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Oliveira de Azeméis quer candidatar tradição vidreira a Património da UNESCO
O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge Ferreira, explica que esta é uma atividade industrial com mais de 400 anos a funcionar no concelho “de forma ininterrupta”.
A Câmara de Oliveira de Azeméis vai candidatar a tradição vidreira e a evolução industrial no município a património cultural imaterial da UNESCO, para salvaguardar o passado de uma indústria que chegou a empregar mais de mil pessoas.
“Esta é uma marca identitária do nosso concelho. Não é normal termos a presença de uma atividade industrial durante mais de 400 anos num concelho a funcionar de forma ininterrupta. E foi isso que aconteceu com a indústria do vidro, desde a origem na Quinta do Côvo, em 1528, até finais da década de 90”, disse à Lusa o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge Ferreira.
O projeto de candidatura da tradição vidreira e evolução industrial em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, a património cultural imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, em inglês) foi apresentado esta terça-feira de manhã durante uma conferência de imprensa.
Atualmente, um grupo de trabalho criado pelo município está a elaborar o projeto para a inscrição da tradição vidreira no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da Direção-Geral do Património Cultural.
“Este é o primeiro passo para fazermos a candidatura à UNESCO. Sabemos que é um processo moroso, que não é fácil, mas é um percurso que nós vamos seguir e, claro, achamos que vamos ter sucesso nesta candidatura”, afirmou Joaquim Jorge Ferreira.
O autarca explicou que o objetivo desta candidatura é preservar a cultura do vidro e da tradição vidreira de Oliveira de Azeméis, procurando recriar a história desta indústria que, numa dada altura, foi “a grande empregadora no concelho”.
“Era muito difícil há 20 ou 30 anos encontrarmos alguém em Oliveira de Azeméis que não tivesse um familiar que não tivesse trabalhado na indústria vidreira. O Centro Vidreiro do Norte de Portugal chegou a empregar mais de mil pessoas — era a indústria mais importante da região — e, naturalmente, que nos interessa preservar todo este legado que nos foi deixado”, declarou o presidente da câmara.
A primeira fábrica do vidro em Portugal (a fábrica do Côvo) nasceu no século XVI em Oliveira de Azeméis. Ao longo dos séculos seguintes a indústria vidreira prosperou no concelho, ganhando uma dimensão cultural ímpar e influenciando o aparecimento de outras modernas indústrias como a dos moldes.
No âmbito desta candidatura, a autarquia vai promover, no dia 28 de maio, o seminário internacional “História e Cultura do Vidro na Identidade de um Povo” com comunicações de investigadores de Itália, Espanha e Portugal.
Antes, dia 24 de maio, é inaugurada uma exposição sobre a História Vítrea em Oliveira de Azeméis, na Escola Secundária Soares Basto.
por Lusa e Público | 21 de maio de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público