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"Turbulências" mostra obras inéditas da coleção la Caixa

Lisboa recebe 40 obras que refletem uma forma de pensamento sobre a sociedade através da produção contemporânea

Obra do artista albanês Adrian Paci reflete sobre o abandono dos imigrantes à sua sorte [Adrian Paci] Tubulento, 1998, projeção de vídeo de canal duplo [Shirin Neshat]

Em dois ecrãs paralelos, a partir da música e poesia antigas da Pérsia, uma instalação da artista visual iraniana Shirin Neshat propõe uma reflexão sobre a complexidade dos papéis de género e do poder e opressão cultural dentro da estrutura de uma sociedade. Turbulent, o título que a artista deu a esta peça, serve de mote à exposição Turbulências que a partir de 8 de setembro vai ocupar a galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa.

Integrada na programação de Lisboa, Capital Ibero-Americana de Cultura 2017, a mostra, primeira de produção própria da Fundação Bancária la Caixa em Portugal, reúne 40 obras que pretendem "proporcionar uma visão da criação contemporânea como forma de pensamento sobre a sociedade", escreve Nimfa Bisbe Molin, diretora da Coleção "la Caixa" de Arte Contemporânea, no catálogo.

As peças, "aquisições recentes" e "boa parte nunca antes apresentadas ao público", sublinha a também curadora da exposição, são sobretudo de artistas latino-americanos que dão forma à narrativa da crítica social predominante na coleção de arte contemporânea da Fundação la Caixa, iniciada nos anos 80, atualmente composta por quase mil obras realizadas por cerca de 400 artistas.

"Se são agora expostas, é porque a temática da exposição e a programação que a acolhe as tornam especialmente indicadas. Além disso, os seus autores são artistas extremamente atuais e comprometidos que têm participado, nos últimos anos, em importantes exposições internacionais", refere Nimfa Bisbe Molin.

Realidades e contradições sociais de países como a Argentina, o Brasil, Cuba, México ou Venezuela vão aqui estar em foco, por exemplo, através do olhar crítico do artista mexicano Carlos Amorales (n. 1970) perante a ameaça de um mundo corrompido patente na sua projeção de vídeo Useless Wonder (2006), ou pela exposição da fragilidade da vida nas ruas das grandes cidades trazida pela instalação La Hermandad (1984) do venezuelano José António Hernández-Díez (n. 1964). Por seu lado, o cubano Carlos Garaicoa (n. 1967) questiona e enfatiza a importância dos ícones e personalidades nas operações populistas do poder, enquanto o brasileiro Paulo Nazareth (n. 1977) evidencia o desgaste dos ideais nacionalistas e o materialismo levado ao extremo através da instalação Bandeiras Rotas (2014).

Para além de obras dos artistas latino-americanos, a exposição apresenta peças oriundas de realidades geopolíticas diferentes, mas nem por isso menos conturbadas, expostas a conflitos sociais, lugares onde as desigualdades sociais e os movimentos de violência, xenofobia e racismo fazem parte do quotidiano. É o caso do artista albanês Adrian Paci (n. 1969), que com Centro di permanenza temporanea, de 2017 (na foto), relembra o abandono dos imigrantes à sua sorte.

Da coleção da Fundação la Caixa será também apresentada a peça Vitrina Mural (Goya), de 2008, do artista suíço Thomas Hirschhorn (n. 1957) que recicla imagens de arte imortalizadas pela História, enquanto o tailandês Apichatpong Weerasethakul (n. 1970) reintroduz novas ficções para povos cuja história foi suprimida pela violência. De Espanha são apresentados os olhares de Asier Mendizabal (n. 1973) , da dupla Bleda y Rosa (María Bleda, n. 1969 e José María Rosa, n. 1970) e do basco Juan Ugalde (n. 1958).

“Turbulências”
Galeria Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, Lisboa
de 8 de setembro a 3 de dezembro [terça a domingo: 10h00 – 13h00 e 14h00 – 18h00]
Bilhetes: 2 euro (adultos), 1euro (menores de 25 anos), grátis até aos 5 anos

 


por Marina Marques, in Diário de Notícias | 18 de agosto de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

 

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