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"O que é isto?" O Silêncio volta ao Cais do Sodré
De quinta a domingo, há dezenas de propostas nas mais variadas áreas artísticas, todas gratuitas. Maria Gabriela Llansol é a autora homenageada.
O Festival Silêncio, que chama a palavra como unidade de criação, está de regresso, num novo tempo. Chega no final de setembro (amanhã) e prolonga-se por quatro dias, até domingo. Em edições anteriores decorreu em julho e mudou não porque correu mal, mas porque este mês é melhor. Pelo menos são essas as expectativas de Gonçalo Riscado, da direção do festival.
Coube-lhe a penosa tarefa de orientar os leitores do DN entre a fértil programação do Silêncio. "É muita coisa", assume. Por isso, um resumo útil da conversa para quem vai aventurar-se neste mundo ainda sem ideias definidas: consulte o site do festival (festivalsilencio.com) e na agenda está toda a programação por horas. É o melhor GPS por estes dias.
O festival está organizado em ciclos. O ciclo autor é dedicado a Maria Gabriela Llansol, com a curadoria do espaço Llansol, de João Barrento e Maria Etelvina Santos. "Criámos um programa muito diversificado, que vai a muitas áreas artísticas como é apanágio do Festival Silêncio. Vamos ter aqui uma série de atividades à volta desta autora que é um pouco obscura e desconhecida do grande público mas com uma escrita fortíssima, misteriosa, difícil de classificar. O contacto com a escrita dela é uma descoberta. "O que é isto? Isto é novo, nunca li nada assim" que influenciou e continua a influenciar artistas de muitas áreas", refere Gonçalo Riscado. Debates, exposições (destaque para a coletiva Cenas do Fulgor, com obras de Augusto Joaquim, Duarte Belo, Ilda David, Pedro Proença, Rui Chafes e Teresa Huertas), leituras, atividades para os mais novos.
Na música, Os Velhos Também Querem Viver, uma criação para o festival de Pedro Lucas (Medeiros/Lucas) a partir de um texto de Gonçalo M. Tavares que junta Carlão, Carlos Guerreiro e as Gospel Sisters no concerto que abre amanhã o palco da Praça D. Luís (21.00). "É um destaque muito grande do festival". Os cabeças-de- -cartaz do Silêncio são Bruno Pernadas (sábado, às 21.00) e Capicua e Pedro Geraldes, com o projeto Água e Sal (domingo, às 21.00).
O ciclo palavra obedece este ano ao vocábulo voz. "É uma palavra com muitos significados. Aqui dividimos na voz enquanto urgência, na voz enquanto pressão e é sempre associada à palavra que organizamos as conferências do Silêncio." O festival apela ao envolvimento da comunidade. Por isso, se vir palavras à janela não se admire. É uma instalação coletiva. "Convida a que cada pessoa que tenha uma janela coloque lá uma palavra, se falar com os vizinhos pode fazer uma frase."
por Marina Almeida, in Diário de Notícias | 27 de setembro de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Diário de Notícias