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Os três regressam de uma vez: Lucky Luke, Blake e Mortimer e Michel Vaillant
Dificilmente se reuniriam três álbuns tão significativos dos melhores tempos da banda desenhada das revistas franco-belgas como acontece agora em Portugal de uma só vez: Lucky Luke, Blake e Mortimer e Michel Vaillant.
O auge da banda desenhada franco-belga já passou há uns anos, mas quem aprecia a nona arte e devorava revistas como Tintim, Spirou e Pilote, tem uma inesperada prenda neste Natal: os novos álbuns de Lucky Luke, Blake e Mortimer e Michel Vaillant. Com uma particularidade, o espírito das aventuras originais está recriado pelos sucessores de uma forma tão perfeita que nem se distingue à primeira vista.
Sendo três géneros de banda desenhada bastante diferentes, se houvesse que fazer uma votação o Óscar iria para Um Cowboy em Paris, do cavaleiro solitário Lucky Luke. Não sendo de autoria de Morris e Goscinny, ou só de Morris, os sucessores Achdé (desenho) e Jul (argumento) fazem um álbum que poderia ser confundido com um dos melhores dos autores originais. A história envolve os irmãos Dalton, os índios, carruagens, as pradarias do Oeste e tudo o mais que caracteriza o universo deste herói, mas o argumento consegue reunir tudo isso que é habitual com a primeira viagem para fora do continente americano. França é o destino, pois Lucky Luke é encarregado de trazer a Estátua da Liberdade para os Estados Unidos em segurança. Repleto de referências, com muitas piadas, diálogos divertidos, com uma história bastante inteligente e um desenho perfeito, este Lucky Luke é imperdível.
Para o apreciador de BD franco-belga que não quer rir, o regresso de Blake e Mortimer em O Vale dos Imortais (Tomo I) é a grande opção. Com argumento de Yves Sente e desenho de Berserik e Van Dongen, este regresso de uma das mais icónicas duplas que fizeram história devido ao génio de Edgar P. Jacobs, confirma que Yves Sente é o seu melhor sucessor. A história volta a pôr Olrik perante Blake e Mortimer e recupera muitos dos cenários da única trilogia de Jacobs.
O Segredo do Espadão. Mais, todo o álbum é decalcado - de forma original - dessa trilogia e permite a quem se recorda desse grande início das aventuras da dupla mergulhar no mesmo espírito que se vivia aquando da sua publicação. Até porque o populismo atual não difere em muito do deste álbum, bem como as ameaças bélicas. Para os fãs de Jacobs este é o reencontro mais pacífico de quem assegura a continuação destas aventuras.
O piloto Michel Vaillant foi a grande criação de Jean Graton, que tinha a particularidade de alternar um álbum de corridas puro com episódios mais ou menos fotonovelescos da vida da família Vaillant. O sucessor Philippe Graton, com a ajuda de Lapiére e Benéteau, tem vindo a recuperar o personagem ao longo de seis álbuns, em que nem sempre as corridas automobilísticas são o prato forte - e que os leitores querem - e a história perdia-se numa luta de poder com o clã Vaillant. Neste sétimo álbum, Macau, parece que acertaram definitivamente no argumento e o álbum balança as provas em circuitos e a intriga que ameaça os protagonistas. Faz lembrar os melhores álbuns de Jean Graton em que o Leader era estrela.
Um Cowboy em Paris, Lucky Luke
O Vale dos Imortais (Tomo I)
Macau, Michel Vaillant
Todos editados pela ASA
por João Céu e Silva e Diário de Notícias | 3 de dezembro de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Diário de Notícias