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Viagem pela diversidade da língua portuguesa no Museu da Eletricidade

Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens Foto Carlos Manuel Martins/Global Imagens


Nove painéis traçam a linha do tempo da língua portuguesa, fazendo a introdução da exposição A Língua Portuguesa em Nós que até 21 de outubro ocupa uma parte do Museu da Eletricidade, em Lisboa. "Uma história longa, complexa e linda que começa com o latim", explica Isa Grinspum Ferraz.

Uma versão reduzidíssima dos originais 33 metros que ocupam as paredes da Estação da Luz, prédio icónico de São Paulo, onde o Museu da Língua Portuguesa foi instalado em 2006. E sem os meios tecnológicos que a nova versão do museu terá, quando reabrir em dezembro de 2019, renovado após o incêndio que em dezembro de 2015 obrigou ao seu fecho, "com recurso a objetos, depoimentos, músicas, para além de textos e fotografias", enumera Isa Grinspum Ferraz, uma das responsáveis dos conteúdos do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Duas experiências audiovisuais, que representam dois importantes eixos do museu paulista, completam a exposição. A experiência símbolo do Museu, a Praça da Língua, é apresentada em pequena escala no Museu da Eletricidade. Trata-se de uma instalação imersiva em que o visitante é confrontado com textos poéticos eruditos e populares, ditos por vozes tão conhecidas como Chico Buarque ou Maria Bethânia, ou em forma de canções.

O segundo momento faz parte do eixo "a língua no quotidiano" e também aqui se trata apenas de uma amostra do que voltará a ser visto em São Paulo a partir de dezembro de 2019, data em que se prevê que a reconstrução esteja completa, uma obra no valor de 60 milhões de euros que conta com a EDP Brasil como mecenas, respondendo por um terço do investimento. De entre os 12 pequenos filmes originais, em Lisboa são exibidos dois, dedicados à música e à culinária.

Acervo ampliado

A iniciativa de produzir a exposição foi do ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro para manter o museu vivo, explicou ontem na inauguração Paula Alves de Sousa, responsável pelo departamento cultural do Itamaraty.

"É uma grande satisfação para nós esta etapa de Lisboa, é o coroamento de uma itinerância. A nossa ideia era que a língua portuguesa falasse com o seu povo. Tal como a língua portuguesa é viva, quisemos trazer também a vida ao próprio museu. Assim o museu esteve vivo através da exposição", afirmou.

Uma exposição que já passou por Cabo verde, Angola e Moçambique antes de chegar a Portugal. E que acabou por proporcionar a recolha de depoimentos dos visitantes. "Essa itinerância trouxe uma oportunidade de colectar os sons, os sotaques e principalmente os sentimentos das pessoas que em Cabo verde, Angola e Moçambique visitaram a exposição. E agora estamos fazendo isso aqui [em Lisboa]. Esses depoimentos vão depois ser incorporados ao acervo do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo", avançou Hugo Barreto, diretor de conteúdos da Fundação Roberto Marinho que em 2002 começou a desenvolver o projeto do museu em torno da língua portuguesa, "o primeiro museu 100 por cento dedicado a uma língua".

Juntamente com o espaço de leitura, de jogos e de experiências, especialmente pensado para as crianças, no espaço Cápsula os visitantes são convidados a gravar em vídeo um depoimento sobre a sua relação com o idioma. E há quem o faça a cantar, a declamar ou simplesmente dizendo olá.

Exposição fica em Óbidos

Lisboa é a derradeira paragem desta exposição itinerante, que passará a ter um caráter mais permanente em Óbidos. Fruto de um acordo entre o Museu, a Fundação Roberto Marinho e a Câmara de Óbidos, pelo menos durante três anos está assegurada a sua permanência na vila portuguesa.

Já em São Paulo, seguem os trabalhos de restauro do Museu que entre 2006 e 2015 teve mais de quatro milhões de visitantes.

"É um museu diferente de todos os outros museus do Brasil. É um museu que tem um truque: o visitante é ao mesmo tempo o visitado porque ele se visita a si mesmo, visita sua própria identidade, a sua essência. Afinal de contas, nós sonhamos em português, amamos em português, odiamos em português. É um museu que sempre despertou no visitante brasileiro e internacional uma enorme identidade afetiva. Não é por acaso que foi eleito pela Trip Advisor um dos dois melhores museus da América Latina", refere Hugo Barreto.

"É um museu que oferece ao visitante quase que uma viagem cosmológica pelo universo da sua própria língua. E aqui, o que temos é uma pequena representação do conteúdo do museu a partir de uma abordagem trazida pelo académico José Miguel Wisnik, com essa ideia de A Língua Portuguesa em Nós. Em nós num triplo sentido: nós, os sujeitos falantes desta língua nas suas várias vertentes; nós, a unidade de navegação que leva essa língua através das embarcações portuguesas por tudo o planeta; e nós no sentido dos nós feitos com cordas que nos amarram e desamarram, nos embaraçam e desembaraçam nas relações lusófonas entre os vários países.

Para além dos depoimentos recolhidos durante a itinerância da exposição, o conteúdo do renovado Museu da Língua Portuguesa será ampliado "com a dimensão geopolítica e o valor económico da língua", avançou Hugo Barreto. "Segundo o Instituo Camões, o português é a quarta língua na internet e a terceira no Facebook. Fiquei impressionado com esses dados".

Em paralelo com a exposição realizam-se mesas literárias (13 de outubro), oficinas para famílias (14 de outubro), um ciclo de cinema e um seminário.


por Marina Marques/Plataforma in Diário de Notícias | 9 de outubro de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Diário de Notícias 

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