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Os corvos do Indielisboa estão a chegar

De 2 a 12 de maio, mais de 250 filmes, 50 dos quais portugueses, são mostrados no âmbito da 16.ª edição do Indie, que recebe a concurso novos filmes de Catarina Ruivo, Margarida Gil, Ico Costa ou Tiago Guedes.

A Minha Avó Trelótótó, híbrido ficção/documentário de Catarina Ruivo DR Tragam-me a Cabeça de Carmen M., de Catarina Wallenstein e Felipe Bragança DR Tristeza e alegria na vida das girafas de Tiago Guedes DR


“A Primavera chega e os corvos chegam com ela e instalam-se na Culturgest.” Foi assim que Mark Deputter, diretor artístico daquela instituição, deu o pontapé de saída para a apresentação do programa da 16.ª edição do Indielisboa. O corvo lisboeta é, claro, a “mascote” gráfica do certame, “ponto alto da programação” da Culturgest, nas palavras de Deputter, e que este ano corre de 2 a 12 de maio.

A um mês do arranque do festival, então, a equipa Indie fez já a “ocupação” do espaço que vai servir como “centro” oficial do certame, cujo segundo eixo, do Bairro Alto ao Marquês, abarca as salas dos cinemas São Jorge e Ideal e da Cinemateca Portuguesa. E foi na Culturgest que Carlos Ramos, Nuno Sena e Miguel Valverde, diretores do Indie, apresentaram o programa 2019 em conferência de imprensa, destacando os grandes “eixos” de um festival que teve, em 2018, 37.348 espectadores – o segundo melhor resultado de público de sempre para o Indie, ultrapassado apenas pelos 40 mil espectadores de 2010.

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Trata-se, então, de “trabalhar com o objetivo de sustentar” esse número, nas palavras de Sena, com um festival que o responsável diz ter um ligeiro aumento de orçamento (1,137,000 euros para 2019). Parte significativa do programa já tinha sido anunciado – a abertura a 2 de maio com The Beach Bum de Harmony Korine e o encerramento a 12 com Synonymes de Nadav Lapid; as retrospetivas dedicadas à musa da Nouvelle Vague Anna Karina e ao novo cinema brasileiro, o foco Silvestre dado à dupla francesa Caroline Poggi/Jonathan Vinel, em tempo de passagem à longa depois de uma série de curtas aclamadas em festivais.

Mas, como sempre, é para os títulos portugueses que se virou a atenção nesta conferência, visto que era a presença nacional que estava ainda “no segredo dos deuses”. Nas longas-metragens, concorrem seis títulos, dois dos quais em estreia mundial, assinados por realizadoras em regresso à competição do festival: Mar, de Margarida Gil, cujo Adriana venceu o concurso nacional em 2005; e A Minha Avó Trelótótó, híbrido ficção/documentário de Catarina Ruivo, que mostrou Em Segunda Mão na edição 2012.

Os outros quatro serão estreias nacionais de filmes que tiveram estreia noutros festivais – Alva, primeira ficção longa de Ico Costa (Roterdão); Campo, o documentário de Tiago Hespanha sobre o campo de tiro de Alcochete (Cinéma du Réel); Tragam-me a Cabeça de Carmen M., elogio multiculturalista de Catarina Wallenstein e Felipe Bragança (Tiradentes); e a comédia dramática de Tiago Guedes Tristeza e Alegria na Vida das Girafas (Guadalajara).

Nas curtas, serão 17 títulos dos quais 11 em estreia mundial: para lá de curtas que já estiveram em festivais como Past Perfect de Jorge Jácome, Grbavica de Manel Raga Raga e Fordlandia Malaise de Susana de Sousa Dias, haverá tempo para descobrir Filomena de Pedro Cabeleira, o autor de Verão Danado; Espectros da Terra, da prolífera dupla formada por Clara Pais e Daniel Fawcett; ou Invisível Herói, com o qual a luso-francesa Cristèle Alves Meira sucede a Campo de Víboras.

Nas palavras de Miguel Valverde, trata-se de “reconhecer os filmes e os autores em que acreditamos, o cinema que estamos a fazer [em Portugal] mas não apenas um certo tipo de cinema”. Esse reconhecimento prolonga-se aos Novíssimos (14 primeiras obras em contexto escolar, entre as quais uma longa, o documentário A Casa e os Cães de Madalena Fragoso e Margarida Meneses) e às sessões especiais. Haverá a estreia nacional de Hotel Império, a mais recente ficção de Ivo M. Ferreira, acompanhada pela exibição dos primeiros dois episódios da série que dirigiu, Sul; e novos filmes de Margarida Cardoso (o documentário Understory) e Marta Pessoa (Donzela Guerreira), a par de Um Ramadão em Lisboa, filme coletivo a doze mãos (Amaya Sumpsi, Carlos Lima, Catarina Alves Costa, Joana Lucas, Raquel Carvalheira e Teresa Costa).

Nuno Sena quis ainda dar um especial destaque ao IndieJunior, a secção dedicada aos mais jovens, que é já “um festival dentro do festival”, e aquela que é, nas suas palavras, “a maior secção do festival em termos de público”. Da programação 2019 destacam-se um filme-concerto em colaboração com a Casa da Música, com António Serginho, Óscar Rodrigues e Pedro Cardoso a musicarem filmes mudos de Chaplin e Keaton, e uma sessão dedicada à animação polaca dos anos 1960, à sombra de Vasco Granja e das curtas que exibia no seu programa da RTP.

Estes títulos juntam-se às já anunciadas dez longas do concurso internacional, todos primeiras, segundas e terceiras obras: Bait do inglês Mark Jenkin, De los nombres de las cabras dos espanhóis Silvia Navarro e Miguel Morales, De nuevo outra vez da argentina Romina Paula, Jessica Forever de Caroline Poggi e Jonathan Vinel, Lost Holiday dos americanos Thomas e Michael Matthews, Ne travaille pas (1968-2018) do francês César Vayssié, Present.Perfect da chinesa Shengze Zhu, Thou Shalt Not Kill dos romenos Gabi Virginia Sarga e Catalin Rotaru, So Pretty de Jessie Jeffrey Dunn Rovinelli e Temporada do brasileiro André Novais Oliveira.

A programação completa pode já ser consultada no site oficial e os bilhetes podem ser comprados a partir de 18 de abril. 


por Jorge Mourinha in Público | 2 de abril de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público 

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