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Do Gerês ao Algarve, roteiros para o Outono em Portugal
Já sabemos que os portugueses não trocam as suas férias de Verão por nenhuma outra estação, mas o Outono é uma boa altura para explorar o país que vive longe do mar – ou, pelo menos, longe dos banhos de mar.
No entanto, o clima não é a única (boa) razão para o proverbial ir para fora cá dentro. A natureza veste-se de cores fortes, as cidades acordam para uma nova temporada cultural e para a vida dentro de portas, o número de turistas diminui e permite outra fruição dos espaços, os preços de alojamentos baixam e até a menor intensidade solar pode ser benéfica para quem gosta de atividades ao ar livre, sejam elas desportivas ou, por exemplo, passeios culturais.
E, claro, com o Outono terminam-se as colheitas e festeja-se a prodigalidade da terra, com feiras e festivais gastronómicos – as castanhas vão andar na boca de toda a gente (literal e metaforicamente), podendo vir acompanhadas (na Lousã vêm com mel) e têm a sua época alta no São Martinho, os cogumelos vão ser apanhados e/ou cozinhados e, na verdade, os chamados “sabores de outono”, vão tomar de assalto quase todas as regiões do país como montra de produtos endógenos, como o medronho, avelãs e as nozes.
Na verdade, no Outono ainda se terminam colheitas e a participação de todos é estimulada – as vindimas são um dos momentos altos do ano agrícola e para o turismo vínico. Até final de outubro, pelo menos, do norte ao sul do país abrem-se as portas das quintas com programas que permitem aproximarmo-nos desse ritual anual (em modo etnográfico) da apanha das uvas em cenários pintados de vermelhos, laranjas, amarelos e castanhos.
Essas são as cores do Outono que iluminam também Portugal, do Gerês ao Algarve (grandes parques, serras, planícies, retalhos agrícolas, jardins urbanos), vestido de trajes de luzes. A paisagem cheia de cambiantes parece enganar o ciclo da vida e da morte, fazendo esquecer que esta explosão pintada também é o estertor. Parecem ajustar-se bem a esta altura em que os dias minguam rapidamente as escapadas de fim-de-semana, afagadas pelas cores e cheiros outonais. Seja em direção a aldeias cheias de história e tradição para partilhar, seja em direção à natureza mais intocada para, quem sabe, assistir às bramas dos veados, por exemplo, seja em direção às grandes cidades agora mais libertas da pressão de turistas e, portanto, mais pacientes e acolhedoras.
por Andreia Marques Pereira, in Fugas / Público
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público