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Parques de Sintra inicia processo para restauro do órgão histórico do Palácio Nacional de Queluz
A Parques de Sintra vai iniciar o projeto de conservação e restauro do órgão histórico da Real Capela do Palácio Nacional de Queluz, considerado um dos expoentes da organaria nacional.
Após uma série de intervenções de revalorização do monumento, que envolveram a recuperação das coberturas e fachadas e o regresso à cor original do edifício, o azul, a empresa pretende agora reabilitar um conjunto de elementos marcantes do Palácio, como é o caso do órgão da Capela.
Decorado com talha executada pelo mestre entalhador da Casa do Infantado, António Ângelo, o instrumento, que se julga ter sido construído para o Palácio da Bemposta, terá vindo para Queluz em 1778. Nos anos de 1803/1804 terá sido amplamente reformado por António Xavier Machado e Cerveira.
Vicissitudes várias ao longo dos anos, incluindo necessidades de espaço e restauro, acabaram por obrigar à desmontagem do órgão. Um trabalho de inventariação sumária e pré-montagem parcial, realizado em 2014, permitiu compreender melhor o instrumento e confirmar que grande parte das peças que o compõem não só não se perderam, como em alguns casos se encontram em bom estado de conservação. Neste trabalho inicial, a pré-montagem foi feita à vista dos visitantes numa estrutura provisória, na própria Capela do Palácio.
Sabe-se, assim, que o órgão possuiu quatro someiros (espécie de caixa onde se encaixam os tubos do órgão), dos quais restam atualmente apenas três. Estima-se que este possua um total de 2428 tubos, 1471 no órgão principal (secção mais sonora do instrumento) e 957 no órgão positivo (secção com registos mais agudos).
Tendo em conta o resultado da investigação, pretende-se que a intervenção venha ainda a restituir a posição inicial que o órgão teria na capela, isto é, ao centro do coro alto. Esta hipótese é suportada, desde logo, pelas vantagens acústicas que apresenta, permitindo uma melhor projeção do som e mais espaço.
Antes da intervenção de conservação e restauro deverá ser feito um exaustivo trabalho de inventariação e registo das existências do órgão, que providenciará informação fulcral na definição dos procedimentos a desenvolver.
Quer este trabalho de levantamento e análise dos elementos produzidos na fase de estudo, quer as decisões tomadas em relação às ações de restauro e à escolha dos organeiros que o executarão, bem como a própria intervenção, serão acompanhados pela Comissão Consultiva para o restauro do órgão, presidida pelo Professor Rui Vieira Nery. Integram ainda esta Comissão os musicólogos e organistas, João Vaz, Gerard Doderer, Marco Brescia e Rui Paiva.
A Parques de Sintra lançou já um Concurso Limitado por Prévia Qualificação para a execução do projeto de conservação e restauro do órgão, cujas propostas deverão ser apresentadas até dia 8 de setembro.
A escolha deste procedimento concursal prende-se com a especificidade da intervenção deste instrumento, garantindo que os candidatos qualificados se enquadram nos pressupostos definidos para assegurar a qualidade final do trabalho de restauro deste importante órgão histórico.
Sobre a Parques de Sintra - Monte da Lua
A Parques de Sintra - Monte da Lua, S.A. (PSML) é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, criada em 2000, no seguimento da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património da Humanidade. Não recorre ao Orçamento do Estado, pelo que a recuperação e manutenção do património que gere são asseguradas pelas receitas de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos.
Em 2016, as áreas sob gestão da PSML (Parque e Palácio Nacional da Pena, Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz, Chalet da Condessa d’Edla, Castelo dos Mouros, Palácio e Jardins de Monserrate, Convento dos Capuchos e Escola Portuguesa de Arte Equestre) receberam 2.625.011 visitas, cerca de 83% das quais por parte de estrangeiros. Recebeu, em 2013, 2014, 2015 e 2016, o World Travel Award para Melhor Empresa em Conservação.
São acionistas da PSML a Direção Geral do Tesouro e Finanças (que representa o Estado), o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Sintra.