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Um palco 100% Porto num Rivoli que apaga 87 velas em dois dias de festa
A 19 e 20 de janeiro, o Teatro Municipal do Porto celebra o seu aniversário com 13 espetáculos de entrada gratuita propostos por artistas e companhias da cidade.
Toda uma cidade num palco, é assim que este ano se vai celebrar o aniversário do Rivoli, que a 19 e 20 de janeiro completa 87 anos de existência. Para ajudarem a apagar as velas, nos dois dias de festa, o Teatro Municipal do Porto (TMP) convocou 100 portuenses das sete freguesias da cidade, que vão dar corpo à peça do coletivo suíço Rimini Protokoll 100% Porto – cujo título serve também de tema para a celebração –, em cena nesse fim-de-semana no Grande Auditório.
Replicar-se-á no Porto o que o coletivo suíço já anda há dez anos a fazer noutras cidades, como Tóquio, São Paulo ou Londres. Aqui, sobem ao palco portuenses anónimos e algumas figuras carismáticas, como o boavisteiro Manuel do Laço ou a moçambicana Ti Orlanda, dona de um dos primeiros restaurantes africanos do Porto.
Neste espetáculo, marcado para as 21h30 do dia 19 e para as 17h do dia 20, os protagonistas não-profissionais dão corpo a opiniões e a dados estatísticos que compõem a paisagem humana da cidade. Diz o diretor do TMP, Tiago Guedes, que esta será “uma grande ode aos habitantes da cidade”.
A este espetáculo central somam-se mais 12, todos produzidos por artistas e companhias da casa, que também são aposta para a programação de março a julho, apresentada em conferência de imprensa esta quinta-feira pela direção do teatro.
Durante os dois dias de festa, serão apresentadas por todo o edifício outras propostas de áreas artísticas como a música, o teatro ou a dança. Entre outros, estará no Rivoli o espetáculo de dança Entre)Laçados, de Valter Fernandes, a peça A Grande Guerra do Patoá, de Jorge Louraço Figueira e Rodrigo Santos, a performance Bastidores, de Tânia Dinis, e SØMA, trabalho de som e imagem de Jonathan Uliel Saldanha.
Como noutros anos, todos os espetáculos são de entrada gratuita. Para Tiago Guedes, esta é também uma forma de abrir as portas do teatro àqueles que menos o frequentam.
Dias da Dança e FITEI num só
Entre março e julho, semestre para o qual também foi avançada a programação, estão já agendados para o Rivoli e para o Teatro Campo Alegre mais de 50 espetáculos. Parte da programação diz respeito aos festivais DDD – Dias da Dança e FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, que em 2019 regressam entre 24 de abril e 25 de maio numa edição contínua feita em parceria.
Explica Tiago Guedes que os dois eventos se encontram à terceira semana do DDD, que começa mais cedo, saindo assim os dois reforçados em termos de comunicação e de programação, e transformando o Porto num “centro de artes performativas”, como disse na sessão o presidente da autarquia, Rui Moreira, também responsável pelo pelouro da Cultura.
A programação dos dois festivais só será apresentada, como é habitual, em Março, mas para o DDD estão já confirmados nomes como os dos coreógrafos Christian Rizzo (França), Marcelo Evelin (Brasil), Cristiana Morganti (Itália) e da companhia TAO Dance Theatre (China).
Dezasseis estreias absolutas
Outros destaques destes seis meses de programação nomeados pelo diretor do TMP são o espetáculo do suíço Milo Rau, 120 dias de Sodoma, que nasce a partir da obra de Marquês de Sade, adaptada ao cinema por Pier Paolo Pasolini, e as duas récitas que o coreógrafo norte-americano William Forsythe, “um dos maiores coreógrafos vivos”, levará ao Rivoli em Junho, mês em que também por lá passará a espanhola Rocío Molina.
Contas feitas por Rui Moreira, durante estes seis meses, excluindo alguns espetáculos que ainda integrarão o DDD e o FITEI, o TMP receberá 58 espetáculos, num total de 96 apresentações. Destes, 16 são estreias absolutas, 13 são de artistas internacionais em estreia em solo nacional, 38 são de artistas e companhias que trabalham na cidade e 21 são co-produções. Tudo isto somado, traduz-se num investimento de aproximadamente 640 mil euros.
O autarca refere ainda que continuará a parceria com o festival de circo contemporâneo Trengo, organizado pela coletivo Erva Daninha, dando relevo a uma área artística que considera estar a “ganhar expressão” na cidade.
por André Veira in Público | 10 de janeiro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público