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Rota das Catedrais: "A Igreja sempre foi um estaleiro de arte"

Obras de arte de todas as catedrais portuguesas, e até das cidades que perderam o estatuto de diocese, encontram-se no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

magens de catedrais - Foto Diana Quintela/ Global Imagens Pinturas que estiveram no retábulo da Sé de Viseu. À esquerda, a primeira representação de um índio na pintura europeia" - Foto Diana Quintela/ Global Imagens Foto Diana Quibntela/ Global Imagens O Menino Jesus da Cartolinha, oriundo de Miranda do Douro - Foto Diana Quibntela/ Global Imagens Uma imagem que veio de Setúbal- Foto Diana Quibntela/ Global Imagens Os cadernos de música - Foto Diana Quibntela/ Global Imagens O curador da exposição, Marco Daniel Duarte - Foto Diana Quintela/ Global Imagens A exposição pode ser vista no Palácio da Ajuda até 30 de setembro - Foto Diana Quintela/ Global Imagens


Curtida pelo tempo, gasta e puída, a cátedra mais antiga do país é do final da Idade Média. Ainda está a uso, e, excecionalmente, saiu da catedral de Valença do Minho para poder ser vista na exposição Rota das Catedrais, que abre esta quinta-feira ao público na galeria de pintura do rei D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda.

Para ninguém foi fácil separar-se dos seus tesouros, admite Marco Daniel Duarte, curador da exposição. Nem para as catedrais nem para os museus "que também têm as suas liturgias", diz o diretor do Museu do Santuário de Fátima. Alguns ficam privados dos seus maiores tesouros durante três meses. É o caso do Museu Grão Vasco que emprestou o quadro de Vasco Fernandes que pertenceu ao retábulo da Sé de Viseu onde está representado o primeiro índio. "A primeira representação de um índio foi numa catedral", afirma o curador, frisando a importância da igreja como encomendador de obras de arte.

Em Miranda do Douro, fez-se uma "consulta à comunidade" para saber se concordavam emprestar o Menino Jesus da Cartolinha, e é mostrado numa secção dedicada aos objetos únicos. A imagem, do século XVIII, veio de fatinho verde, mas tem um autêntico enxoval. O chapéu que lhe dá nome é do século XIX.

Mais de 50 entidades estão envolvidas nos empréstimos para esta exposição. E mais de seis meses depois de terem começado as conversas para reunir as peças, elas encontram-se na galeria de pintura do rei D. Luís. "Cada uma que chegava era como um troféu", resume Teresa Albino, conservadora da Direção Geral do Património Cultural. De Bragança ou Coimbra. De Setúbal ou de Viseu. De catedrais que ainda existem, mas também de outras que já não existem, como Pinhel, Penafiel, Elvas e Idanha.

Há dioceses recentes como a de Santarém, que adaptou um antigo colégio de Jesuítas à função, outras vêm da Idade Média, uma época em que não se podia ser cidade sem bispo e catedral. Às mais antigas, Marco Daniel Daniel Duarte chama de "âncoras da cultura", estão no centro das cidades, como acontece em Lisboa e no Porto, e são exemplos de todas as disciplinas artísticas - escultura, pintura, têxteis, ourivesaria - e de "todas as cronologias da histórias da arte".

"A Igreja sempre foi um estaleiro de arte", afirma Marco Daniel Duarte, na visita guiada à exposição. De um prato do século VIII antes de Cristo encontrado na Sé de Lisboa a uma pietà de José Rodrigues século XXI, são 113 as peças selecionadas para a exposição. A abrir, três projeções em vídeo, com imagens captadas nas catedrais portuguesas "para entrar no ambiente e dar o contexto visual de uma catedral", diz Teresa Albino. "Só depois é que está preparado para ver o espólio", brinca.

Mostrar o que se faz numa catedral foi o objetivo que Marco Daniel traçou para a exposição. Com cadeiral e atril, Livro de Horas, casula, faldistório ou báculo. Ou, por outras palavras, uma fileira de assentos para o coro, o suporte para posar textos, o missal, uma veste solene usada em ocasiões especiais, o assento dos bispos ou o cajado.

"Um exemplo de boa cooperação entre um Estado que é laico e a Igreja"
É preciso recuar a 2009 para encontrar o princípio desta exposição. Nesse ano, ministério da Cultura e Conferência Episcopal Portuguesa uniram-se para criar esta rota das catedrais, 23 no total. "Um exemplo de boa cooperação entre um Estado que é laico e a Igreja", refere a diretora-geral do Património Cultural ao DN.

De então para cá reforçaram-se os núcleos museológicos de cada catedral. "Que este momento seja um impulso para conhecer Portugal através da rota das catedrais, chamando a atenção para um património riquíssimo que tem de ser conservado de valorizado" acrescenta. A exposição pode ser vista até 30 de setembro.

Rota da Catedrais
Até 30 de setembro de 2018
Galeria de Pintura do rei D. Luís I, Palácio Nacional da Ajuda

Largo da Ajuda, Lisboa
Das 10h00 às 18h00, todos os dias, exceto às quartas-feiras

Bilhetes: Exposição - 5 euros; Exposição + Visita ao Palácio da Ajuda - 8 euros



por Lina Santos in Diário de Notícias | 28 de junho de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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