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Música, biodiversidade e património. Terras sem Sombra é tudo isto

O 13.º Terras Sem Sombra – Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo terminou com balanço positivo e vai premiar o maestro Alberto Zetta, o Campo Arqueológico de Mértola e uma fundação alemã.

Maestro Alberto Zedda, vai ser homenageado em Sines. Foto: DR

 

Música, património e biodiversidade são os vértices de um triângulo que voltou a projetar o Alentejo além-fronteiras na 13ª edição do festival Terras Sem Sombra.

“Creio que é uma edição que atingiu plenamente os seus objetivos e que ajudou, sobretudo, a internacionalizar o Alentejo e Portugal como destino de arte e até nesta especificidade muito concreta que é a da música sacra que encontra entre nós um espaço muito privilegiado de expressão”, revela à Renascença o diretor geral do festival, José António Falcão.

Com o tema "Do Espiritual na Arte – Identidades e Práticas Musicais na Europa dos Séculos XVI-XX", o evento arrancou em fevereiro com um programa composto por visitas a património de centros históricos.

Novidade nesta edição, concertos em igrejas e ações associadas à biodiversidade do Alentejo nas manhãs dos dias a seguir aos espetáculos.

O Terras Sem Sombra deste ano teve Espanha como país convidado e ofereceu "um intenso e concorrido ciclo de música, património e biodiversidade" em sete concelhos do Alentejo, apresentando "solistas e agrupamentos de referência internacional".

À Renascença, José António Falcão diz que “os números, provisórios apontam para crescimento na ordem dos 12%” a avaliar pelos dados já recolhidos, revelando “claramente uma mudança de patamar.”

Segundo o responsável, “o Terras sem Sombra continua a despertar grande interesse junto comunidades locais e foi para elas que surgiu este festival.”

Mas verdade é que ao território alentejano chegaram espectadores, não só de outras regiões como também de outros países.

“Este ano tivemos como país convidado a Espanha, mas vieram pessoas de França, Inglaterra, Itália, Alemanha e curiosamente de outros continentes, pois temos tido visitantes do Japão, Canadá e Estados Unidos”, divulga.


“Isto mostra que o Terras sem Sombra está a conquistar um lugar ao sol no que toca a este universo tão seleto dos festivais de música erudita ou música clássica, com esta especialidade que é o de sermos um festival de música sacra”, acrescenta o investigador.

De entrada gratuita, o projeto Terras sem Sombra, fundado em 2003, é da responsabilidade da “Pedra Angular” – Associação dos Amigos do Património da Diocese de Beja.

Festival com prémio internacional

No próximo dia 1 de julho, Sines recebe a cerimónia de entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra.

O júri distinguiu, este ano, o maestro italiano Alberto Zedda, a título póstumo (Música); o Campo Arqueológico de Mértola (Património); e a Fundação Stiftung Schloss Dyck, de Jüchen, na Alemanha (Biodiversidade).

Alberto Zedda, falecido no início deste ano, com 89 anos, destacou-se “como diretor de orquestra e musicólogo, pela interpretação do repertório italiano do século XIX, em particular de Rossini.” Esteve no ativo até aos seus últimos dias de vida e por isso ganhou o título de “mais velho maestro do mundo”.

Dirigiu no Festival Terras sem Sombra, em 2016, na igreja matriz de Santiago do Cacém, uma versão da Petite Messe Solennelle, de Rossini.

O maestro abraçou, como causa, a defesa do antigo convento de Nossa Senhora do Loreto, nas imediações desta cidade do litoral alentejana, “um monumento franciscano do século XV, propriedade do Estado, cujas ruínas vêm sendo utilizadas como estábulo, pondo em causa a sobrevivência de um sítio de grande interesse patrimonial e paisagístico”, explica a organização do festival.

Na área da Defesa do Património Cultural, é distinguido o Campo Arqueológico de Mértola (CAM), que é apontado como um "exemplo", pelo trabalho desenvolvido "entre ciência, cultura e desenvolvimento".

Foi constituído em 1978 e tem por objetivo “fomentar o levantamento, estudo e investigação dos bens arqueológicos, etnográficos e artísticos da região de Mértola, no Baixo Alentejo, visando a sua conservação e salvaguarda”.

O Prémio Internacional Terras Sem Sombra na área da Biodiversidade será entregue à Fundação Schloss Dyck, em Juchen, "instituição de referência para a biodiversidade nos jardins históricos".

No próximo sábado à tarde, a cerimónia de entrega dos prémios promove justamente uma homenagem ao maestro italiano, onde atua a sua neta, a pianista Valentina Kaufman Zedda, e o Coro Juvenil de Lisboa.

Valentina Kaufman Zedda, de 16 anos, iniciou os estudos de piano em Nova Iorque e prosseguiu-os em Itália, na Accademia Pianistica Internazionale, de Imola, e no Conservatorio di Musica Giuseppe Verdi, de Milão.

O Coro Juvenil de Lisboa é residente no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, com o qual tem colaborado desde a sua formação, em 2011, pelo maestro Nuno Margarido Lopes, e tem atuado com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Sinfónica Portuguesa, e com solistas como a soprano Elisabete Matos, o barítono Juan Pons e o tenor Aquiles Machado.

O Prémio Internacional Terras Sem Sombra é entregue no dia 1 de julho, no auditório da Administração do Porto de Sines, numa cerimónia que vai contar com o presidente do Forum Soria 21, Amalio de Marichalar.


por Rosário Silva in Rádio Renascença | 29 de junho de 2017

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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