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MAAT convida a distinguir imagens reais de fotografias manipuladas

Nova exposição do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Belém, assinala os 30 anos do programa Photoshop e a forma como revolucionou a fotografia de arquitetura.

Foto: Manuel de Almeida/Lusa


É uma exposição onde o visitante é desafiado a perceber o que são imagens reais e o que são imagens manipuladas. A nova exposição do MAAT – o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Belém, mostra a obra fotográfica de artistas que trabalham sobre arquitetura na era digital, 30 anos depois de ter nascido o programa Photoshop.

“Ficção e Fabricação: fotografia de Arquitetura Após a Revolução Digital” é o nome desta mostra, que reúne mais de 60 obras de cerca de 50 artistas. Parte dos trabalhos expostos pertence a uma das grandes coleções de fotografia que existe em Portugal, a Coleção do Novo Banco. Mas há também empréstimos, como um do Museu Reina Sofia de Madrid e obras da Coleção de Arte da Fundação EDP, algumas delas adquiridas para esta exposição.

A exposição começou por ser pensada por Pedro Gadanho para o MOMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, e agora é mostrada no edifício do MAAT numa versão mais alargada.

Entre os artistas expostos estão nomes como Jeff Wall, Thomas Ruff, Sabine Hornig, Antoni Muntadas, Aglaia Conrad, ou James Casebere. Há também trabalhos de portugueses como Edgar Martins, André Cepeda, Tatiana Macedo, Rita Sobral Campos e Teresa Braula Reis.

À Renascença, Pedro Gadanho, um dos curadores da mostra, explica que este conjunto de trabalhos pretende assinalar a revolução digital na fotografia de arquitetura.

“A questão que quisemos focar foi o pós-digital, que nos permite manipular, retocar e inclusive fabricar a imagem a partir do zero. A exposição tem um âmbito temporal preciso, porque se assinalam os 30 anos do Photoshop. Fala-se do impacto do digital com especial enfoque na arquitetura.”

Numa era da imagem, este olhar do artista sobre a realidade construída aparece também com paisagens “inventadas”, explica Sérgio Fazenda Rodrigues. O outro curador desta nova exposição do MAAT dá como exemplo uma fotografia que “parte de uma encenação da arquitetura” para “fabricar uma realidade”, porque é uma imagem de uma maquete, embora possa parecer, ao olhar do visitante mais distraído, uma fotografia de uma casa real.

“Quando se fala tanto sobre falsificação, aqui há uma espécie de inversão da lógica da fabricação da imagem com artistas que usam ferramentas digitais e de fabricação de imagem para comentar a forma como as imagens são cada vez mais fabricadas”, indica Pedro Gadanho à Renascença. O atual diretor do MAAT, em funções até junho, adianta que “as imagens que hoje tomamos como verdadeiras são, muitas vezes, falsas, ilusórias. São perfeitas, mas é porque são retocadas digitalmente”.

A mostra abre com o trabalho de Edgar Martins, fotografias de casas vazias na paisagem americana. As imagens geraram polémica quando foram publicadas no "New York Times", que as retirou assim que descobriu que tinham sido manipuladas.É esse o fio condutor da nova exposição do MAAT: o que é manipulado e o que é verdade, essa fina fronteira na imagem fotográfica, para descobrir em Lisboa até 26 de agosto.


por Maria João Costa in Renascença | 19 de março de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença
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