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Foi encontrado o mais antigo extracto da Odisseia de Homero
Placa de argila escavada em Olímpia contém 13 versos do poema. Os arqueólogos acreditam que pode datar do século III d.C..
Uma placa de argila contendo a transcrição de 13 versos da Odisseia, o poema épico de Homero, foi encontrada no decorrer de escavações em curso na antiga cidade de Olímpia, no sudoeste da Grécia. A notícia foi divulgada esta terça-feira pelo Ministério da Cultura grego, que avança como datação provável desta peça o século III d.C., ou mesmo antes.
“Se esta datação for confirmada, a placa poderá ser o registo escrito mais antigo da obra de Homero jamais descoberto”, acrescenta o comunicado governamental, citado pela AFP.
A peça em causa regista um fragmento do canto 14 da Odisseia, que descreve o regresso de Ulisses à ilha de Ítaca e o seu reencontro com o seu velho criado Eumeu, vários anos após o fim da Guerra de Tróia.
A descoberta foi realizada por uma equipa dos serviços de arqueologia da Grécia, dirigida por Erophilis-Iris Koleda, que desde há três anos, com o apoio do Instituto Alemão de Arqueologia (e arqueólogos de várias universidades deste país), vem trabalhando em volta dos vestígios de um templo de Zeus naquela região do Peloponeso, berço dos Jogos Olímpicos.
No seu comunicado, e salvaguardando ainda a necessidade de se confirmar a datação da placa, o Ministério da Cultura grego diz que este achado, além da sua “singularidade”, é um “grande testemunho arqueológico, epigráfico, filológico e histórico”.
A Odisseia é uma obra seminal no cânone da literatura ocidental. É atribuído a Homero, que viveu no século VIII a.C., e a sua criação seguiu-se à da Ilíada. Inicialmente transmitida por via oral, a Odisseia foi registada em rolos, ainda antes da era cristã. Até hoje, foram apenas descobertos alguns fragmentos no Egipto.
Ao dar a notícia da descoberta, o jornal francês Le Figaroanuncia a realização de uma exposição precisamente dedicada a Homero no museu Louvre Lens, em Março de 2019, comissariada por Alexandre Farnoux, director da Escola Francesa de Atenas. Será certamente uma oportunidade para a apresentação de uma investigação mais detalhada sobre a história do registo material desse poema, que esteve também na origem da literatura ocidental.
in Público, 11 de julho de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público