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O Festival de Guitarra de Guimarães está cada vez maior e mais internacional

O Festival Internacional de Guitarra de Guimarães apresenta, à quinta edição, o maior cartaz de sempre, com 11 concertos em nove espaços, de 18 a 29 de dezembro.

Dejan Ivanovic DR


Depois de ter aparecido na paisagem cultural da cidade há quatro anos, o Festival Internacional de Guitarra de Guimarães (FIGG) vai, na quadra natalícia deste ano, ser ainda mais audível. O evento é um dos 17 membros da EuroStrings, plataforma europeia para a guitarra clássica, e apresenta, neste ano, uma série de 11 concertos – em 2017, foram oito.

Mas, na quinta edição do evento, os 14 guitarristas convidados não vão apenas tocar. Em seis dos nove dias do evento — há uma pausa entre os dias 23 e 25 —, os músicos vão também orientar masterclasses para guitarristas emergentes.

Já decorridas em anos anteriores, as formações harmonizam-se com os concertos num evento que, desde a sua génese, olha a guitarra clássica como um instrumento digno de estudo e de uma abordagem erudita, apesar de popularmente utilizado, afirmou ao PÚBLICO o diretor artístico do FIGG, Nuno Cachada. “Pedimos a quem viesse tocar que pudesse partilhar o seu conhecimento”.

Orçado em 40 mil euros, o evento organizado pela Sociedade Musical de Guimarães inclui, no elenco escolhido, alguns regressos, nomeadamente os do esloveno Max Grgic, do francês Judicael Perroy e do duo composto pelo grego Michalis Kontaxakis e pelo croata Dejan Ivanovic, que apresentou o primeiro concerto do festival, em 2014.

Com 23 anos de carreira como guitarrista, Dejan Ivanovic vive em Portugal desde 1998 e dá aulas na Universidade de Évora desde 2007. Contactado pelo PÚBLICO, o músico realçou que o festival adquiriu dimensão europeia, depois do seu arranque “tímido e modesto", prometeu que o concerto no Auditório Nobre da Universidade do Minho, vai ser “bastante diferente” do de há quatro anos. Entre as peças escolhidas, destacou um arranjo inédito para duas guitarras da obra Quadros de uma exposição, escrita para piano pelo russo Modest Mussorgsky, em 1874.

Há, porém, outros nomes que se vão apresentar pela primeira vez em Guimarães, como o alaudista brasileiro Vinicius Perez, e o guitarrista e compositor norte-americano Brian Head. Ao longo dos 30 anos de carreira, o músico já atuou como solista com a Orquestra Filarmónica de Los Angeles, e, na quinta-feira, dia 20, vai dar um concerto no Paço dos Duques de Bragança, onde se incluem algumas obras suas, como Sketches for Friends e Fanfare.

Diretor artístico da Fundação de Guitarra da América (GFA) desde 2010, Brian Head disse que o festival partilha o seu objetivo de tornar a guitarra mais relevante no panorama artístico. “A guitarra é um instrumento ainda marginalizado, em comparação com o piano, com a música de orquestra, com a música popular”, disse ao PÚBLICO, nesta segunda-feira, após ter chegado a Guimarães.

Crescer numa plataforma europeia

A entrada na EuroStrings foi o “ponto de viragem” para o festival, vincou Nuno Cachada. A plataforma surgiu no ano passado, em Zagreb, graças a um financiamento de dois milhões de euros do programa comunitário Europa Criativa. Para o guitarrista, essa verba possibilitou uma aposta mais forte na formação e na circulação de guitarristas emergentes por vários países.

O acesso a essa circulação pode ser garantido nos concursos internacionais, iniciativa obrigatória em cada um dos 17 festivais. O FIGG organizou o concurso em todas as edições e já conta com cerca de 100 músicos inscritos para a quinta edição, 80 deles portugueses.

O vencedor, adiantou o diretor artístico do FIGG, vai poder atuar em, pelo menos, oito festivais do calendário 2019/20. Neste ano, cinco dos 14 guitarristas presentes em Guimarães provêm dos concursos do ano anterior: Giulia Ballaré e Simone Rinaldo, de Itália, Yuki Saito, do Japão, Katarzyna Smolarek, da Polónia, e Julia Trintschuk, da Alemanha.

Face ao sucesso da plataforma, Nuno Cachada revelou que a EuroStrings vai acolher mais três festivais no final de 2019 e que os seus membros já decidiram apresentar uma candidatura para estender a plataforma além de 2021, data em que estava previsto o seu fim.


Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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