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Pré-Óscares: A corrida já tem candidatos adiantados

DunkirkTrês Cartazes à Beira da Estrada e o novo de Guillermo del Toro, The Shape of Waterestão na linha da frente.

Guillermo del Toro com o elenco de 'The Shape of Water', um dos filmes favoritos nesta corrida. O ator Daniel Day-Lewis no filme Linha Fantasma de Paul Thomas Anderson, com estreia em janeiro. Gary Oldman em A Hora Mais Negra de Joe Wright.


Parece anedota de lugar comum: se queres ser nomeado para um Óscar tens de interpretar alguém com uma doença, deficiência física ou uma personagem histórica relevante, a não ser que te chames Daniel Day-Lewis. Este ano, sobretudo na corrida para melhor ator na temporada dos prémios em Hollywood, coincidência ou não, mais uma vez este é o caso, ou repare-se como a imprensa já colocou na pole position as interpretações de Daniel Day-Lewis em Linha Fantasma, de Paul Thomas Anderson, igualmente com muitas hipóteses para chegar a outras categorias; Gary Oldman, o grande favorito como Churchill no convincente A Hora Mais Negra, de Joe Wright; Woody Harrelson, doente terminal em Três Cartazes à Beira da Estrada, de Martin McDonagh (para interpretação secundária); Andrew Garfield, em Vive, de Andy Serkis, onde interpreta um homem com poliomielite e que não sai da cama ou da cadeira de rodas; e, claro, Jake Gyllenhaal, em Stronger - Força de Viver, de David Gordon Green, sobre um dos sobreviventes do atentado da maratona de Boston que ficou sem as pernas numa explosão (o filme acabou de estrear nos nossos cinemas).

Talvez pelo cliché dar nas vistas, Gary Oldman e Daniel Day-Lewis são os naturais frontrunners.

Nas senhoras, podemos também apontar o dedo ao efeito da biografia. Nesse sentido, Margott Robbie em I, Tonya, de Craig Gillespie, está em todas as listas de favoritas na sua versão de Tonya Harding, famosa patinadora de gelo nos anos 1990 nos EUA, tal como a inevitável Sally Hawkins, que faz de muda (fator sempre muito celebrado em Hollywood) em The Shape of Water, de Guillermo del Toro.

Outra atriz a fazer de personalidade real é Jessica Chastain, em Molly" s Game, de Aaron Sorkin, baseado na espantosa história da dama do título, uma empresária que se tornou especializada em organizar um circuito paralelo de jogos de póquer com celebridades.

Quanto às secundárias, o mais prudente é voltar a I, Tonya, onde existe uma imensa Allysson Janey, que faz de mãe de Tonya. A atriz pode já preparar muitos discursos para as categorias de atriz de elenco. Aliás, este ano nas interpretações de suporte há atrizes do outro mundo, como Laurie Metcalf, em Lady Bird, de Greta Gerwig, que vai dar a nomeação a muitos prémios a Saiorse Ronan, na pele de uma adolescente a fazer de mulher (retrato da própria realizadora), mas aí como atriz principal. O problema de Ronan talvez seja o entusiasmo que Frances McDormand está a provocar num dos filmes do ano, Três Cartazes à Beira da Estrada.

A corrida dos prémios está ao rubro e terá começado semi-oficialmente com as nomeações dos Gothan Awards (celebram o cinema mais indie), embora seja prematuro falar em favoritos declarados na categoria de melhor filme. Sente-se que para os Guild Awards, Óscares e Golden Globe, três filmes já estão mais do que nomeados: Dunkirk, de Christopher Nolan; Três Cartazes à Beira da Estrada e The Shape of Water, embora o hype (pois o hype...) de filmes que ainda ninguém viu mas que já estão com lobby bem trabalhado seja notável. São os casos de The Post, de Steven Spielberg, sobre o caso Watergate e Linha Fantasma, o tal drama sobre um costureiro dos anos 1950 com a demência de P.T. Anderson.

O curioso é que os spin-doctors de Hollywood têm conseguido não deixar morrer o impacto de um filme de terror aclamado pelos críticos como é Foge, (favorito nos Gothan Awards), de Jordan Peele, nem a onda de simpatia em torno de The Florida Project, de Sean Baker, que tem um Willem Dafoe que com toda a certeza também vai ser muito nomeado como ator secundário.

Se as mentes desta nova Academia, que este ano recebeu muitos cineastas de uma aula mais independente, forem mais livres, o próprio Blade Runner 2049, de Denis Villeuneve, pode ser um concorrente (oxalá). O que é sintomático destas correntes de pressão é o facto de filmes que chegaram a ter ordem de soltura oscarizável como Suburbicon, de George Clooney, e Pequena Grande Vida, de Alexander Payne, já estarem mortos nesta corrida. A culpa acaba por ser de objetos mais pequenos comoLady Bird, que acabou por ganhar uma grande embalagem na presença em Toronto, e do belo Call Me By Your Name, de Luca Guadagnino.

A história mais curiosa das pressões das relações públicas do estúdios passa por dois filmes indiretamente tocados pela praga dos casos de assédios sexuais: The Meyerowitz Stories, de Noah Baumbach e All The Money in The World, de Ridley Scott. O primeiro tem Dustin Hoffman e o segundo Kevin Spacey - ambos poderiam chegar aos atores secundários. Não vão chegar depois de estarem desgraçados com as acusações.

Importa, sobretudo nesta altura, relativizar todo este circo em relação aos graus de favoritismo dos atores e dos filmes, apesar das nomeações dos melhores do ano para as associações de críticos estarem próximas, quanto mais não seja porque parece haver "fezada" a mais pelos novos de Spielberg (apenas se conhece uma fotograma) e P.T. Anderson (só existe um trailer). No que toca a realizadores, Guillermo del Toro tem capitalizado bem a nível de prestígio o seu Leão de Ouro do Festival de Veneza. Apesar de ser um monster movie, o filme é também uma história de amor e parece haver uma grande campanha da Fox a otimizar todo o consenso da imprensa. Seja como for, esta corrida tem sempre algumas reviravoltas.


por Rui Pedro Tendinha, in Diário de Notícias | 06 de novembro de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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