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Porto prepara-se para a Feira do Livro sob o signo de Sophia
Falta pouco mais de uma semana para a feira que vai contar com autores internacionais, mas na qual a lusofonia vai ser protagonista.
Haverá espaço para as palavras de Sophia, a autora homenageada este ano, mas também para a obra de Clarice Lispector e José Saramago, entre muitos outros. O programa da Feira do Livro do Porto está fechado e, entre os dias 1 e 17 de Setembro, o município transforma os jardins do Palácio de Cristal num palco para debates, sessões de spoken-word, exposições, música, cinema, oficinais e teatro.
A inspiração de Sophia será logo reconhecida no primeiro dia, com a exposição Quatro Elementos, na Galeria Municipal do Porto que coloca os holofotes num tema transversal à obra da autora: o planeta e todos os seus elementos. Nesse dia de abertura, a exposição vai ter companhia de uma sessão de spoken-word, para comemorar os 35 anos da obra Memorial do Convento. Uma Máquina Voadora Movida por Vontades, uma performance de André e. Teodósio e do Teatro Praga, para ouvir às 22h, na Biblioteca Muncipal Almeida Garrett (BMAG).Estas sessões, programadas por Anabela Mota Ribeiro realizam-se às sextas, com excepção da performance Que mistérios tem Clarice?, focada em Clarice Lispector – autora “cuja repercussão em Portugal actualmente excede talvez a de qualquer outro escritor brasileiro”, nota a organização – guardada para sábado, dia 9.
Parte do cartaz cultural já tinha sido revelado na Feira do Livro de Madrid, onde Rui Moreira tinha anunciado a presença da sul-coreana Han Kang, do nigeriano-americano Teju Cole e do francês Laurent Binet. Os três vão participar no ciclo de debates e discutir temas como o papel da mulher na sociedade conservadora coreana (Han Kang com moderação de José Mário Silva, no dia 3 de Setembro), os caminhos da nova literatura africana (Teju Cole, com moderação de Isabel Lucas, no dia 10) e, por fim, um olhar para a "realidade e ficção, e sobre a linguagem como instrumento de transformação do Homem e do mundo" (Laurent Binet, com moderação de Ana Sousa Dias, no dia 16).
Os debates têm início no primeiro sábado da Feira, dia 3, com A terra o sol o vento o mar. São a minha biografia e são meu rosto, um título emprestado do trabalho da autora portuense. A troca de ideias vai juntar três pessoas próximas da obra da autora de Dia do Mar: Ana Luísa Amaral, Frederico Lourenço, com moderação do filho Miguel Sousa Tavares. A última troca de ideias, O Corpo e o Mal, que vai juntar Gonçalo M. Tavares e Alexandra Lucas Coelho, termina o desfile de escritores portugueses que vão passar pelo Auditório da BMAG. Os debates são sempre ao sábado e domingo. A programação ficou a cargo de José Eduardo Agualusa.
As obras de Clarice Lispector, José Saramago e Sophia de Mello Breyner surgem também em destaque no programa Lições (dia 2, 6 e 9, respectivamente), igualmente da autoria de Anabela Mota Ribeiro. Estas lições de literatura sobre autores lusófonos vão alternar entre quartas-feiras e sábados, com excepção da dissertação guardada para o último domingo (17) e último dia da Feira, sobre a obra Húmus, do autor portuense Raul Brandão. Para além dos autores já referidos, as sessões vão-se debruçar também sobre Carlos Drummond de Andrade e David Mourão-Ferreira.
No fim, cinema
Sempre ao fim da tarde (19h) ou à noite (21h30), as sessões de cinema vão encerrar várias vezes os dias de Feira do Livro do Porto. Aliás, o último suspiro desta edição vai ser mesmo no Auditório da BMAG – local de exibição de todos os filmes – com Um Caso de Vida ou de Morte, película de 1946 de Michael Powell e Emeric Pressburger. Como na literatura, o cinema também se vai falar em português. Exemplo disso é o documentário Terra e o Homem, que vai trazer imagens de Famalicão ao Porto, numa obra desaparecida, mas que foi localizada em Braga em 2016.
A Biblioteca vai também acolher teatro e sessões especiais como a celebração dos 150 anos de nascimento de António Nobre no sábado, dia 9 de Setembro. No dia 15, pelas 19H dá-se a apresentação da colecção Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa, são 30 volumes para dar a conhecer “as obras primeiras, fundadoras da cultura de um país”.
Para acompanhar as leituras, há muito jazz para ouvir nos Jardins do Palácio. Os fins-de-semana estão recheados de eventos, mas as cinco sessões de jazz – todos aos fins-de-semana ao fim da tarde – são o grande destaque para se descontrair depois de percorrer todos os 130 pavilhões da Avenida das Tílias.
Para os mais novos a organização também tem planos – maioritariamente aos fins-de-semana. O objectivo é colocar crianças e jovens em contacto com Sophia de Mello Breyner, seja através de livros ou de jogos, como o jogo da glória gigante a partir da vida e obra da autora (dia 5, 11 e 13 pelas 16h). Estão também disponíveis mais de dez oficinas, que podem também ser frequentadas pelos pais.
por Pedro Castro Esteves, in Público | 23 de agosto de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público