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Uma nova e delicada voz da poesia angolana
Guardados Numa Gaveta Imaginária…, livro de estreia de Tchiangui Cruz, nova voz da poesia angolana. A obra editada pela Guerra e Paz, Editores, representa, segundo o escritor e poeta angolano, José Luís Mendonça, o legado poético de Viriato Clemente da Cruz e Maria Eugénia Neto.
Guardados Numa Gaveta Imaginária… é o título do livro de estreia da poeta, tradutora e professora angolana Tchiangui Cruz, cujas raízes portuguesas, cabo-verdianas e indianas criam uma interessantíssima massala cultural, tão rica quanto a sua poesia.
Os poemas reunidos no livro foram escritos entre 2014 e 2016. A autora, Tchiangui Cruz, bebeu inspiração em situações do quotidiano, nos rituais da vida em Luanda, incluindo os da infância, e exprimem sentimentos, emoções, estados de alma de um eu lírico.
Uma poesia de natureza fragmentária, expressa por vezes em prosa e fazendo uso da chamada «licença poética», a permissão para extrapolar a norma culta da língua e aproximá-la da linguagem oral, neste caso, da fala popular luandense, denunciando o carácter fingidor da poesia.
Em paralelo à temática autobiográfica, amorosa e feminina, transversal a vários poemas, a escrita ela mesma é um dos temas, resgatando uma vontade de escrever desde a adolescência – os «poemas guardados numa gaveta» – e elaborando certa reflexão sobre o próprio acto de fazer poesia.
Leitura da poesia de Tchiangui Cruz:
José Luís Mendonça (escritor, poeta):
«Esta poesia foge muito da tendência actual de grande parte dos jovens poetas angolanos, que segue uma linha discursiva livresca ou dicionarista, em que a teoria da literatura se sobrepõe ao conhecimento lunar do acervo literário do país e de outras latitudes do planeta, fruto, também, mas não só, da fraqueza didáctica do ensino em Angola. […] Do legado poético dos precursores, Tchiangui Cruz reergue Viriato, “sinto o sol, sinto o vento / vindo de Luanda”. E nas pedras das calçadas da cidade, ela segue “os passos / de Eugénia, caminhando pelas ruas lado a lado / com o poeta, / segredando intenções, avançando com cautela, / procurando pelo bairro os estudantes / do Império.”»
Biografia da autora
Tchiangui Cruz nasceu em Luanda, Angola. Formou-se em Estudos Portugueses e Estudos Românicos na Faculdade de Letras de Lisboa, é professora universitária em Luanda. Também já viveu em Lisboa, em Londres e na Cidade do Cabo. Para si, a poesia identifica-se com a própria arte, como forma de linguagem, mesmo que não verbal. Busca inspiração nas diversas formas artísticas, desde a literatura à música e ao cinema, mas sobretudo no quotidiano, nas estórias que estão por aí, à espera de serem contadas. Todos os materiais servem à poesia. Até aos 16 anos, pensava que ia ser pintora, mas aos 17 descobriu na poesia e na escrita uma forma de expressar os seus sentimentos, o seu olhar sobre a vida, de se procurar. Como escreveu Manoel de Barros: «Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo que fui salvo.» Assim aconteceu entre si a poesia, uma descoberta pelo olhar, procurando um caminho.
Guardados Numa Gaveta Imaginária
Tchiangui Cruz
Ficção / Poesia
64 páginas · 16,5x20 · 12,00€
Nas livrarias a 15 de Novembro
Guerra e Paz, Editores