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Pela primeira vez, o livro de Fernando Pessoa e Jesus Cristo

Que estranho, há tantos textos, poemas e prosa, de Fernando Pessoa e heterónimos sobre a figura de Jesus e tem-se passado como cão por vinha vindimada pelo tema.


Agora, chega às livrarias uma antologia que vem reparar a falha e esse injusto apagamento da relação controversa e nada canónica que Fernando Pessoa e os seus apóstolos, se assim podemos chamar aos heterónimos, mantiveram com Jesus, louvando-o, definindo-o, atacando-o. Não a Ti, Cristo, Odeio ou Menos Prezo oferece aos leitoresuma abordagem inédita da obra pessoana, uma viagem que começa na mais celebratória inocência do Jesus Menino e acaba na mais crucificada e nocturna amargura.

É a primeira vez que estes textos estão reunidos num só livro, numa antologia que nos permite aceder à visão que Jesus tinha Fernando Pessoa. É surpreendente que ele tenha de Jesus, por um lado, uma imagem de inocência e pura vitalidade, e por outro lado seja doutrinariamente tão anti-cristão. Fernando Pessoa, em particular no célebre poema de Alberto Caeiro, que abre o livro, louva um Cristo Menino, deliciosa e subversivamente livre e pagão, para logo, sobretudo pelo olhar de Ricardo Reis, ser irónica e superiormente anti-cristão.

Não a Ti, Cristo, Odeio ou Menos Prezo é um livro com  36 textos, poesia e prosa, de Fernando Pessoa & Heterónimos, com momentos sublimes, que visitam e seguem Cristo. Se de alguma coisa gostava, Fernando Pessoa gostava de ser extravagante. A extravagância pressupõe uma determinada, mas indireccionada, vontade de vaguear. Fernando Pessoa gostava de vaguear por Jesus Cristo. Cultivou dele, vagueando-o, do presépio à cruz, uma visão extravagante, fora de todos os códigos. A antologia foi organizada por Manuel S. Fonseca, que assina também o texto de apresentação, com o título “Não era cristão em verso”.

Sinopse 

Esta antologia começa num meio-dia de fim de Primavera, com um risonho, ágil e imparável Menino Jesus em fuga. E acaba, dolorosa e nocturna, em morte, cabeça acolhida aos braços de Cristo, nesses braços cujo estranho amor é o fim do mundo.

Pela primeira vez, reúnem-se num só livro os textos que Fernando Pessoa e os seus heterónimos escreveram sobre a figura de Jesus Cristo. O resultado é uma visão pessoana surpreendente da figura de Jesus: por um lado, uma imagem de inocência e pura vitalidade a convocar uma devoção comovente, por outro lado, um livro doutrinariamente anticristão. É estranho que esta vertente, anticristã, em louvor de um Cristo Menino, libertador e pagão, nunca tenha sido aprofundada pelos especialistas de Pessoa. São 36 textos, poesia e prosa, com momentos sublimes, que visitam e seguem Cristo. Se de alguma coisa gostava, Fernando Pessoa gostava de ser extravagante. A extravagância pressupõe uma determinada, mas indireccionada, vontade de vaguear. Fernando Pessoa gostava de vaguear por Jesus Cristo. Cultivou dele, vagueando-o, do presépio à cruz, uma visão extravagante, fora de todos os códigos.

Biografia de Fernando Pessoa 

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888 em Lisboa. Foi também em Lisboa que morreu, a 30 de novembro de 1935. 

PROFISSÃO: A designação mais própria será «tradutor», a mais exata a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação. 

IDEOLOGIA POLÍTICA: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reacionário.

POSIÇÃO RELIGIOSA: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria. 

POSIÇÃO INICIÁTICA: Iniciado, por comunicação direta de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal. 

POSIÇÃO PATRIÓTICA: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: «Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação». 

POSIÇÃO SOCIAL: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.

Não a Ti, Cristo, Odeio ou Menos Prezo
Fernando Pessoa e Apóstolos
Antologia Organizada por Manuel S. Fonseca
Ficção / Poesia
120 páginas · 15x23 · 13,90€
Guerra e Paz, Editores

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