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Cinco pianos à solta na cidade. Ou Abril instala-se em Lisboa

Entre os dias 6 e 30, regressa uma programação pensada com a memória da Revolução, um olhar contemporâneo e algumas provocações.

Museu do Aljube | José Frade Exposição de fotografias de Monique Jaques, Gaza Girls - Growing up in the Gaza Strip | Monique Jaques Sala da Rank Filmes no Cinema São Jorge - ou a sala da censura | José Frade


Dia 20, os cinco pianos estão nas grandes estações de Lisboa - Santa Apolónia, Rossio, Cais do Sodré, no Oriente e Entrecampos -, dia 21 em coretos, dia 22 em jardins, a 24 em praças e no dia 25 de Abril juntam-se na Praça do Comércio. "Vamos ver, vamos ver, para nós é uma surpresa também", diz Joana Gomes Cardoso. A presidente da Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), que assegura a programação de Abril em Lisboa - de que esta Liberdade para Tocar é um dos momentos - diz não querer condicionar a experiência das pessoas: "É esta ideia de que a música, sendo uma linguagem universal, qualquer pessoa, independentemente da origem, da nacionalidade, de saber ou não tocar, vai ter a possibilidade de tocar o que souber ou o que quiser."

Não sabemos se os pianos espalhados pela cidade entre as 10 e as 20.00 vão dizer "toque-me" ou se vão ter apenas os materiais gráficos desta programação dedicada a resgatar os valores da liberdade e juntá-los aos da memória. "É uma provocação", acede Joana Gomes Cardoso. "A ideia de transgressão e de disrupção como este Abril que se passou na rua, ao levar um objeto destes para a rua, tem este lado simbólico". Uma coisa é certa, não haverá pianistas contratados para o caso de ninguém se sentar e tocar, garante.

Para além dos sons que sairão dos cinco pianos, a programação de Abril em Lisboa, que acontece pelo segundo ano consecutivo, volta com o Festival Política - decorre no Cinema São Jorge, de 19 a 22 de abril, com cinema, debates, concertos, workshops, atividades para crianças e os apetecíveis cinco minutos com o deputado (dia 20 às 18.30) -, e com os Dias da Memória no Museu do Aljube. Aqui há o convite a deixar os seus testemunhos, os seus objetos, as suas memórias da resistência e da revolução, que são depois recolhidos e tratados por investigadores (dia 25, das 10 às 18.00).

As mulheres na(s) história(s)

Neste jovem museu gerido pela autarquia lisboeta, a comemorar o terceiro aniversário, terá lugar a peça de Joana Brandão Coragem Hoje, Abraços Amanhã, escrita a partir de testemunhos, cartas e memórias de mulheres que foram presas pela PIDE durante o período do Estado Novo.

A mulher tem, aliás, um foco particular nesta programação: "Há este olhar sobre as mulheres e isso parte um pouco do princípio de que as mulheres são esquecidas nesta história, ou nas histórias. Se calhar quando pensamos no 25 de Abril, pensamos mais em figuras masculinas do que femininas e na verdade as mulheres tiveram papéis muito importantes e ainda têm, fazendo essa ponte com a atualidade", refere Joana Gomes Cardoso. Outro ponto alto deste Abril em Lisboa, será a peça do Teatro do Vestido, com direção e texto de Joana Craveiro Quotidianos de Resistência e de Revolução de Mulheres. Acontece entre os dias 13 e 21 entre a sala da censura no Cinema São Jorge e a Avenida da Liberdade. Foi um espetáculo criado de raiz para esta programação e tem entrada livre, mediante levantamento de bilhete no dia do espetáculo. Atenção que a sala da Rank Filmes, que foi aberta ao público pela primeira vez há um ano (aqui era feita censura prévia no Estado Novo), tem apenas 21 lugares...

No Parque das Nações mostram-se as fotografias de Monique Jaques, Gaza Girls - Growing up in the Gaza Strip. Uma exposição que reflete a vivência das raparigas que chegam à idade adulta neste território. "Isto é uma programação que não se cinge ao 25 de Abril, extrapola para uma ligação com os espaços da cidade e na perspetiva dos temas da atualidade", explica a presidente da EGEAC.

Com uma imagem gráfica ancorada nas ilustrações de Evelina Oliveira, Abril em Lisboa procura um público abrangente. "Às vezes as gerações mais novas estão mais desligadas do 25 de Abril e eu acho que estaremos a fazer bem o nosso trabalho se conseguimos captar também esse público diverso do ponto de vista geracional", frisa. "Não estamos a falar de uma programação tão massificada [como as Festas de Lisboa], não é quantidade do público que nos interessa mas a qualidade. O facto das pessoas se reverem nesta programação e de esta programação lhes dizer algo. Nesse sentido, claro que os pianos vai ser interessante perceber até que ponto as pessoas interagem, até que ponto percebem ou até que ponto lhes vai passar completamente ao lado. Tudo é válido".

Toda a programação aqui.


por Marina Almeida in Diário de Notícias | 2 de abril de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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