados: trabalhos de reforços estruturais e de conservação e restauro nos dois níveis do coro do antigo convento.
A Operação Igreja de Santa Clara do Porto representa um investimento global de 2 Milhões de Euros, sendo a intervenção comparticipada em 85% pelo Programa Operacional Norte 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, com o Mecenato da Irmandade dos Clérigos e Fundação Millennium BCP. Deverá estar concluída até final do 1º semestre de 2020.
Sobre a Igreja de Santa Clara do Porto
A igreja de Santa Clara do Porto, classificada como Monumento Nacional em 1910, é património do Estado e constitui um relevante testemunho de um conjunto monástico feminino que integra uma vasta rede de património religioso. Faz parte integrante do centro histórico do Porto classificado como Património da Humanidade reconhecido pela UNESCO, desde 1996.
É, juntamente com a igreja de São Francisco do Porto, um dos melhores exemplares das denominadas igrejas forradas a ouro do barroco joanino, conservando a sua estrutura arquitetónica gótica, que remonta ao século XV. Revela uma unidade formal que lhe advém das campanhas de obras, em grande parte coetâneas, ao nível da talha, realizadas no início da centúria de Setecentos.
A cerimónia de instituição do mosteiro das clarissas do Porto, mandado construir dentro de muralhas, decorreu há seiscentos anos, a 28 de março de 1416, tendo sido marcada pela presença das mais importantes figuras do reino – o rei D. João I e os príncipes D. Fernando e D. Afonso -, que desde a primeira hora privilegiaram a nova casa, e pelo bispo D. Fernando Guerra.
Os elogios a este conjunto excecional são já tecidos pelos seus contemporâneos que a designam, em 1758, como “a mais perfeita e aseada deste Reyno, toda coberta de talha de ouro, e azul”. A sua importância permanece inalterada, sendo uma peça relevante na arte portuguesa dos séculos XVII e XVIII.
A Igreja de Santa Clara é um legado artístico notável integrando a sua arquitetura talha, escultura, azulejo, pintura mural, pinturas de cavalete e património musical e possuindo elevado interesse turístico.