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Ver o Museu de Arte Antiga como Monica Bellucci o vê
Com o programa 12 Escolhas, o MNAA quer colocar pessoas de várias áreas a olhar para as suas coleções. Depois do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e do príncipe Amyn Aga Khan, a convidada é a atriz italiana Monica Bellucci.
É a figura da Virgem Maria que Monica Bellucci parece privilegiar nos destaques que faz da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa. Ela aparece em três das pinturas que escolhe — Julgamento Final (Mestre de 1549), Adoração dos Magos (1826) e Coroação da Virgem (1830), ambos de Domingos António de Sequeira — e duas vezes na escultura em barro, nas figuras de presépio saídas das mãos de Faustino José Rodrigues (Virgem com o Menino, c. 1793) e de um clérigo cujo nome ainda hoje se desconhece (Presépio do Convento de Nossa Senhora das Necessidades, 1775-1800).
No roteiro que a atriz italiana de Malèna (Giuseppe Tornatore, 2000) e de Irreversível (Gaspar Noé, 2002) desenhou a convite de Arte Antiga cabem ainda um painel de azulejos islâmicos concebido para “emoldurar” a parte superior de uma porta (Síria, 1570-1589); um centro de mesa em prata da primeira metade do século XVIII, feito pelos célebres ourives franceses Thomas e François-Thomas Germain (pai e filho); uma tapeçaria de manufatura belga com a representação do Batismo de Cristo e outra produzida no Irão, ambas do século XVI; e um óleo do holandês Pieter de Hooch, contemporâneo de Vermeer, que nos mostra uma cena doméstica galante da Amesterdão do XVII (Conversação, 1663-65).
“As peças que escolhi encarnam, simbolicamente, a herança clássica à qual pertenço e os meus ideais de convivência e de aprofundamento de relações com todos os seres vivos, aqui representados pelo amor maternal, pela introspeção espiritual, pela partilha, diálogo, beleza natural…”, diz no pequeno desdobrável com o roteiro de Bellucci, a italiana que comprou casa em Lisboa em 2016, o ano em que a vimos como A Noiva no belíssimo Na Via Láctea, de e com o cineasta sérvio Emir Kusturica.
O animal e o espiritual estão presentes nas duas peças de produção portuguesa com que se dá por completo o “menu MNAA” de Bellucci: um aquamanil em forma de peixe (século XVII) e o Arcanjo São Miguel de asas longas que esmaga um dragão mas não perde o ar sereno, quase dócil, atribuído a João Afonso, mestre das oficinas de Coimbra (século XV).
Com o programa 12 Escolhas, Arte Antiga convida pessoas de várias áreas a olhar para as suas coleções. Bellucci segue-se ao Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e ao príncipe Amyn Aga Khan. Diz o museu que é ainda cedo para anunciar o nome do convidado de setembro. Para já estão marcadas duas visitas guiadas de acordo com o roteiro da atriz italiana (30 de agosto, às 15h30; 2 de setembro, às 11h30).
in Público | 16 de agosto de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público