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Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz recebe Prémio da UE para o Património Cultural
Prémio Europa Nostra e Prémio Escolha do Público
Os vencedores do Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémio Europa Nostra 2018 foram hoje homenageados numa cerimónia em Berlim, na presença do Presidente da Alemanha Frank-Walter Steinmeier. O Maestro Plácido Domingo, Presidente da Europa Nostra – a principal rede europeia do património que o Centro Nacional de Cultura representa em Portugal – e o Comissário Europeu para a Educação, Cultura, Juventude e Desporto, Tibor Navracsics, anunciaram e apresentaram os 7 Grandes Prémios, escolhidos entre os 29 projetos premiados deste ano. Pela primeira vez, um projeto português, o Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, foi distinguido com o Prémio Escolha do Público. Mais de 7,000 pessoas votaram online nos seus projetos favoritos.
Os 7 vencedores do Grande Prémio, escolhidos por um júri de peritos, receberão cada um 10.000€:
:: Categoria Conservação
Dr. Barner’s Sanatorium, Braunlage/Harz, ALEMANHA
Byzantine Church of Hagia Kyriaki, Naxos, GRÉCIA
The Bac Fortress, Bac, SÉRVIA
:: Categoria Investigação
EPICO: European Protocol in Preventive Conservation, coordinated in Versailles, FRANÇA
:: Categoria Serviço Dedicado ao Património
Mrs. Tone Sinding Steinsvik, NORUEGA
Private Water Owners of Argual and Tazacorte, Canary Islands, ESPANHA
:: Categoria Educação, Formação e Sensibilização
Culture Leap: Educational Programme, FINLÂNDIA
A Cerimónia foi um dos momentos altos do programa da primeira Cimeira Europeia do Património Cultural, um dos principais eventos do Ano Europeu do Património Cultural 2018, que decorreu em Berlim entre 18 e 24 de junho.
FOTOS DA CERIMÓNIA | VIDEOS DA CERIMÓNIA | |
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Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz
O Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, construído em cerca de 1770, foi destruído em 1984 por uma cheia catastrófica. Em 2012, iniciou-se um projeto de investigação com vista à possível reconstrução informada do jardim, apoiada pela documentação disponível e pela identificação dos elementos ornamentais e de alvenaria deslocados durante a catástrofe e recuperados dos escombros. A coleção botânica foi estabelecida com o apoio da Botanic Gardens Conservation International e envolveu vários parceiros europeus. O restauro foi inteiramente autofinanciado pela Parques de Sintra, com recurso a fundos obtidos exclusivamente da receita gerada pelo acolhimento de visitantes e pelas vendas de bilheteira.
«Este projeto foi bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido. Para isso recorreu-se a investigação arqueológica, à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente», notou o júri.
Foram realizadas escavações arqueológicas para obter mais informações em fase anterior à recuperação de cada aspeto do jardim, o que resultou em escolhas informadas por parte dos conservadores, em termos de design e arquitetura paisagista. Os trabalhos incluíram a reconstrução de quatro estufas e o restauro e conservação de azulejos pintados e elementos em alvenaria, tais como a fonte ornamental e as estátuas circundantes. Estes elementos regressaram ao seu lugar original no jardim. O processo de recuperação incluiu trabalhos nos muros, nos pavimentos e a introdução de novos sistemas energéticos, de gestão de água e de segurança. Foi ainda criado um projeto educacional e interpretativo.
«O projeto é um excelente exemplo de colaboração interdisciplinar que envolveu também a comunidade local. A divulgação dos resultados foi forte e possibilitou a conclusão do projeto. Isto irá criar sensibilização quanto aos resultados e garantir a sua sustentabilidade», sublinhou o júri.
Queluz tinha um dos quatro jardins botânicos construídos no século XVIII em Portugal, com ligações a alguns dos mais antigos jardins botânicos da Europa durante o período do Iluminismo, como os de Pádua (Itália), Madrid (Espanha) e Amesterdão (Holanda). A descoberta do índice de espécies cultivadas original, de 1789, com uma lista de todas as plantas conhecidas dos botânicos na altura, completou a pesquisa e impulsionou os investigadores a estabelecerem contactos com jardins botânicos de toda a Europa com o fim de obter plantas dos seus bancos de sementes e viveiros.
Os meticulosos estudos e pesquisas de elementos arqueológicos e recuperados dos escombros, o exame detalhado das estruturas existentes e o absoluto respeito pela traça original tornam a reconstrução do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz num estudo de caso europeu, pela metodologia utilizada na reconstrução de um jardim histórico na sequência de um desastre natural.
Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémios Europa Nostra
O Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémios Europa Nostra foi lançado pela Comissão Europeia em 2002 e tem sido organizado pela Europa Nostra desde então. Estes Prémios celebram e promovem as melhores práticas de conservação, pesquisa, gestão, voluntariado, educação e comunicação na área do património. Desta forma, contribui para o crescente reconhecimento pior parte do público do património cultural como recurso estratégico para a economia e sociedade europeias. Os Prémios são apoiados pelo programa Europa Criativa da União Europeia.
Nos últimos 16 anos, organizações e indivíduos de 39 países apresentaram um total de 2,883 candidaturas aos Prémios. Em relação ao número de candidaturas por país, Espanha está em primeiro lugar, com 516 projetos, seguindo-se Itália, com 296 candidaturas, e o Reino Unido, com 289 projetos propostos.
Desde 2002, júris constituídos por peritos independentes selecionaram 485 projetos premiados de 34 países. Em linha com o número de candidaturas, a Espanha lidera a lista com 64 prémios recebidos. O Reino Unido está em segundo lugar com 60 prémios. A Itália ocupa a terceira posição (41 prémios).
Um total de 109 Grandes Prémios, de €10.000 cada, foram entregues aos melhores projetos, selecionados entre os vencedores.
Portugal conta já com 17 projetos premiados, entre os quais se encontra um Grande Prémio (projeto SOS Azulejo, em 2013) e, este ano, o primeiro Prémio Escolha do Público.
Europa Nostra
A Europa Nostra é uma federação pan-europeia de organizações não-governamentais ligadas ao património, que é apoiada por uma ampla rede de entidades públicas, empresas privadas e indivíduos. Abrangendo 40 países na Europa, é a voz da sociedade civil empenhada na salvaguarda e promoção do património cultural e natural europeu. Fundada em 1963, a Europa Nostra é hoje reconhecida como a mais representativa organização do património na Europa. Plácido Domingo, cantor de ópera de renome mundial, é o presidente da organização. A Europa Nostra atua para salvar os monumentos, sítios e paisagens mais ameaçados da Europa, em particular através do programa ‘Os 7 mais ameaçados'; celebra a excelência através do Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémios Europa Nostra e contribui para a formulação e implementação de estratégias e políticas europeias relacionadas com o património, através do diálogo estruturado com as instituições da EU e a coordenação da Aliança do Património Europeu 3.3. É representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura.
>> Mensagem do Presidente da República para a Cimeira do Património Cultural Europeu de Berlim
>> Leia aqui o Apelo de Berlim :: THE BERLIN CALL TO ACTION
>> Oiça aqui o programa Ensaio Geral da Rádio Renascença dedicado ao Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz