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Coração Duplo
Estreia literária de Marcel Schwob, Coração Duplo é uma obra fundamental de um autor clássico há muito afastado das livrarias, marcada por um estilo novo de fantástico, influência maior para o surrealismo vindouro de André Breton ou o imaginário de Jorge Luis Borges.
«O coração do homem é duplo; nele o egoísmo compensa a caridade; a pessoa é o contrapeso das massas; a conservação do ser conta com o sacrifício dos outros; os polos do coração estão no fundo do eu e no fundo da humanidade.»
Ao longo das suas páginas, sob o signo do «Terror e Piedade», desfilam cenários de banquetes faustosos na antiga Roma, ambientes góticos da Paris medieval ou relatos apocalípticos de sociedades futuras, onde o absurdo e o sobrenatural se encontram com o humor negro, e o medo espreita na fantasia do sonho.
Assumindo claramente a influência de Robert Louis Stevenson, a quem dedica este livro, Marcel Schwob cria um conjunto de contos baseados no conceito aristotélico do terror e piedade que deveria estar na base de toda a ficção.
Marcel Schwob (1867–1905) foi, em finais do século XIX, uma das mais importantes figuras da vida cultural parisiense.
Antes de se tornar escritor, foi jornalista, cronista e um estudioso do argot medieval. Dedicou-se à crítica e teoria literária, e traduziu e divulgou, em França, Stevenson, Meredith, Defoe e De Quincey.
O livro de contos Coração Duplo marca a estreia literária de Schwob, bastante elogiada pela crítica e pelos pares. Anteriormente publicados em Portugal, encontramos O Rei da Máscara de Ouro e Outras Novelas Fantásticas, O Livro de Monelle, A Cruzada das Crianças e Vidas Imaginárias.
Aos trinta anos, já muito doente, refugia-se em Samoa, como Stevenson, e morre pouco tempo depois.