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Paredes de Coura. A brincadeira de amigos venceu o “fatalismo geográfico”

Festival celebra 25 anos com um cartaz que vai de Kate Tempest a At the Drive-In.

 

É agora presidente da Câmara de Paredes de Coura, mas em 1993 era baixista dos Boucabaca. Vítor Pereira subiu ao palco da primeira edição do festival que ajudou a fundar. “Mais parecia um arraial minhoto”, recorda.

Entre duas a três mil pessoas estiveram presentes na praia do Tabuão nessa edição inaugural do Festival Paredes de Coura. Muitas “chegaram a levar cadeirinhas”, conta o autarca, que ainda dedilha no baixo a canção dos Joy Division que tocou naquele primeiro festival.

Hoje, os números de Paredes de Coura são muito diferentes. Em 2016, o festival juntou perto de 100 mil pessoas e o mesmo número é esperado na edição deste ano, que arranca esta quarta-feira e termina no sábado.

Na “noite de 1993” em que decidiu fazer um festival de música, o grupo de amigos queria apenas, por brincadeira, montar “alguma coisa para a juventude” da terra, conta João Carvalho, da Ritmos, a empresa organizadora.

Para João Carvalho, falar de festival na primeira edição é mesmo “um exagero”. Recorda o “amadorismo” e as peripécias das primeiras edições. “As bandas eram contratadas no café da esquina com aquela máquina dos períodos sempre a cair. Era um a contratar e outro a dizer que já tinha gastado muitos períodos”, lembra.

Apesar das dificuldades, a persistência ganhou, sobretudo quando “o festival esteve para acabar”, como nos anos de 2000 e 2004. Depois dos prejuízos de 2004, no ano seguinte, em vez da contenção, a organização apostou num “supercartaz”. “Foi uma loucura completa”, reconhece João Carvalho. “Era o vai ou racha.”

E foi. Hoje, o festival ultrapassou fronteiras. Conseguiu contrariar o “fatalismo geográfico” e é motivo de “orgulho e autoestima”, afirma o presidente da Câmara de Paredes de Coura. Diz que a juventude e os idosos sentem vaidade “quando falam do festival”.

A somar a isto, há também o “evidente retorno económico” para a vila, acrescenta o autarca. “Há comerciantes que nos dias do festival fazem 60% do negócio anual.”

At the Drive-In, Kate Tempest, Foals, Beach House, Benjamin Clementine, Car Seat Headrest, Nick Murphy (Chet Faker), Young Fathers, Andy Shauf, Mão Morta e Ty Segall são alguns dos nomes do cartaz desta edição do festival.

 


por Isabel Pacheco, in Rádio Renascença | 16 de agosto de 2017
Notícia no âmbito da parceria CNC | RR

 

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