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Fazer acontecer Viseu através das artes nos Jardins Efémeros
Sessões de música no interior da catedral e do claustro com concertos de Sarah Davachi e da dupla Murcof & Vanessa Wagner entre outros, além de exposições, sessões de cinema ao ar livre, mercados informais, performances de teatro ou oficinas.
Nos últimos anos, por esta altura, o centro histórico de Viseu enche-se de gente, entre habitantes locais, forasteiros e artistas, e este ano não vai ser diferente, com a realização da 7.ª edição dos Jardins Efémeros, que começam esta sexta-feira, indo até ao fim-de-semana de 16 de julho.
Evento multidisciplinar, com criações artísticas na área da música, da arquitetura, das artes visuais, da dança, do teatro ou do cinema, os Jardins vão voltar a utilizar espaços icónicos como a catedral de Viseu, a Igreja da Misericórdia, museus, capelas, jardins, praças ou edifícios públicos e privados, quase sempre devolutos ou degradados, permitindo que habitantes e visitantes se envolvam com a cidade de forma diferente.
Dos muitos momentos únicos programados, especial realce para as sessões de música no interior da catedral de Viseu e do claustro, que acolhem este fim-de-semana a compositora canadiana de eletrónica e eletroacústica Sarah Davachi e a dupla Murcof & Vanessa Wagner, naquele que promete ser um dos grandes momentos do acontecimento.
O mexicano Murcof é uma das figuras mais influentes das eletrónicas abstratas e dos ambientalismos, enquanto a francesa Vanessa Wagner é uma conhecida pianista de música clássica. Juntos tocarão o excelente álbum para piano e eletrónicas Statea, que lançaram no ano passado.
Também em estreia em Portugal apresentar-se-á o distinto projeto do dinamarquês Loke Rhabek, mais conhecido por Croatian Amor, conectando panoramas ambientais com um sofisticado toque humano, como é audível no álbum do ano passado Love Means Taking Action.
No adro da misericórdia, haverá oportunidade de se ouvir o duo inglês Strange U, navegando pelas águas do hip-hop mais exploratório, ou o português Bruno Pernadas e a sua banda, enquanto o museu nacional Grão Vasco receberá Die Von Brau, um dos projetos de Sérgio Faria, que fará uma apresentação única em harmonia com o filme The Way Things Go, de Peter Fischli & David Weiss, integrado no ciclo de cinema.
Depois dos concertos haverá sessões DJ e, este fim-de-semana, para essa função foram convocados Afonso Macedo e Pedro Tudela e o inglês Richard Fearless, fundador dos Death In Vegas. Durante a próxima semana, na praça D. Duarte, haverá apresentações do Peter Gabriel Duo (Gabriel Ferrandini e Pedro Sousa) e de George Marvinson dos Savanna.
No segundo fim-de-semana (14 e 15 de julho) salienta-se a presença de um dos compositores mais fascinantes do nosso tempo, o americano William Basinski, que irá apresentar a sua mais recente obra, A Shadow In Time, constituída por duas longas peças, uma delas dedicada a Bowie. Outros espetáculos singulares têm o cunho do austríaco Fennesz, que se apresentará na companhia do dinamarquês Arve Henriksens (trompete, vozes, eletrónica), ou dos históricos portugueses Pop Dell Arte, na companhia de Tiago Pereira e do Grupo Percussão de Valhelhas. O saxofone jazzístico do americano Evan Parker, ou a exploração da voz pela performer e compositora norueguesa Stine Janvin são outros dos destaques.
Para sessões de música de dança haverá de contar com o minimalismo do alemão Superpitcher e com a errância afro-portuguesa de DJ Firmeza, enquanto a reflexão, em torno da música, estará a cargo da revista britânica The Wire, que promoverá uma série de palestras e discussões.
Mais do que apenas música
Mas existe mais do que apenas música em Viseu por estes dias. Os artistas Gabriela Albergaria e Pedro Tudela, na sonorização, e os arquitetos Nuno Vasconcelos e Nuno Durão, criaram uma imponente peça que questiona a ideia de jardim e transformará a praça D. Duarte numa galeria a céu aberto, e Albergaria terá uma exposição própria com peças de desenho, instalação ou escultura, na maioria, nunca mostradas em Portugal.
O envolvimento da comunidade é outra das facetas dos Jardins que, este ano, promoveu o projeto participativo Vestido a Rigor de Pedro Rebelo e do coletivo de Barcelona BeAnotherLab, com a comunidade cigana do bairro social de Paradinha de Viseu, cujo resultado final, na forma de experiência imersiva, estará patente até agosto no Museu Grão Vasco.
Instalações e intervenções em lojas vazias, ou dar nova vida a uma das artérias de comércio tradicional da cidade, a rua direita, são outras iniciativas que têm como protagonistas o atelier Centropontoarte ou do CEU (Capa Eclética Urbana), enquanto o projeto Casa do Sonho (na Escola Profissional Mariana Seixas) promove um conjunto de atividades para estimular as capacidades criativas. O que não faltará também são as sessões de cinema ao ar livre, mercados informais, performances de teatro ou oficinas com mais de 3000 vagas preparadas para todas as pessoas, de todas as idades, porque o grande objetivo é fazer acontecer a cidade de Viseu através de um festival cultural multidisciplinar.
por Vítor Belanciano in Jornal Público | 7 de julho de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público