On the Silver Globe é a adaptação livre dos dois primeiros volumes de “The Lunar Trilogy" (“On the Silver Globe” e "The Victor") do escritor modernista Jerzy Zulawski, tio-avô do cineasta. Aparentemente um filme de ficção científica, tem uma abordagem filosófica ambiciosa sobre a imutável natureza humana que impossibilita a conquista da verdadeira liberdade e a superação das suas próprias limitações. Trata-se de uma obra-prima visionária, semelhante a um puzzle psicadélico, repleto de referências à religião, história e cultura.

Quatro astronautas estabelecem-se num planeta alienígena na tentativa de criar o seu próprio paraíso, livre de fraquezas e vícios da civilização moderna. Este conceito ambicioso é rapidamente deformado pelos seus descendentes degenerados que, inadvertidamente, repetem os erros praticados pela raça humana: estabelecem uma sociedade hierárquica, reverenciam falsos deuses, procuram a expansão e o conflito com os mais evoluídos Szerns. Quando um estranho chega ao planeta, primeiro é encarado como um salvador, acabando por ser traído e morto, provando que o mal e o vício não provêm da circunstância ou do meio, mas da própria natureza humana.

A obra destaca-se pela inovadora forma visual que agora pode ser totalmente apreciada. Os planos com a câmara à mão são especialmente cativantes, podendo a primeira parte, em que o espectador assiste a acontecimentos a partir da perspectiva da câmara, classificar o filme como um precursor da técnica "found footage", actualmente bastante popular.

Em 1977, o trabalho nesta produção de grande orçamento foi interrompido pelo Ministro da Arte e da Cultura. A maioria dos cenários e do guarda roupa foi destruída, sendo Anrdzej Zulawski forçado a abandonar a Polónia. Depois de quase uma década, regressou para completar a obra inacabada. O realizador usou filmagens documentais de várias zonas da Polónia e usou a sua voz para preencher as partes que faltavam no enredo.

Para mais informações, consulte o site do colectivo White Noise ou a página do evento no Facebook.

Produção: IndieLisboa, White Noise
Apoio: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema