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Mafalda Veiga volta à Praia e aos palcos, em "encontro de amigos"
Um disco reeditado com extras, um livro de canções com desenhos de Ana Vidigal e finalmente o concerto no Campo Pequeno, no dia 26: assim vai Mafalda Veiga, em 2019.
Mafalda Veiga celebrou três décadas de canções em 2018. Abriu o ano com o seu primeiro espetáculo em solo absoluto, Crónicas da Intimidade de Uma Guitarra Azul, teve 30 letras suas ditas e gravadas por outras tantas vozes (atores, escritores, músicos, amigos) e encheu o Coliseu do Porto no dia 12 de outubro. Mas o concerto de Lisboa, marcado para o dia seguinte, no Campo Pequeno, foi cancelado. Mafalda Veiga não esquece esse dia: “Foi o furacão Leslie. Nós tínhamos acabado de fazer ensaio de som, eles já sabiam que havia aquela dúvida mas não nos quiseram dizer antes de terem a certeza.”
Mas o malogrado concerto vai mesmo acontecer: será no próximo sábado, dia 26, às 22h, no mesmo recinto. E com ganhos: “Pudemos voltar a ouvir o [concerto do] Porto, que correu lindamente, e foi possível melhorar coisas." Por questões de agenda, no entanto, alguns convidados não se repetirão. No Porto estiveram Jorge Palma, Rui Reininho e Miguel Araújo, em Lisboa Tiago Bettencourt devia juntar-se aos dois primeiros. Mas como Jorge Palma está fora, ficou um lugar vago, que será ocupado por Ana Bacalhau. “Eram, todos eles, pessoas que eu teria querido convidar, mas tinham-me dito que só podiam ser três por espetáculo. A Ana está sempre na minha lista de convites, porque é uma pessoa com quem adoro trabalhar. Foi ótimo contar com ela.”
Com Ana Bacalhau, Mafalda poderá cantar um tema de que gosta muito: Because the night, de Patti Smith. “Há uns anos cantei com ela o Because the night nas Festas da Cidade [de Lisboa], no Rossio. E desafiei-a agora a experimentar outra vez. É uma das hipóteses para cantarmos juntas. Além do Imortais, que ela também já cantou comigo.”
Quanto a Tiago Bettencourt, estará com ela em Balançar (que já tinham cantado juntos no Coliseu de Lisboa). Rui Reininho, por sua vez, acompanhá-la-á em Miúdas malucas (adaptação que fez para português da canção Luka, de Suzanne Vega) e em Praia, dueto incluído no disco homónimo que Mafalda Veiga agora está a reeditar.
O single anexo à nova edição desse álbum, originalmente lançado em 2016, traz ainda mais dois duetos: Imortais (com Jorge Palma) e Planície (com Miguel Araújo). “Já que estava numa época de comemoração, fui buscar amigos e colegas com quem já tinha trabalhado para reviver os momentos especiais que tive com eles”, explica Mafalda Veiga. O caso de Miguel Araújo foi uma exceção: não havia nenhuma parceria anterior para replicar, pelo que a cantora lhe disse que poderia escolher o que queria cantar, sem deixar de acrescentar que gostaria muito que a escolha recaísse sobre Planície. Foi então que se deu "uma coincidência maravilhosa", diz ao PÚBLICO: “Ele respondeu-me: ‘Isto só pode ser cósmico, eu gravei isto ontem no telefone e mandei a um amigo meu. Vê lá se gostas desta versão.’” Ela gostou tanto que a gravaram em dueto.
De encontro em encontro
Entretanto, estará à venda já no concerto de Lisboa (e será lançado no Porto em fevereiro) um livro com letras de canções de Mafalda Veiga e desenhos inéditos de Ana Vidigal. Chama-se E Arrumei as Gavetas e Cuidei do Meu Jardim (uma frase da canção Olha como a vida é boa): “Ela fez, baseada numa das letras, Por outras palavras, dez desenhos inéditos, cada um com um verso desse texto.”
A ideia do livro nasceu da iniciativa 30 canções ditas por…, um lote de gravações de letras de Mafalda Veiga por 30 personalidades, originalmente divulgado no site do PÚBLICO. “Foi maravilhoso. Foi uma ideia da [escritora e poeta] Filipa Leal. Um dia estávamos na minha sala de ensaios, ela tinha ido lá gravar um poema para o ter em voz off num recital, e pediu se podia gravar um dos meus. Pegou na letra do Restolho, que ela ouvia quando era miúda, gravou-a, e partir daí veio a ideia de convidar outras pessoas. Ditas, as letras ganham outra dimensão. E para mim foi emocionantíssimo. A Simone comoveu-se a ler; o Ruy de Carvalho tinha preparado o texto com notas, com um interesse e uma dedicação maravilhosos...”
Antes ainda do concerto de Lisboa, Mafalda Veiga atuará em Silves, esta sexta-feira (Teatro Mascarenhas Gregório, 21h30). Depois, a 14 de fevereiro, estará no Porto, nas Quintas de Leitura, ciclo de poesia promovido pelo Teatro Municipal Campo Alegre, que terá como convidada Filipa Leal. Depois, talvez haja novo disco lá mais para o final do ano. É uma hipótese em aberto.
Olhando para 2018, o balanço é mais do que positivo: “Foi um ano intensíssimo, porque tudo foi muito importante." E Mafalda Veiga não quer deixar de destacar o modo "especialíssimo" como decorreram as gravações dos duetos com os seus convidados: "Não quis que fosse em estúdio, quis ir ter com eles: queria que isto soasse a casa, a um encontro de amigos.” E assim foi, em “modo caseiro.” O resultado desses encontros está no recém-reeditado disco e nos vídeos. E mostra-se ao vivo, uma vez mais, este sábado no Campo Pequeno.
por Nuno Pacheco in Público | 22 de janeiro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público