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Luís Severo lança novo videoclip "Planície (Tudo Igual)"
Depois de Cara d'Anjo, videoclip que ainda gosto muito, decidi desafiar os mesmos realizadores (Luís Henriques e Núria Léon Bernardo), e o mesmo produtor (Rodrigo Nogueira), para fazermos em conjunto outro vídeo.
Começámos a filmar em maio e terminámos já no Outono, fazendo deste um videoclip em 3 estações do ano. A ideia era brincar com a montagem e fazer um videoclip menos aproximado dos outros singles que lancei. Sem grandes ideias narrativas à partida, entrámos pela ideia de fantasia, de sonho e de estéticas artificiais. Montámos as imagens ao gosto de todos, ao longo de vários meses de digestão. Havia 1001 possibilidades e, por acaso, ficou assim.
“Era o início de 2016 e eu andava na estrada a tocar o Cara d’Anjo. Já meio cansado daquelas canções, sabia que queria aproveitar o momento e escrever já outro disco. Desta vez, um disco mais solitário, onde a solidão no processo me proporcionaria uma liberdade que nunca tivera outrora. Quis romper com o método de escrever canções que tinha até então, método que me parecia demasiado saturado em mim próprio. Ao piano e sem pressa, explorei e repeti todas as melodias mais naturais que por mim passavam. Muitas delas estavam aos anos na minha cabeça e ouvidos, à espera de uma canção que lhes desse uma vida. Deixei o meu velho hábito de escrever a letra antes da música, e fui soltando algumas palavras sem sentido enquanto cantava as melodias. Muitas dessas palavras lançadas ao calhas tornaram-se chavões das próprias histórias, posteriormente construídas em seu redor. Talvez seja esse processo que marca a diferença deste disco, que terá maior oralidade e fluidez lírica.
Já sabia que o Diogo Rodrigues iria gravar o disco comigo. Ele era já carta certa nos meus concertos ao vivo e anfitrião de Alvalade, estúdio que também tinha passado a ser meu. Sentia que faltava outra pessoa para nos ajudar, trazendo ideias novas, e rompendo as demasiadas rotinas que a minha dupla com o Diogo já tinha. Lembrei-me do Manuel Palha que me impressionou bastante durante os ensaios da primeira Festa Moderna. O Manuel era completamente diferente de mim no método, conhecimento, procura e gosto. Um músico fora de série com a sensibilidade certa para me corrigir, sem me estragar. Os três fomos fluindo nos arranjos e produção até que, pontualmente, chamámos outros amigos. O Francisco Ferreira acabou por gravar mais teclados do que alguma vez esperámos, contribuindo fortemente para a massa de texturas do disco. O Tomás Wallenstein tocou violinos e apareceu nas alturas certas para desbloquear impasses. A Violeta Azevedo gravou flautas e o Salvador percussões. No fim veio o coro formado pela Teresa Castro, a Bia Diniz e o Manuel Lourenço. Estes três compinchas foram incansáveis e acrescentaram um lado muito orgânico ao disco.
Para o concerto de apresentação no Teatro Ibérico preparei aquele que é talvez o meu formato mais ambicioso: voz e piano. Sem pressas, vou percorrer as canções novas (e até mesmo algumas antigas), acompanhado pela mesma solidão e liberdade que possibilitou este trabalho.”
Luís Severo