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Évora. Convento de São Bento de Cástris vai cruzar arte, património e espiritualidade
Fundado no séc. XIII, o conjunto monástico feminino, cisterciense, sobreviveu à destruição e ao abandono, foi alvo de vandalismo e andou de mão em mão. A Direção Regional de Cultura do Alentejo aposta, agora, na sua recuperação.
O Convento de São Bento de Cástris, velho mosteiro cisterciense às portas de Évora, vai, lentamente, ganhando vida depois de um percurso de séculos atribulado: sobreviveu à destruição e ao abandono, foi alvo de vandalismo e andou de mão em mão até chegar às da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), apostada na sua recuperação.
"SPHERA Castris", acrónimo de Southland Park for Heritage and Arts, em português, Parque do Sudoeste para o Património e para as Artes, é o projeto que se propõe promover o património cultural e a educação artística na cidade Património da Humanidade.
“Queremos que São Bento de Cástris se torne num pólo dinâmico de projecto entre o património, as artes e a investigação”, diz à Renascença a Directora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.
O complexo SPHERA CASTRIS quer constituir-se, como “um equipamento diferenciador do ponto de vista de oferta cultural e artística no contexto do Alentejo e de Portugal”, com diferentes valências que lhe dão o estatuto de projeto “com forte potencial inovador”, lê-se na sua descrição.
Do ponto de vista da inovação, Ana Paula Amendoeira realça a vocação do mosteiro à qual se pretende regressar, ainda que em moldes diferentes: “Há toda uma dimensão espiritual que pretendemos interligar com as questões do património e da criação artística e do desenvolvimento das artes e das empresas ligadas à cultura e às artes.”
“Estamos a tentar a instalação de uma comunidade de monges”, continua a diretora da DRCAlen, com a finalidade de “dar continuidade àquilo que é a função do mosteiro, embora tenha, depois, outras valências relacionadas com a nossa vida contemporânea”.
Classificado como monumento nacional, o Convento de São Bento de Cástris é um imóvel monacal de referência, tendo contribuído para a classificação de Évora, pela UNESCO, como Património da Humanidade.
A responsável da DRCAlen lembra que o mosteiro “sempre teve uma forte ligação com as pessoas e com a cidade de Évora”, pelo que se pretende recuperar esses laços. "De que forma?", perguntamos. “Olhe, sendo possível que, na igreja do convento, se celebrem casamentos ou batizados, celebrar missa e, em simultâneo, aceder a conteúdos ligados às artes e à cultura”, exemplifica.
Ao lado da DRCAlen estão parceiros, como o Laboratório Hercules ou a Escola de Artes da Universidade de Évora, entre outros centros de investigação em artes, património e ciências mediterrânicas, e outras entidades publicas e privadas.
Desde 2014, já foram investidos aproximadamente 400 mil euros na requalificação de coberturas e telhados, Sala do Capítulo, Casa da Capelania e na criação de hortas.
Uma nova fase do projeto, candidatada e aprovada pelo programa Alentejo 2020, está em curso. São mais 400 mil euros para a recuperação da ala direita do mosteiro e beneficiação da instalação elétrica.
A DRCAlen dá conta de uma outra candidatura, já aprovada, ao programa VALORIZAR, na ordem dos 364 mil euros para a requalificação do património integrado, nomeadamente de pinturas murais, estuques e massas.
“Este processo não tem a rapidez que gostaríamos por dificuldades financeiras que não nos permitem fazer todo o investimento de uma só vez”, mas de forma “faseada e de acordo com as possibilidades que temos”, acrescenta Ana Paula Amendoeira.
O Convento de S. Bento de Cástris, situa-se a cerca de dois quilómetros da cidade de Évora. Trata-se de um conjunto monástico feminino, cisterciense, fundado no séc. XIII. O conjunto é constituído por igreja, convento e cerca com área total de 43 hectares.
>> Mais informações sobre o CONVENTO
por Rosário Silva in Rádio Renascença | 30 de janeiro de 2018
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença