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A Portuguesa e outros portugueses vão a Berlim

Programação da 69.ª edição da Berlinale recebe fora de concurso novos filmes de Rita Azevedo Gomes, Carlos Conceição e Susana de Sousa Dias. Agnès Varda, François Ozon, Nadav Lapid, André Téchiné ou Aretha Franklin são nomes fortes este ano.

A Portuguesa é uma adaptação de um conto de Robert Musil


É com o anúncio de A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes, e Serpentário, de Carlos Conceição, que se completa a programação da edição 69 da Berlinale, o festival de cinema de Berlim que premiou Miguel Gomes, Leonor Teles, João Salaviza e Diogo Costa Amarante. No certame de 2019, a decorrer de 7 a 17 de fevereiro, há uma única presença competitiva – a curta experimental Past Perfect, de Jorge Jácome (Flores), no concurso de curtas Berlinale Shorts. As duas longas surgem na secção paralela Forum, que recebeu em anos anteriores filmes de Salomé Lamas, Filipa César, André Gil Mata, Hugo Vieira da Silva, João Viana ou Sandro Aguilar.

Este ano, a delegação é encabeçada por A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes (A Vingança de uma Mulher, Correspondências), estreada no festival de Mar del Plata. É uma adaptação de um conto de Robert Musil, o autor de O Homem sem Qualidades, com diálogos da romancista Agustina Bessa-Luís, fotografia de Acácio de Almeida e música original de José Mário Branco. Clara Riedenstein e Marcello Urgeghe têm os papéis principais do filme, que conta ainda com a participação de Ingrid Caven e tem já data de estreia marcada em Portugal (28 de fevereiro).

Serpentário, projeto há longo tempo em gestação de Carlos Conceição (Boa Noite Cinderela, Coelho Mau), terá aqui estreia mundial – rodada com o ator João Arrais, a longa é um regresso à sua Angola natal sob forma de documentário ensaístico ficcionado (a sua curta de 2015 Acorda, Leviatã era já uma primeira abordagem ao material). Também estreia mundial é a da mais recente curta de Susana de Sousa Dias (48, Luz Obscura), Fordlandia Malaise, um ensaio documental de 40 minutos sobre a utopia construída por Henry Ford na floresta amazónica, presente no Forum Expanded.

As presenças portuguesas coincidem no Forum com uma assinalável presença brasileira que inclui A Rosa Azul de Novalis de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro, vencedores do IndieLisboa com Lembro Mais dos Corvos, Querença de Helvécio Marins Jr. e Chão de Camila Freitas.

Está, entretanto, já encerrada a competição oficial desta 69.ª Berlinale, a última sob a direção de Dieter Kosslick, que cede o cargo a Carlo Chatrian, ex-diretor do festival de Locarno. A concurso perante um júri presidido por Juliette Binoche estarão 16 longas-metragens, com uma forte presença de habitués berlinenses: o canadiano Denis Côté com Répertoire des villes disparues; o francês François Ozon, com Grâce à Dieu, com Melvil Poupaud e Denis Ménochet; o turco-alemão Fatih Akin, com Der Goldene Handschuh, história de um serial killer em Hamburgo; ou os chineses Zhang Yimou, com One Second, e Wang Xiaoshuai, com So Long, My Son.

Do concurso fazem também parte cineastas reconhecidos no circuito de festivais como a alemã Angela Schanelec, com Ich war zuhause, aber , e o israelita Nadav Lapid, que estreia a sua terceira longa, Synonymes. A seu lado, estarão ainda Der Boden unter den Füßen da austríaca Marie Kreutzer; Elisa y Marcela da espanhola Isabel Coixet; God Exists, Her Name is Petrunya da macedónia Teona Mitevska; A Tale of Three Sisters do turco Emin Alper; Mr. Jones da polaca Agnieszka Holland; Öndäg do mongol Wang Quan’an; La Paranza dei Bambini do italiano Claudio Giovannesi, adaptação de um livro de Roberto Saviano; Systemsprenger da alemã Nora Fingscheidt; e Out Stealing Horses do norueguês Hans Petter Moland. O filme de abertura é The Kindness of Strangers, realizado pela dinamarquesa Lone Scherfig (Italiano para Principiantes, Uma Certa Educação).

Fora de concurso, exibem-se o novo documentário de Agnès Varda, Varda par Agnès; Amazing Grace, o aclamado registo do concerto gospel de Aretha Franklin de 19872 que saiu finalmente dos arquivos onde residia há décadas, terminado por Alan Elliott a partir de material filmado por Sydney Pollack; Vice, a história de Dick Cheney contada por Adam McKay; L’adieu à la nuit do veterano André Téchiné, com a sua musa habitual Catherine Deneuve; ou a estreia na realização do ator brasileiro Wagner Moura, Marighella, com Seu Jorge.

A edição 2019 do festival homenageia a atriz britânica Charlotte Rampling com um programa de dez filmes que inclui Os Malditos de Luchino Visconti, O Porteiro da Noite de Liliana Cavani e Sob a Areia de François Ozon.

Outros filmes exibidos nas secções não competitivas são o documentário de Charles Ferguson Watergate e a nova ficção do indiano Ritesh Batra (A Lancheira), Photograph (Berlinale Special); o documentário de Seamus Murphy sobre P. J. Harvey, A Dog Called Money, a estreia na realização do actor Jonah Hill, Mid90s, e What She Said: The Art of Pauline Kael, retrato documental da célebre crítica norte-americana (Panorama); e versões restauradas de Ordet de Carl Theodor Dreyer e de A Cidade Turbulenta de George Marshall, com James Stewart e Marlene Dietrich (Berlinale Classics).

O festival corre de 7 a 17 de fevereiro.


por Jorge Mourinha in Público | 18 de janeiro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público 

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