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"A Gargalhada de Augusto Reis"
Um romance em dois tempos sobre a poesia, talvez a maior expressão de liberdade.
Escritor, encenador, cronista, Jacinto Lucas Pires regressa ao romance com A Gargalhada de Augusto Reis, que marca a sua estreia no catálogo da Porto Editora. Nas livrarias a partir de 24 de maio, este é, em última instância, um livro sobre as várias formas de liberdade. Alternando passado e presente – os tempos do Estado Novo, o pós-25 de Abril e a atualidade –, Jacinto Lucas Pires guia o leitor, não sem um olhar crítico, através das várias liberdades de um povo. A acompanhar-nos nesta história, três personagens que a poesia vai unir: o diretor de um banco no Estado Novo, poeta de renome, um jovem de um bairro pobre da periferia lisboeta com pretensões literárias e uma cineasta à procura de um novo rumo.
SINOPSE
Dois tempos. Duas realidades. Duas vidas distintas. De um lado, o poeta Augusto Reis, administrador de um banco e reputado académico com ligações indistintas ao regime de Salazar, que vê a sua vida ruir com o 25 de Abril. Do outro, Djalma dos Santos, um jovem de um bairro da Amadora, que em pequeno encontrou um poema de Augusto Reis e o guardou como tesouro, como mantra. A unir os dois tempos, Sofia Bessa, realizadora cujo último filme foi arrasado pela crítica e que, a medo, aceita o desafio para um novo documentário. A unir os dois homens, a poesia. Alternando passado e presente, A Gargalhada de Augusto Reis é, em última instância, um romance sobre o mistério mais simples e o mais fugaz: a alegria.
O AUTOR
Jacinto Lucas Pires nasceu no Porto, em 1974, e vive em Lisboa. Publicou vários romances (Do sol, Perfeitos milagres, O verdadeiro ator – galardoado com o Grande Prémio de Literatura DST 2013), livros de contos (Assobiar em público, Grosso modo), de não ficção, entre os quais Livro usado, e uma coleção infantil, em coautoria com a ilustradora Sara Amado. Em 2008, foi-lhe atribuído, pela Universidade de Bari/ IC, o Prémio Europa – David Mourão-Ferreira. Escreve peças de teatro para diferentes grupos e encenadores e realizou três curtas e uma longa-metragem, Triplo A (2017). Colabora como comentador na Rádio Renascença e escreve uma crónica benfiquista no jornal O Jogo. Faz parte, com Tomás Cunha Ferreira, da banda Os Quais.
EXCERTO DO LIVRO
«Uma multidão de miúdos num lugar longe dali. Numa terrinha de província, Boiços, no norte-interior da sua memória. Miúdos magros, vestidos de cores escuras ou sujas; miúdos sépia dos velhos dias do Estado Novo; miúdos com os gestos pesados de quem carrega, desde nascença, um «destino traçado», o de serem iguais aos pais, pessoas repetidas e caladas que criem filhos repetidos e calados, e assim para sempre. Miúdos de cabelos negros e olhos claros emagrecendo pela cidade, rezando palavrões com vozes quebradas. Sim, claro, a universalidade da escola democrática alterou isto, sem dúvida. Hoje, mesmo nos “meios mais desfavorecidos” (guarde-nos Deus Nosso Senhor de todos os eufemismos e meias-palavras), uma criança pode sonhar mais, pode imaginar-se diferente. Sem dúvida. Mas ainda é tão gritante a desigualdade, tão obscena a injustiça. Como é que se consegue ser livre assim?»
Título: A Gargalhada de Augusto Reis
Autor: Jacinto Lucas PirEs
Págs.: 264
PVP: 16,60 €