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Os designers portugueses em destaque na História do Design Gráfico da Taschen

1.	Uma capa da Almanaque, de Sebastião Rodrigues, no livro da Taschen [DR] [DR] [DR] [DR] [DR] [DR] O trabalho gráfico de Vignelli em torno do sistema de metro de Nova Iorque Exemplo do trabalho do White Studio, de Eduardo Aires, sobre a marca Porto [Paulo Pimenta]


Cerca de 15 nomes estão representados entre centenas dos melhores exemplos e autores de design gráfico dos últimos 128 anos. Sebastião Rodrigues, os R2 e Jorge Silva em destaque. Marca Porto ou capas de Saramago distinguem Portugal.

Vários designers portugueses estão em destaque na nova obra The History of Graphic Design, editada pela popular Taschen. São cerca de 15 nomes espalhados pelos dois volumes deste trabalho ambicioso que contempla os contributos de centenas de profissionais desde 1890 e até aos nossos dias para desenhar o nosso quotidiano. Os principais destaques são para Sebastião Rodrigues e para a dupla formada por Lizá Ramalho e Artur Rebelo, os R2.

O primeiro volume, The History of Graphic Design - Book 1: 1890-1959, foi editado há um ano e está à venda nas livrarias portuguesas. Da autoria de Jens Müller, designer, curador e professor, e Julius Wiedemann, designer e editor, é uma edição trilingue de grandes dimensões organizada de forma cronológica.

São 70 anos de design, com mais de 2500 exemplos de “desenhos seminais de todo o mundo” e que foca 61 designers em particular – como Edward Johnston (autor do logótipo e tipo de letra do metro de Londres), A. M. Cassandre e seus cartazes art déco ou o construtivista El Lissitzky e o icónico Saul Bass e suas animações e desenhos para o cinema. Há pelo menos cinco trabalhos de portugueses neste primeiro tomo.

Logo na introdução, brilha em página inteira o poster para a Autosil de Sena da Silva (1951), que recomenda: “troque a sua bateria por uma Autosil”. Seguem-se Jorge Barradas e sua capa da revista ABC (1920), e outra capa, assinada por Moraes, mas em 1906 e da revista Serões, com uma lua leitora e como um dos exemplos do momento em que o processo de impressão CMYK (um sistema de quadricromia) foi pela primeira vez aplicado em várias partes do mundo.

Do livro consta ainda o designer que se assinava como Pina e que mostra um azul com mulher em bicos de pés a promover o Estoril como destino de mar e barcos à vela (1932). O livro encerra com outra reprodução de página inteira, de autoria anónima, de uma capa do jornal satírico A Paródia, dirigido e fundado por Raphael Bordallo Pinheiro. Nesta publicação colaboraram artistas como Jorge Cid, Sancho, Botelho, Neca, Alfredo Cândido, Petrus ou Manuel Monterroso e João de Saavedra.

No segundo livro, acabado de chegar, em Novembro deste ano, às bancas, aos cinco designers portugueses da primeira leva juntam-se nove nomes (entre os quais dois "anónimos"). O período em análise em The History of Graphic Design - Book 2: 1960–Today coincide com o eclodir da afirmação do design enquanto profissão em Portugal e com a actividade de vários ateliers, de arquitectos ou artistas plásticos que mesclavam as suas tarefas de formação com as artes gráficas.

É outro livro repleto de imagens reconhecíveis ou traços indeléveis, posters incontornáveis nas decorações das casas e momentos vintage de design gráfico com a prova de serem clássicos nas suas reproduções actuais. The History of Graphic Design - Book 2: 1960–Today analisa as mudanças nos estúdios e no trabalho do designer gráfico, a introdução dos computadores em larga escala, a internet, a comunicação sobre design, a vulgarização da impressão 3D e até os novos papéis dos designers, como pensadores – o “design thinking” nas empresas ou na sociedade –, como curadores de exposições temáticas – como Stefan Sagmeister e The Happy Show, que terminou a sua vida em 2018 precisamente em Lisboa.

 

 

Há desde o poster de A Rede Social, de David Fincher e sobre o fundador do Facebook, até ao logótipo em eterna mutação da MTV, passando pelo poster para Greatest Hits, de Bob Dylan (1967), ou a sinalética do aeroporto de Schipol em Amesterdão (1967). E logo na capa está o frontispício da revista Almanaque, de Sebastião Rodrigues, de 1960, que enche o olho para depois encher a primeira de duas páginas do volumoso livro em honra do designer nascido em 1927 e que morreu em 1997 e cujo trabalho é analisado. “Um protagonista-chave do desenvolvimento do design gráfico em Portugal”, editor, e expressivo modernista durante o seu trabalho com a Fundação Calouste Gulbenkian. As escolhas estão mais focadas entre o final dos anos 1950 e o início dos anos 1960.

 

 

Num livro que desta feita inclui mais de 3500 exemplos e analisa em detalhe cerca de 80 obras, há quase 120 designers alvo desse destaque dado a Sebastião Rodrigues – entre eles os nomes-chave da disciplina como Massimo Vignelli, outro autor da exposição gráfica de um sistema de metropolitano, o de Nova Iorque, Neville Brody (o mentor da revista The Face), Sagmeister ou Paula Scher e seu trabalho na identidade gráfica do Citibank e tantos outros grafismos. Entre os designers com direito ao mesmo nível de destaque estão os portuenses Lizá Ramalho e Artur Rebelo, os R2, cujo trabalho em cartazes e não só se espalha por obras feitas a partir de 2000 e até 2016.

No interior da capa do livro, a abrir, mora outra capa – a de As Intermitências da Morte, de Jorge Silva (2008); depois numa página dedicada ao ano de 2014 surgem os trabalhos de dois designers portugueses – novamente Saramago por Jorge Silva, desta feita as novas capas das reedições da sua obra, mas também a identidade gráfica da cidade do Porto criada por Eduardo Aires e já muito premiada. Também o logótipo de 2004, sem autoria atribuída, da cidade de Lisboa está mencionado na secção dedicada ao “city branding”. E Jorge Silva, referido através do trabalho gráfico da sua Silvadesigners para o Teatro Municipal São Luiz, tem ainda mais uma menção relativa a 2008.

O poster de João Machado para o IV Festival Internacional de Cinema dos Países de Língua Oficial Portuguesa, de 1990, representa uma das escolhas do ano em causa; igualmente incontornável, Victor Palla está em destaque com a sua capa para o romance No fundo deste canal, de Alfredo Margarido (1960), para os exemplos dos trabalhos produzidos em 1960; e Marcelino Vespeira e o seu cartaz pós-revolução (1975) para o programa de Dinamização Cultural do MFA (Movimento das Forças Armadas) está em amarelo, verde e vermelho junto a vários outros posters do ano.

 


por Joana Amaral Cardoso, in Público | 31 de Dezembro de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público 


 

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