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Manuel Aires Mateus é o vencedor do Prémio Pessoa

O Prémio Pessoa é concedido anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período e na sequência de uma atividade anterior tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do País. 

Manuel Aires Mateus | Reinaldo Rodrigues/ Global Imagens


MANUEL AIRES MATEUS - SENTIR E PENSAR

O prestigiado Prémio Pessoa, consagrou na passada sexta-feira, o arquiteto Manuel Aires Mateus (1963) como vencedor. Após Souto Moura, em 1998 e Carrilho da Graça, em 2008, o júri confirmou mais uma vez a importância e a centralidade da disciplina da arquitetura na construção da nossa cultura.

Manuel Aires Mateus (que, nos projetos de maior dimensão, ainda colabora com o seu irmão Francisco) trabalha através de dualidades – o contexto e a lógica; o sentir e o pensar; o problema e a ideologia; a inspiração e a forma; a essência e a razão; o preto e o branco.

Os irmãos tiveram mestres como Manuel Taínha, e desde cedo, começaram a colaborar no atelier de Gonçalo Byrne - da qual resultaram dois trabalhos determinantes, a Residência de Estudantes de Coimbra (1996-1999) e a Casa em Alenquer (1999-2001).

O processo de projeto de Aires Mateus é sequencial e por vezes reduzido ao elementar. Os seus desenhos a preto e branco buscam a síntese e a clareza, tornam até por vezes ambíguo o entendimento do espaço cheio (feito de massas sólidas) e do espaço vazio (feito de matéria escavada) e trazem a incerteza dos limites.

Para Aires Mateus é necessária uma reflexão sobre o espaço e a sua forma e para tal é determinante o espaço que está dentro, o espaço que está entre, o espaço que está por baixo, a ausência que se torna presença, o vazio que se torna cheio, o transparente que se torna opaco, o interior que passa a exterior e as paredes que se engrossam e que até podem ser vividas por dentro.

A relação do objeto construído com o homem torna-se assim mais intensa e por vezes subvertida – o abrigo que passa a desproteção, o privado que passa a público, o vazio que se prolonga, o espaço que agora não pode ser vivido por dentro mas antes ser contemplado por fora tal como acontece por exemplo nos projetos da Livraria Medina (1999-2002) ou da Casa em Alvalade (1999) ou ainda da Casa em Brejos de Azeitão (2000-2003).

Ana Ruepp


 

Manuel Aires Mateus nasceu em Lisboa em 1963 e licenciou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa em 1986, tendo trabalhado com o arquiteto Gonçalo Byrne de 1983 a 1988.


Foi professor na Graduate Scholl of Desing de Harvard e atualmente leciona na Accademia di Architettura de Mendrisio na Suíça, onde desenvolve uma atividade pedagógica cujos resultados integra nos seus projetos.

Segundo o júri, "a sua arquitetura é moderna, abstrata e contemporânea, mas parte de uma recolha de formas e materiais vernaculares portugueses, que integra de um modo exemplar. A construção de formas e volumes é feita com um caráter inovador, por subtração de matéria, esculpindo vazios, contrariando assim o sentido clássico do projetar. Na obra doméstica e na recuperação de edifício é raro provocar ruturas, mas não cede a mimetismos fáceis, conseguindo estabelecer uma continuidade entre passado e atualidade."

"A obra pública é vasta", lê-se no comunicado do júri. "No estrangeiro, destacam-se o Centro de Criação Contemporânea de Tours e o Museu de Design e Arte Contemporânea em Lausanne. Em Portugal, destaca-se a sede da EDP em Lisboa, onde, com dois fragmentos paralelos, o arquiteto constrói uma praça virada a sul protegida por brise-soleils, com grande efeito plástico. Nestes edifícios, ultrapassa-se o mero cumprimento do programa, construindo-se cidade".

O júri do prémio foi constituído por Francisco Pinto Balsemão (Presidente), Emídio Rui Vilar (Vice-Presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião e Rui Vieira Nery.

Esta é a 31.ª edição do Prémio Pessoa, uma iniciativa anual do jornal Expresso, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e tem uma dotação em dinheiro no valor de 60.000 euros.

Entre os anteriores premiados estão personalidades como o escultor Rui Chafes (2015), o pensador Eduardo Lourenço (2011), a historiadora Irene Flunser Pimentel (2007), o escritor José Cardoso Pires (1997) e a pianista Maria João Pires (1989).


in Diário de Notícias | 15 de dezembro de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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