Notícias
Municípios de Trás-os-Montes projetam rota para dar a conhecer pinturas murais e frescos
Candidatura reúne quatro municípios do Baixo Sabor e vai abranger 16 igrejas e capelas, que serão intervencionadas. Está também prevista a criação um centro interpretativo em Macedo de Cavaleiros.
A Rota das Pinturas Murais e dos Frescos do Baixo Sabor pode ver brevemente a luz do dia. Trata-se de um projeto da Associação de Municípios do Baixo Sabor (AMBS), que está a preparar uma candidatura que envolve quatro concelhos – Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo – e que, no futuro, se poderá estender a outros municípios portugueses e espanhóis.
O projeto prevê um investimento de um milhão e meio de euros e surge a partir do património e das potencialidades existentes na região. Segundo os promotores, terá uma componente de inovação inédita para tornar acessível o património religioso e cultural, incluindo um cartão de acesso para garantir autonomia aos visitantes.
“Todo o Norte tem uma potencialidade imensa em termos de pintura mural de frescos. O objetivo é começar pelos quatro municípios, mas pode estender-se ao restante território do distrito e mesmo, posteriormente, a todo o Norte e as regiões vizinhas em Espanha”, explica o secretário técnico da AMBS, Vitor Sobral.
Adicionar “conteúdo” à paisagem
Numa primeira fase, o projeto vai abranger 16 igrejas e capelas, que serão intervencionadas para recuperar as pinturas murais e frescos. Está também prevista a criação um centro interpretativo em Macedo de Cavaleiros.
“Os frescos são uma temática que, aliada a outras como os lagos do Sabor, pode trazer pessoas ao território, estancar o despovoamento e garantir alguma dinâmica económica”, defende Vitor Sobral.
Para o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, este tipo de iniciativas são necessárias “para poder atrair mais turistas para o território”.
O responsável considera que “não chega ter a paisagem, que em Trás-os-Montes é esmagadora, a gastronomia e os vinhos”. “Temos de adicionar conteúdos”, sublinha, acrescentando que “a rota é algo que pretende entregar um conteúdo aos turistas e, ainda por cima, espalhado pelo território”.
Também a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, que já conhece o projeto, destaca a importância da rota “que vem estruturar produto em torno de um recurso do século XV, que pode ser um atrativo novo para trazer as pessoas ao território e para a fazer ficar mais tempo”.
Abrir as portas
A governante alerta, no entanto, para a necessidade de manter abertos os templos para poderem ser visitados e sugere mesmo que seja introduzido um sistema tecnológico que permita aos visitantes, através de um cartão ou um código QR no telemóvel, entrar nos espaços.
“Cada vez mais, a inovação é uma forma de mudarmos a acessibilidade ao património. Esse foi o repto que deixei, pensarmos em soluções tecnológicas que permitam aceder a espaços que, muitas vezes, estão fechados e que até nem se sabe quem tem as chaves para entrar. A autenticidade destes recursos culturais leva as pessoas a quererem descobrir o território, mas é preciso que o território esteja preparado para os receber”, sublinha a secretária de Estado.
A sugestão foi bem acolhida pela AMBS que entende que não pode ter "potencialidades e produtos turísticos fechados, porque isso cria constrangimentos”: “Se um turista quer visitar algo que nós promovemos e depois chega e está tudo fechado, naturalmente que não volta”.
“A ideia que a secretária de Estado lançou é fundamental e vamos incluir no nosso projeto da rota o tal cartão que permita ter ao turista autonomia para visitar todo este património religioso e cultural”, garante o secretário executivo da AMBS, adiantando também que, para capacitar a comunicação, já foi proposto ao Instituto Politécnico de Bragança a criação de uma pós-graduação na área da gestão e comunicação turística.
por Olímpia Mairos in Renascença | 1 de agosto de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença