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"Lenguluka": um romance à incendiária velocidade do amor

Num futuro imaginário, milhões de cidadãos oriundas das ex-colónias portuguesas rumam a Portugal, estabelecendo comunidades étnicas autónomas. Lisboa, e também a outra margem, transformam-se numa grande metrópole multicultural, num cenário de quase blade runner.


Vive-se uma paz aparente. Eis senão quando um incidente amoroso abre uma ferida, desencadeando um incendiário conflito social. Paira no ar um desejo de vingança passional. Estes são os ingredientes de Lenguluka, um romance que nos traz do futuro muitas das inquietações da nossa actualidade, muitas das nossas aventuras e angústias pós-coloniais. Da autoria de Onofre dos Santos, escritor e antigo juiz-conselheiro do Tribunal Constitucional de Angola, a obra chega às livrarias de todo o país.

Quem é Lenguluka? O melhor será dizer-se o que é Lenguluka? Uma carrinha de transporte tipicamente africana, que surge em destaque no mais recente romance de Onofre dos Santos, como a marca de um Portugal diferente. Um país «africanizado». O nome vem do kimbundu angolano, e significa «vai de pressa». Ao longo da história vai descobrir que é de facto um táxi do futuro esta carrinha guiada por Luís Sakulanda.

Algures nesse futuro, que se mascara de presente, Portugal recebe uma vaga de emigração de pessoas oriundas das ex-colónias. Reúnem-se na antiga «metrópole do império» uma série de culturas que coabitam pacificamente e se respeitam. Paira no país, e em particular na região da grande Lisboa, um clima de espartilho do politicamente correcto. Mas um fósforo lançado por uma traição irá reacender os fantasmas do racismo, da Guerra Colonial e da angústia pós-colonial.

A luso-cabo-verdiana Teresinha, a Helena de Tróia desta trama, desencadeia uma batalha a nível nacional quando troca o seu namorado Nélson, de origem angolana, por Tomás Silveira, um professor da universidade que frequenta. A sede de vingança de Nélson espalha-se como uma metástase e divide a sociedade. Os tumultos multiplicam-se e a batalha começa.

Depois de manifestações, conflitos e muitos danos, surge uma hipótese de acabar com o fulcro da contenda. Um duelo entre os dois protagonistas, com a Serra da Arrábida como pano de fundo, que irá ter consequências imprevisíveis. O que irá acontecer a Nélson e Tomás? Será que a paz vai voltar a reinar?

Este é o primeiro livro que Onofre dos Santos publica pela Guerra e Paz. Antes o autor publicou Os (Meus) Dias da Independência, Eleições Angolanas 1992 – Uma Lição para o Futuro, Eleições em Tempo de Cólera, O Conto da Sereia, O Astrónomo de Herodes, O Gosto Amargo do Quinino, Memórias de Um Dark Horse e o romance histórico Descompasso – Angola 1962.

Sinopse
Num futuro imaginário, milhões de pessoas oriundas das ex-colónias vivem em Portugal. Organizadas em comunidades étnicas autónomas, com dirigentes próprios, fazem de Lisboa e da outra margem um mundo agitado, de cheiros e cores multiculturais, quase um Blade Runner português. A convivência é pacífica, mas os velhos ressentimentos coloniais surgem ao menor percalço. Eis que Nelson Cangombe, jovem angolano, vê a namorada, Teresinha, de origem cabo-verdiana, trocá-lo por Tomás Silveira, professor português. Ferido na virilidade, Nelson mobiliza as novas comunidades contra o português. De Lisboa à Caparica, este triângulo amoroso incendeia tudo. Os dirigentes negoceiam e têm de assumir responsabilidades. No meio da batalha, circula Lenguluka, a combie de Luís Sakulanda, o taxista angolano que leva, imparável, passageiros de todas as origens de uma margem à outra do rio. A escrita elegante de Onofre dos Santos faz do futuro o espelho do nosso presente, espelho das nossas angústias pós-coloniais, dos velhos e novos racismos, dos espartilhos politicamente correctos.

Biografia do autor


Onofre dos Santos nasceu em Angola e viveu o período de transição de um país colonial para o país independente que hoje é. Sobre essa experiência, escreveu o livro Os (Meus) Dias da Independência. Em 1992, desempenhou o cargo de director-geral das Eleições. Em sequência, publicou Eleições Angolanas 1992 – Uma Lição para o Futuro e Eleições em Tempo de Cólera, reunindo crónicas semanais escritas a partir de países onde trabalhou na organização de processos eleitorais. Presentemente, é juiz-conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional de Angola. Publicou ainda livros de contos e de histórias curtas, como O Conto da Sereia, O Astrónomo de Herodes, O Gosto Amargo do Quinino, Memórias de Um Dark Horse e o romance histórico Descompasso – Angola 1962.

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