Teatro
Novas evocações do Teatro Romano de Lisboa
Há cerca de 5 anos, evocámos aqui o Teatro Romano de Lisboa. Ocorre que a “redescoberta” das ruínas aliás consideráveis do espaço arquitetónico ou que o que dele restava na época, e que não era pouco, ocorre em 1798.
Sendo certo que os trabalhos de recuperação e sobretudo de reaproveitamento cultural e de espetáculo verificaram-se séculos decorridos e atingem hoje uma expressão considerável de relevância, tanto no ponto de vista da arqueologia arquitetónica como da atividade museológica e de espetáculo entretanto decorrente.
Nesse sentido há que assinalar a edição/reedição de estudos que abordam o tema, estudos esse editados pela EGEAC, entidade da CML que gere o espaço histórico.
Citamos designadamente dois livros como dissemos ditados pela EGEAC:
“Dissertação Critico-Filológico-Histórica” de Luiz António de Azevedo, edição fac-similada do estudo publicado em 1815 e agora reeditado com um Prefácio de Lídia Fernandes.
“Saudades da Rua da Saudade – O Teatro Romano e a sua Envolvente nas Memórias da Cidade”, textos da autoria de Joana Gomes Cardoso, Joana de Sousa Monteiro, Lídia Fernandes, Carolina Grilo, Daniela Araújo, Rui Coelho, Ana Cosme, Rani Almeida, Maria Miguel Lucas, Miguel Coelho.
A bibliografia sobre o tema é vasta. Pessoalmente abordei-o em “Teatros de Portugal” e em textos aqui mesmo divulgados como o artigo datado de 15 de abril de 2014, sob o título de “Teatro Romano de Lisboa – Felicitas Iulia Olissipo”.
Aí cito designadamente o estudo de Lídia Fernandes, onde se esclarece que “os elementos arquitetónicos com revestimento a estuque, as características técnicas do edifício e o emprego da ordem jónica, são alguns dos elementos que nos apontam o início da sua construção para uma época recuada”. E acrescenta que o teatro sofreu “uma fase de remodelação, levada a cabo em meados do século I, concretamente 27 d. C.”.
O teatro terá sido abandonado cerca do século VI e sacrificado e soterrado em fases sucessivas da expansão da cidade medieval. Mas o terramoto de 1755 põe as ruínas parcialmente a descoberto. São reconstituídas numa gravura de Francisco Fabri. Em 1815 Luis António de Azevedo publica uma reconstituição do proscénio.
Mais se desenvolve o texto, que cita como bibliografia obras diversas de Lídia Fernandes, Aarão de Lacerda, Irisalva Moita, Carlos Fabião, Jorge Alarcão.
E no livro acima citado “Saudades da Rua da Saudade” Lídia Fernandes historia a própria criação do Museu e as intervenções que, até 2001, marcaram a recuperação do edifício transformado em Museu, bem como sucessivos trabalhos efetuados neste singular monumento da cidade.
Retomaremos o tema em crónicas destinadas a evocar os dois livros recentes.
Duarte Ivo Cruz