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Grafiti e pinturas rupestres. Porque é que pintamos as paredes há milhares de anos?
A resposta pode ser encontrada num espetáculo para jovens em cena a partir desta sexta-feira, no LU.CA, em Lisboa.
Das gravuras de Foz Côa aos grafiti que hoje enchem as paredes das cidades, onde se podem traçar as diferenças? O que é legal e o que é transgressão? Porque é que, afinal, riscamos as paredes há milhares de anos? A resposta pode ser encontrada num espetáculo para jovens adolescentes que começa sexta-feira, em Lisboa.
O LU.CA – o Teatro Luis de Camões, na Calçada da Ajuda recebe o “Válvula”, um espetáculo que mistura Hip-Hop, vídeo e performance. Até 10 de Fevereiro, há sessões para escolas e famílias, num espetáculo criado pelo desenhador António Jorge Gonçalves depois de um “desafio” que lhe foi lançado pela responsável do LU.CA. Susana Menezes.
À Renascença, António Jorge Gonçalves explica que o nunca tinha trabalhado par ao público jovem “que é uma espécie de «buraco negro» dos públicos do teatro, porque chegam ao fim do segundo ciclo e desaparecem quase para não voltar”. Numa entrevista que pode ouvir esta sexta-feira no programa Ensaio Geral depois das 23h00, o desenhador indica que estava a fazer “uma pesquisa sobre a arte rupestre e o nascimento da arte” e que quis cruzar isso com “o grafiti” de forma a tornar o tema apelativo par o público jovem.
O espetáculo mistura imagem, vídeo, desenho criado em tempo real com música. Para esta performance, o desenhador António Jorge Gonçalves convidou o ativista e músico Flávio Almada aka LBC Soldjah que estabelece um diálogo entre o Hip- Hop e a arte do grafiti.
Depois do ensaio, o músico explicou à Renascença que para si o “grafiti é uma marca”. De acordo com as suas palavras é o mesmo que “dizer «Estão a ver-me? Estou aqui». Ao mesmo tempo é o direito á cidade, o direito de participar na construção da cidade, de a transformar. O grafiti é uma forma de exercer a cidadania.”
No espetáculo levantam-se questões atuais como o racismo e a tolerância. Temas que surgem do diálogo que António Jorge Gonçalves vai fazendo com o público sentado na plateia deste pequeno teatro recentemente recuperado com a assinatura dos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira.
Segundo o artista, “o espaço público é onde nos encontramos todos, e é também onde somos testamos a sentirmos como é que convivemos com as nossas diferenças”. António Jorge Gonçalves deixa por isso uma mensagem de esperança: “Ficaria muito feliz se os jovens adultos saíssem deste espetáculo com a visão e com essa capacidade de entendimento de que o grafiti é uma questão de espaço público e do que queremos para esse espaço”.
“Válvula” vai estar em cena no LU.CA – o Teatro Luis de Camões na Ajuda, em Lisboa até 10 de fevereiro com sessões para escolas e famílias, integrado no Ciclo “Porque pintamos as paredes”.
por Maria João Costa in Rádio Renascença | 31 de janeiro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença