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Cortiça inspira encontro de culturas na Bienal de Veneza
Leonor Antunes criou um piso de cortiça com desenhos de Carlo Scarpa para o Palazzo Giustinian Lolin, onde está instalada a Representação Oficial Portuguesa | Pavilhão de Portugal na 58ª edição da Bienal de Veneza até 24 de novembro de 2019.
A matéria-prima, que remete para a identidade nacional, foi integrada no projeto desenvolvido especificamente para o piso inferior e para o piso nobre deste palácio histórico do séc XVII. A versatilidade e a leveza da cortiça permitiram encontrar resultados estéticos assentes no seu traço natural e dão as boas-vindas a quem entra no palácio onde a criação contemporânea Portuguesa se apresenta ao mundo.
Também nesta Bienal, inserido na mostra Dysfunctional, Nacho Carbonell expõe a luminária “Inside a Forest Cloud” num diálogo criativo e eloquente com o imponente Ca’ d’Oro, um dos mais destacados e concorridos palácios do Grand Canal. O artista espanhol, conhecido pela sua abordagem tátil à escultura, utiliza granulado projetado de cortiça para criar texturas no topo das várias árvores que compõe esta floresta de luz, usando três tonalidades diferentes desta matéria-prima para formar um degradé que se harmoniza com o aço que forma os ramos e a estrutura da peça.
Nacho Carbonell afirma: “para chegar a este resultado, desenvolvemos amplas experiências com a cortiça, que acreditamos agora conhecer melhor, assim como as suas potencialidades, o que nos ajudará a desenvolver e projetar mais peças no futuro.”
Cristina Amorim, Administradora da Corticeira Amorim, realça “A cortiça enquanto matéria-prima tem sido trabalhada por artistas de forma muito interessante, sob várias vertentes. Cativados pelas suas caraterísticas enquanto matéria natural, renovável e sustentável, designers e arquitetos expressam a partir dela a sua criatividade, desde conceitos visuais que remetem à natureza – como é o caso de “Inside a Forest Cloud” de Nacho Carbonell, ou que sustentam o resultado de reflexões artísticas – como é o caso de “a seam, a surface, a hinge, or a knot” de Leonor Antunes. É uma honra poder colaborar em iniciativas desta relevância e notoriedade.”
No Pavilhão de Portugal, Leonor Antunes explora o modo como as tradições artesanais de várias culturas se cruzam nesta história, associando nomeadamente o conceito japonês de “Shakkei”, onde se verifica o uso de uma paisagem de fundo no projeto de um jardim, com o trabalho de Scarpa e formas de artesanato originárias de Itália, Japão e Portugal.
Nesta 58ª edição, a Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia tem como lema “May You Live In Interesting Times” e curadoria de Ralph Rugoff, diretor da Hayward Gallery de Londres. Na visão do curador, May You Live In Interesting Times «tem como objetivo dar as boas-vindas ao público para uma experiência expansiva de profundo envolvimento, assimilação e aprendizagem criativa que a arte nos proporciona», pois «talvez a arte possa oferecer orientações que nos ajudem a viver e pensar nesses “tempos interessantes”».
Sobre Leonor Antunes:
Nascida em Lisboa em 1972, reside em Berlim desde 2004. O trabalho de design de Leonor Antunes é conhecido pela sua afinidade com o modernismo e pelos seus padrões geométricos específicos, bem como por formas e estruturas que foram particularmente valorizadas pelos arquitetos e designers do início do século XX. O seu trabalho é matemático, com medidas, escalas e a beleza das proporções que constituem o seu trabalho, através do qual estabelece um diálogo com os espaços que ocupa, quer pela forma como as suas peças ecoam a arquitetura circundante, quer pela forma como utiliza as simetrias como uma ferramenta para desenvolver cada nova instalação.
Sobre Nacho Carbonell:
Nasceu em Espanha em 1980. Nacho Carbonell formou-se em 2003 na Cardenal Herrera C.E.U. Universidade na Espanha antes de ir estudar na Design Academy Eindhoven. Depois de se formar, Carbonell começou imediatamente a criar o seu próprio nome no mundo do design, com sua coleção Evolution de 2009, recebendo uma indicação para o Design Beazley do Ano do Design Museum de Londres. Em 2010, um ano depois de ser nomeado como Designer do Futuro na Design Miami / Basel, apresentou This Identity, que redefiniu seu estilo de formas orgânicas e texturas ásperas e coloridas.
As suas peças são exibidas em museus de todo o mundo, como o Museu Groningen, na Holanda, o Museu 2121, no Japão, o Fnac-Fonds national d'art contemporai, na França, o MoMA San Francisco, o Art Institute of Chicago e o Mint. Museu nos Estados Unidos. Encontram-se também integradas em várias coleções particulares.