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27 Espetáculos a lutar contra a crise no Festival de Almada

De 4 a 18 de julho realiza-se a 34ª edição do Festival de Teatro de Almada, com 27 espetáculos, dos quais 13 são portugueses e 5 são estreias.

Luís Vicente e restante elenco num ensaio de "História do Cerco de Lisboa", de Saramago | Direitos reservados

 

Antes de a programação do 34º Festival de Almada ser conhecida já tinham sido vendidas mais de metade das assinaturas, ou seja, os bilhetes que custam 75 euros e dão acessos a todos os espetáculos. "Isto é fantástico. Significa que as pessoas confiam na nossa programação e querem vir ver aquilo que nos apresentamos, mesmo sem saber ainda o que vai ser. O esteio deste festival é o seu público, sempre foi assim", afirmou, satisfeito, o diretor do festival de teatro, Rodrigo Francisco.

No entanto, quando se sentou mais uma vez na Casa da Cerca, em Almada, para apresentar a programação do festival que irá decorrer de 4 a 18 de julho, Rodrigo Francisco não tinha só motivos para sorrir. Ao contrário do que é costume, desta vez, antes de falar dos espetáculos quis falar do dinheiro: o festival tem este ano um orçamento de 820 mil euros, dos quais 257 mil vêm da Câmara Municipal de Almada, 363 mil euros são fruto de parcerias e receitas próprias do festival, e 200 mil euros são retirados apoio do Ministério da Cultura/ DG Artes à estrutura organizadora, a Companhia de Teatro de Almada (CTA, que recebe 400 mil euros no total, para o festival e para as suas criações).

"Há uma contradição: os responsáveis políticos veem este festival como um evento nacional mas depois não é financiado como tal", queixou-se Rodrigo Francisco que fez as contas e percebeu que o apoio estatal dado à companhia em 2017 é equivalente ao que era atribuído em 1997, "Estamos a funcionar com um orçamento de Troika quando a Troika já se foi embora, sobretudo, não sabemos qual é a intenção deste Governo. O Governo mudou há quase dois anos mas as políticas mantiveram-se e não sabemos qual é a política cultural para o futuro."

As limitações no orçamento e a dificuldade em planear o futuro refletem-se, obviamente, na programação do próximo festival, admite o diretor. Ainda que Rodrigo Francisco garanta a qualidade de todas as produções que escolheu, é claro que existe uma maior proporção de produções nacionais: 13 em 27 (no ano passado foram sete em 29); e também há uma opção por espetáculos de formato "mais intimista". "Há um traço nesta programação que começou a ser definido no ano passado quando o público votou no espetáculo Hedda Gabler para ser o espetáculo de honra desta edição", explicou o programador. "É um teatro quase desprovido de meio técnicos, aquilo que o caracteriza é aquilo que, a meu ver, é o âmago do teatro: os atores." Rodrigo Francisco decidiu "ir ao encontro desse desejo do público" e acabou por programar 11 espetáculos desse formato "íntimo", baseado em "bons textos e bons atores".

No que toca às produções nacionais, parte delas integram o ciclo "Novíssimos" que em anos anteriores mostrou o que os criadores mais jovens andam a fazer na Argentina, Espanha e Itália. "Existe uma vontade destes jovens de trabalharem apesar da falta de apoios, e isso fez-me lembrar o modo como começaram grandes companhias como a Cornucópia ou a Companhia de Almada. Nós damos-lhes um palco e oportunidade para se apresentarem ao lado de grandes companhias estrangeiras", explicou. Entre as cinco novas criações nacionais, destaque para a nova produção da CTA (História do Cerco de Lisboa) e para Karl Valentin Kabarett, do Teatro do Elétrico e encenação de Ricardo Neves-Neves (10 de julho).

O cenógrafo António Lagarto é o homenageado deste ano e terá uma exposição de cenários e figurinos na Escola D. António Costa; e a norueguesa Juni Dahr, coautora da dramaturgia do espetáculo Hedda Gabler, dará uma série de lições no ciclo "O sentido dos Mestres". Aldina Duarte, Waldemar Bastos, Irmãos Catita, Bruno Pernadas e Samuel Úria são alguns dos artistas que vão dar "Música na Esplanada". Agora que a programação já é conhecida, é provável que as assinaturas esgotem rapidamente, assim como os restantes bilhetes: o festival espera ter, como usualmente, cerca de 20 mil espectadores nestas duas semanas.

Veja a programação do festival no site da Companhia de Teatro de Almada.

Destaques:

Apre - Melodrama Burlesco é o espetáculo de abertura do festival, a 4 de julho. Produção da Compagnie Le Fils du Grand Réseau, de França, com encenação de Pierre Guillois, ganhou, com o seu humor negro, o Prémio Molière para Melhor Comédia.

A Companhia de Teatro de Almada juntou-se à ACTA - Companhia de Teatro do Algarve, Companhia de Teatro de Braga e Teatro dos Aloés para fazer a História do Cerco de Lisboa, de José Saramago. A encenar está o espanhol Ignacio García. Estreia no festival (5 e 6 de julho) e segue depois em digressão.

A companhia belga Peeping Tom traz a Almada (11 de julho) o espetáculo Mãe, com encenação de Gabriela Carrizo, que cruza teatro, dança e cinema. A figura da mãe está também na origem de Vangelo, o espetáculo de Pippo Delbono (15 e 16 de julho).

Golem parte do mito de um homem que cria um ser de barro para trabalhar para si. Suzanne Andrade (texto e encenação) e a companhia inglesa 1927 imaginam o que aconteceria a alguém que tivesse um "golem" e se debatesse com o "vazio" de uma vida sem trabalhar (12 e 13 de julho).


por Maria João Caetano, in Diário de Notícias | 26 de junho de 2017

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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